O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Distrito Especial de Saúde Indígena (DSEI) do Alto Solimões, realizou durante três dias, no município de Benjamim Constant (AM), no Alto Solimões, a Oficina de Medicina Tradicional Indígena como parte do Projeto ECHO COVID, de Fortalecimento da Resposta ao covid-19 na Região Amazônica do Brasil. O projeto é financiado pelo Europian Civil Protection and Humanitarian Aid Operatios (ECHO). A oficina aconteceu dias 21, 22 e 23/09, na Aldeia Filadélfia, situada na área rural do município, e contou como o apoio do Conselho Geral das Tribos Ticuna (CGTT), com um total de 70 participantes, entre rezadores, pajés, benzedores, parteiras e raizeiros.
De acordo com o pesquisador da Fiocruz Amazônia, Julio César Schweickardt, chefe do Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), as oficinas têm como objetivo compartilhar os conhecimentos e saberes tradicionais destes especialistas indígenas com a finalidade de construir redes de saberes tradicionais. Já aconteceram oficinas no Maranhão e no Alto Rio Negro.
“Esse encontro apresentou técnicas de tratamento da flora e fauna usadas na medicina indígena e manifestou o reconhecimento da sabedoria e das práticas baseadas em crenças e experiências de diferentes culturas utilizadas para saúde indígena e não indígena”, explica Antônio Carlos Cabral, especialista em Saúde e HIV do UNICEF Brasil.
Em Benjamim Constant, a oficina contou com pajés, tuxauas, lideranças indígenas e Kumuãs, e ocorreu na Escola Missão Evangélica Cuagu, na comunidade Santo Antonio -Filadélfia. Além de Júlio Schweickardt, participaram Anacleto Barreto (Centro de Medicina Indígena), Durvalino Fernandes (Centro de Medicina Indígena), João Paulo Barreto (Diretor/Coordenador do Centro de Medicina Indígena), e as consultoras do UNICEF e especialistas indígenas Maria Auxiliadora Silva e Suzy Silva.
A parceria Fiocruz Amazônia/UNICEF visa a elaboração de um diagnóstico do impacto da pandemia de Covid-19 em comunidades indígenas da Amazônia Legal. O projeto possui quatro fases: a primeira voltada para a construção de um sistema de vigilância epidemiológica de base comunitária; a segunda, destinada a realizar uma formação em nutrição e segurança alimentar; a terceira prevê a criação de planos de intervenção para apoio à questão da saúde mental, e a quarta voltada para a área da medicina tradicional visando o fortalecimento de redes nos quatro estados de atuação do projeto.
A pesquisa conta com a colaboração dos pesquisadores em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia Júlio Schweickardt, Kátia Lima, Fabiane Vinente, Michele Rocha El Kadri e Alessandra Pereira. A equipe vem participando de encontros com organizações indígenas de diversas regiões dos estados envolvidos, se reunindo com lideranças e trabalhadores da saúde indígena dos territórios para coleta de dados e formulação de propostas coletivas.
Já ocorreram oficinas na região do Alto Solimões, no Amazonas, no município de Pacaraima, em Roraima, na região do Tapajós, no Pará, e no Estado do Maranhão (DSEI-MA).