Fiocruz Amazônia apresenta áreas de atuação em pesquisa aos embaixadores da Associação das Nações do Sudeste Asiático

O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/ Fiocruz Amazônia) recebeu nesta quarta-feira, 17/07, a visita de sete dos dez embaixadores de países do Sudeste Asiático, que integram a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

A finalidade da visita foi conhecer a instituição com vistas à prospecção de futura cooperação com a Fiocruz, mais especificamente no tema de doenças tropicais, além de intercâmbios de pesquisadores, tendo em vista as similaridades existentes entre o Brasil e esses países.

A comitiva, formada por embaixadores da Tailândia, Filipinas, Malásia, Timor Leste, Myanmar, Indonésia e Vietnã, junto com representante da Embaixada do Camboja, contou com a participação do gerente de Coordenação-Geral de Cooperação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Antonio Junqueira, e a coordenadora responsável no Itamaraty pelas relações entre o Brasil e a ASEAN, Patrícia Camargo.

O grupo foi recebido pela diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, acompanhada pelos pesquisadores da instituição. A ASEAN é uma associação criada em 1967 e representa também o Brunei, Laos e Timor Leste (em processo de ingresso).

A vinda da comitiva ao Amazonas teve como objetivo explorar o potencial de cooperação em áreas prioritárias, como defesa e agricultura, iniciando as discussões no que tange à Saúde Pública. Stefanie Lopes apresentou a estrutura da Fiocruz Amazônia, no tocante à pesquisa e ao ensino, bem como suas capacidades instaladas e atuação na região amazônica.

Os visitantes tiveram oportunidade de conhecer a estrutura laboratorial do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados da unidade, responsável pelo sequenciamento genômico de patógenos, e tomar conhecimento de iniciativas de pesquisa, como a das Estações Disseminadoras de Larvicida (EDLs), do Núcleo de Patógenos, Reservatórios e Vetores na Amazônia (PReV Amazônia), e a validação do novo medicamento para a malária vívax, a Tafenoquina, administrada em dose única, estudo coordenado pelo Laboratório Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB).

“Muito importante essa solicitação de visita da Asean para que os países conheçam o que a Fiocruz Amazônia faz em termos de saúde pública e para que a Associação possa refletir acerca das interfaces da Saúde Pública entre os países, os tipos de cooperações que podem ser estabelecidas em acordos bilaterais”, ressaltou Stefanie Lopes, observando que a similaridade existente entre os países do Sudeste Asiático e o Brasil é tanta que se torna injustificável não se haver uma atuação conjunta maior capaz de mitigar o impacto na saúde da população dos países.

Além das doenças, como malária e dengue, os países da ASEAN e a região amazônica possuem peculiaridades climáticas e de distribuição de população. “A presença dos embaixadores mostra uma aproximação e, também, um desvio de olhar para o tema da saúde que é tão caro para nós da Fiocruz”, afirmou a diretora.

O médico infectologista Marcus Lacerda, especialista da Fiocruz Amazônia e chefe do Laboratório IPCCB, destacou a semelhança epidemiológica existente entre os países do Sudeste Asiático e o Brasil, no que se refere à malária e dengue. Ele destacou que os países do Sudeste Asiático são grandes geradores de conhecimento acerca da dengue.

“Convivemos com a dengue na América Latina há menos tempo do que os países do Sudeste Asiático. A doença, porém, se tornou um grave problema de saúde para o Brasil, que teve a maior epidemia de dengue este ano, impactando o sistema de saúde brasileiro”, observou.

Lacerda lembrou que, no caso da malária, tanto no Sudeste Asiático quanto na América Latina, a doença do tipo vivax é predominante, porém negligenciada, o que tem aproximado estudos multicêntricos para o desenvolvimento de novas drogas entre a América Latina e o Sudeste Asiático. “Entretanto, estes são normalmente estudos coordenados por instituições de países do Hemisfério Norte ou Austrália”, afirmou o especialista, destacando a importância de uma aproximação mais direta entre as nações do Sudeste Asiático e o Brasil para novas colaborações.

POLÍTICA EXTERNA

Para a assessora do Centro de Relações Internacionais em Saúde (CRIS), da Fiocruz, Lúcia Marques, presente à visita, a vinda da comitiva à Fiocruz Amazônia teve uma importância fundamental no processo de construção de novas cooperações entre os países do Sudeste Asiático e o Brasil, tendo a Fiocruz como referencial.

“A ASEAN é um bloco político de crescente importância no cenário internacional e essa reunião de hoje é reflexo de uma mudança da política externa brasileira que está voltando seu interesse para os países da ASEAN desde o ano passado”, afirmou Lúcia, ressaltando o papel da Fiocruz nas pesquisas para desenvolvimento de fármacos e vacinas, e em especial da Fiocruz Amazônia nos estudos das arboviroses e malária. “Em breve, teremos os próximos passos”, adiantou.

O pesquisador da Fiocruz Amazônia, Sérgio Luz, coordenador do Nucleo PReV Amazônia, considera que a visita se revestiu de grande importância pela capacidade e potencialidade, principalmente, de colaborações internacionais com países que se encontram numa faixa climática tropical e subtropical similar à do Brasil e com perfis epidemiológicos análogos.

“Os problemas decorrentes dessas doenças são quase que semelhantes e as soluções também vão caminhar para esse mesmo lado. Para nós, a aproximação com os países do Sudeste Asiático é uma esperança, pois são as últimas fronteiras das colaborações que existem.

O Brasil tem grandes acordos com os Brics, mas não tem nenhuma afinidade com os perfis epidemiológicos desses países, isso traz também, uma aproximação muito importante nesse contexto de saúde global”, afirmou o pesquisador. Brics é o nome dado ao grupo de países formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, voltados para a cooperação econômica e o desenvolvimento em conjunto.

Fonte/Fotos: Divulgação / Fiocruz Amazônia