Especialista dá dicas sobre estabilidade emocional a profissionais da Educação

Estipular horários e criar rotina são alguns dos conselhos

 

Ter a rotina modificada bruscamente por conta de uma pandemia pode afetar a estabilidade emocional das pessoas. Preocupada com a saúde dos profissionais de Educação da rede pública, que há algumas semanas tiveram de se adaptar ao regime especial de aulas não presenciais, a psicóloga Adriana Magalhães, especialista em terapia comportamental, listou algumas dicas e cuidados voltados aos professores, gestores, coordenadores e servidores em geral que passam pelo período de isolamento social.

 

A psicóloga explica que a dificuldade está na ausência de interação social, tão comum aos humanos. Desde crianças, temos responsabilidades e atividades que nos tiram de casa e nos levam a conviver em sociedade. A partir daí, criam-se laços e gestos afetuosos, como abraços, beijos e apertos de mão, que fazem parte do cotidiano.

 

“No momento em que a gente precisa se isolar, por conta de uma pandemia, para se resguardar e resguardar a saúde daqueles com quem convivemos, o contato fica restrito e é substituído pelo virtual. Ter o direito de ir e vir restrito mexe muito com as pessoas, e aí vem o desconforto emocional”, frisa a especialista.

 

1. Como minimizar os efeitos?

“Evitando situações que causem a ansiedade e a tristeza. Isso vem, principalmente, dos noticiários, que mostram o que está acontecendo de ruim, a que nível estamos chegando. São sempre coisas ruins, e as pessoas não precisam estar correndo atrás dessas informações, a menos que sejam jornalistas e precisem estar informados para repassar essas informações. É importante estipular um horário para ler, assistir ao noticiário, buscar fontes oficiais e sites confiáveis, não se deixar levar pelas fake news ou por mensagens de grupos de Whatsapp. O fato de estarmos reclusos e termos uma questão de saúde muito grave pode gerar medo e, depois, até mesmo uma fobia de sair de casa, porque posso ir um lugar contaminado e me contaminar pelo novo coronavírus. Isso é sério, porque precisamos ter discernimento e sabedoria para não tomar atitudes que depois vão nos prejudicar”.

 

2. Como se organizar para trabalhar de casa?

“A Organização Mundial Saúde (OMS) diz que, se houver mal-estar, coriza ou outros sintomas, é preciso se isolar. Se não há problemas clínicos, não precisa se isolar da família. Em home office, é preciso estabelecer uma rotina, não trabalhar de 7h às 19h, responder mensagens a qualquer hora, é preciso por um freio. Nós estamos em casa, mas não estamos em função da empresa, temos que dar conta da casa e da família também. Criar um ambiente adequado para trabalhar, ficar confortável e seguir os horários estipulados. Os professores que estão auxiliando em grupos de Whatsapp, por exemplo, têm que deixar claro até que horas as dúvidas serão respondidas e cumprir o acordado”.

 

3. Como se relacionar com a família e os amigos neste período?

“Com aqueles que estão em casa, a gente estabelece o momento de assistir a um filme juntos, debater sobre algum assunto durante as refeições, jogar jogos de tabuleiro e fazer atividades coletivas. Com quem está distante, não há outro jeito senão o virtual. Quem mora sozinho pode procurar práticas de atividades, meditar e fazer exercícios guiados por canais do Youtube, por exemplo”.

 

4. O que se pode fazer em casa para evitar esses picos de estresse, angústia e ansiedade?

• Reduzir o número de consultas a sites e noticiários

• Procurar informação em sites oficiais e do Ministério da Saúde

• Estabelecer o horário para se informar

• Alimentar-se bem

• Dormir bem

• Fazer atividades relaxantes e prazerosas

• Cozinhar

• Fazer atividades manuais

• Meditar com o auxílio de canais nas redes sociais

• Procurar o lado bom das coisas

• Procurar ser realista e não negativo

• Ter empatia e ajudar quem precisa, como um vizinho idoso ou com mobilidade reduzida

• Buscar conforto nas crenças

• Usar um caderno, diário, agenda ou bloco de anotações para anotar as preocupações e como pode resolvê-las

• Anotar também o que aconteceu de bom, o que conseguiu fazer de novo.