A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) afirmou que os insumos e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) não estão em falta, mas tem orientado os gestores das unidades de saúde da rede estadual a fazerem o uso racional e adequado dos produtos, para evitar desabastecimento.
As orientações expressas em Nota Técnica da secretaria enviada às unidades leva em consideração o aumento expressivo do uso dos materiais após a pandemia de Covid-19 e a dificuldade de aquisição dos produtos no mercado. Um levantamento da secretaria mostra que o consumo médio semanal hoje na rede é o equivalente ao consumo mensal antes da Covid.
Um mês atrás a Organização Mundial de Saúde (OMS) vem alertando para a escassez no mercado e o aumento em até 100 vezes do consumo em relação à demanda normal. Segundo a organização, os preços subiram até 20 vezes mais.
Ao mesmo tempo em que racionaliza o uso dos materiais, a secretaria tem buscado soluções seja na compra de material ou por meio de doações de parceiros.
De acordo com a Central de Medicamentos do Amazonas (Cema), as máscaras cirúrgicas, que estão entre os materiais mais usados porque servem não apenas aos profissionais como também aos usuários atendidos nas unidades e seus acompanhantes, estão com estoque para uma semana. O governo tem um contrato fechado com um fornecedor local de aquisição de quatro milhões de unidades, com entregas semanais, até duas vezes por semana, conforme produção.
O Governo do Amazonas também preparou para os hospitais uma campanha interna, com instruções sobre o uso de EPIs orientando sobre qual material deve ser usado pelo profissional, durante o atendimento de pacientes suspeitos ou confirmados, conforme cada ambiente hospitalar.
Parcerias – Mesmo com o estoque abastecido, o Governo do Amazonas, ciente do aumento da demanda por uso de EPIs, tem buscado parcerias para aumentar o estoque dos itens.
Sete mil kits de EPIs foram produzidos e entregues pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A força-tarefa para manter o estoque de EPIs abastecido também conta com o apoio do Ministério da Saúde que enviou ao Amazonas mais de 25 mil itens entre máscaras, luvas e óculos de proteção para os profissionais da saúde.
Está prevista a entrega de mais materiais pelo MS para ajudar no combate ao novo coronavírus. Chegou ao Brasil, nesta quinta (09/04), uma carga de 16,6 toneladas de EPIs adquiridos pelo MS, que serão distribuídos para os estados.
Solidariedade – De acordo com a secretária da Susam, a solidariedade da iniciativa privada e da sociedade organizada também merece destaque na força-tarefa. Desde que as medidas de contenção da doença foram adotadas pelo Governo do Estado, diversos produtos foram doados, sendo que a Casa das Correias doou um lote com duas mil unidades de máscaras de proteção N19; A Coca-Cola disponibilizou 1.824 frascos de álcool 70% líquido. Outras 200 unidades de álcool em gel de 5 litros foram doadas pela empresa Magama, de produtos químicos e farmacêuticos e o Grupo Atem doou 1.200 frascos de 500 ml de álcool em gel.
As empresas Videolar-Innova SA e Recofarma Indústria da Amazônia Ltda. doaram 6.500 tampas para embalagens de álcool em gel e 41 mil litros de álcool 70% em estado líquido, respectivamente. A SR, que fabrica produtos hospitalares, disponibilizou 29 mil toucas de proteção. Além disso, o Centro Universitário do Norte (Uninorte) entregou mil frascos de 250 ml de álcool em gel.
A rede de supermercados DB doou 500 máscaras de proteção e 500 cestas básicas. A Magistral realizou a doação de cinco mil garrafas do tipo PET de 250 ml. A Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) em parceria com entidades do setor industrial doou 20 máquinas de costura para auxiliar na produção de máscaras de proteção. As empresas Bemol e TV Lar fizeram doações de colchões e itens de cama e banho, respectivamente.
Instruções de uso de EPI – A Nota Técnica preparada pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), com base nas normas da Anvisa, especifica orientações para atendimento de pacientes com e sem sintomas respiratórios, pacientes suspeitos ou com confirmação de Covid-19. As recomendações abrangem todos os ambientes hospitalares, da recepção ao leito de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e está disponível nos sites da FVS e da Susam, além de ter sido entregue para toda a rede.
O primeiro passo a ser seguido na recepção, conforme a Nota Técnica, é oferta de máscara cirúrgica a pacientes que têm sintomas respiratórios. O documento também indica que as pessoas com sinais de gripe ou resfriado devem ser isoladas em uma sala ou mantidas a um metro de distância dos demais pacientes. Os profissionais que atuam na recepção devem seguir as orientações de prevenção da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da sua unidade.
Os profissionais de saúde em contato direto com os pacientes que apresentam sinais respiratórios, de casos suspeitos de Covid-19, devem utilizar o kit de EPI com máscara cirúrgica, proteção ocular e luvas. Os demais profissionais, que não têm contato direto, devem se manter a uma distância de um metro dos pacientes suspeitos, sem necessidade de uso de EPI.
Nos consultórios, os profissionais que realizarem exame físico, nos pacientes com sintomas gripais, deverão utilizar a máscara cirúrgica, proteção ocular, luvas e avental. Já nos laboratórios, apenas o profissional que estiver manipulando material biológico respiratório deverá utilizar a máscara N95, luvas, avental, touca e proteção ocular.
Enfermarias e UTI – Nos leitos, os profissionais quem mantêm contato direto com o paciente de Covid-19 devem utilizar o kit de EPI composto por máscara cirúrgica, luvas, avental impermeável, touca e proteção ocular.
Já durante a realização de procedimentos geradores de aerossol em paciente de Covid-19, como a intubação em leito de UTI, os EPIs recomendados são a máscara N95, as luvas, avental e a proteção ocular.
No caso dos profissionais da higienização, que realizam a limpeza do quarto do paciente com o novo coronavírus, o kit de EPI é diferenciado. Além da máscara cirúrgica, luvas específicas e proteção ocular, a Nota Técnica prevê a utilização de botas.
As visitas aos pacientes com Covid-19 serão restritas, apenas quando a entrada for extremamente necessária. Nesses casos, os processos de colocação e remoção dos EPIs serão supervisionados por um profissional de saúde treinado. O visitante terá de fazer uso da máscara cirúrgica, do avental e das luvas.
A Nota Técnica ainda orienta sobre a sequência de colocação dos EPIs, seguindo a ordem de avental, máscara, óculos e luvas por último. Já a retirada dos itens acontece, primeiro pelas luvas, óculos, avental e máscaras que devem ser descartadas corretamente.