EM FAVOR DOS DEFICIENTES

* Gaitano Antonaccio

Algumas Organizações não governamentais, possuidoras de siglas de impacto na credibilidade universal, pelo trabalho humanístico que realizam em benefício da humanidade, como a Organização Mundial do Turismo (OMT), a Organização das Nações Unidas (ONU),a Fundação Rotária, o Lions Club, ou a famosa Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco), além de muitas outras, hoje responsáveis por inúmeras conquistas dos seres humanos, principalmente daqueles que, malgrado o avanço científico, intelectual e tecnológico, ainda vivem sob a égide dos preconceitos de todos os matizes, por serem deficientes físicos e mentais, precisam dar mais atenção aos mesmos.

Um fato incontestável na história atual da humanidade é que, a cada dia, o ser humano, seja saudável ou portador de alguma deficiência física ou mental, vem provando a sua utilidade social, seu valor e dignidade, mesmo muitas vezes contra teorias, conceitos e axiomas da Ciência. No exercício de quaisquer atividades, nas artes, na cultura, no esporte, o homem tem superado sempre a sua própria capacidade de realizações, seja pelo esforço físico e mental, seja pela tecnologia avançada.

A natureza das coisas, o novo comportamento da inteligência, vem ultrapassando os limites da capacidade humana e a todo instante assistimos o homem quebrar seu próprio recorde e vencer inimigos taxados de invencíveis. Nas disputas, os pequenos vencem os gigantes, os fracos fazem os fortes sucumbirem e para mostrar seu poder supremo Deus continua vencendo a todos sem exceção.

A deficiência física ou mental, apesar de limitar ora o corpo, ora a mente, muitas vezes se excede por meio dos superdotados, que iluminam essas mesmas mentes e esses mesmos corpos, muita dedicação e esforço. Contradizem de forma inexplicável ou explicável, que a máxima de que corpo são exige mente sã, não mais prevalece nos dias que correm. E o ser humano puder operar no exercício de alguma atividade, desde que lhe ofereçam condições favoráveis, podendo inclusive usufruir em contrapartida, do bem-estar social, do lazer, do prazer e da felicidade que não exigem nada para atingir o ser humano, além do esforço, persistência e dedicação.

As cidades do mundo inteiro estão despertando para tais fatos, e uma infinidade delas, já está dotada de condições favoráveis para a convivência dos deficientes, para agasalhar a todos, com humanismo e atenção. No Brasil, são muitas as capitais que adotam condições especiais para o convívio desses seres humanos. Sem dúvida a maioria das capitais vêm se transformando sob vários aspectos, sendo muita hoje, mais embelezadas, mais humanas e conquistando todos os sintomas de progresso. Entretanto, tem-se pensado em demasia no trânsito, no ajardinamento, na iluminação, nos bancos das praças, mas as calçadas, a periferia que excede a pista asfáltica de cada avenida, de cada rua, é um labirinto perigoso, um caminho para equilibristas de circo, e a maioria sem correta sinalização. Há que se pensar com urgência em humanizar as calçadas de todas as cidades do mundo. Elas precisam ser projetadas com mais inteligência.

Caminhar nas ruas para visitar praças ou logradouros de lazer é uma temeridade para quaisquer pessoas, imagine-se as senhoras de sapato alto nas ruas de várias cidades famosas, que jamais conseguem perambular sem correr riscos de todas as espécies. Nos caminhos das lojas, as nossas madames são proibidas de se trajarem com elegância porque além dos problemas das calçadas incertas, depredadas, feias e perigosas, o ar quente dos condicionadores de ar, expelido pelas lojas, para as ruas, acionado pelos milhares de aparelhos instalados incorretamente, completam o drama.

Os deficientes físicos ou mentais, mesmo quando acompanhados por alguém da família, um amigo ou guia, estão sem opção de visitar lojas, de fazer turismo, ou de ter um mínimo conforto nas ruas e avenidas. Raríssimos ambientes, pouquíssimos locais, sejam nos centros, em quaisquer bairros, praça ou rua, nem sempre possuem passagem para cadeiras de rodas, rampas para pessoas com dificuldade de locomoção, segurança para atravessar ruas e sentirem-se seres humanos. Como ser feliz e sentir o humanismo de uma cidade assim? O fato estende-se aos cinemas, teatros, shoppings centers, lojas, casas de shows, bares e restaurantes, auditórios, consultórios médicos, seções eleitorais, numa prova incontestável de descaso, preconceito ou falta de solidariedade contra quem o destino, infelizmente, já puniu de certa forma.

As prefeituras das grandes capitais, considerando a grande massa de deficientes úteis à sociedade, que vivem laborando em alguma atividade, poderia pensar em criar uma Secretaria especial para deficientes físicos, iniciativa que começaria a ter o apoio e a solidariedade do povo.

O Brasil com sua enorme dimensão territorial, com um litoral belíssimo cercado das mais belas praias do mundo, precisa urgentemente, em criar uma política de modernização de suas avenidas, ruas e calçadas, permitindo maior conforto para quem vem visitar suas belezas. O fato seria favorável para o turismo, pois quem visita cidades essencialmente humanas, terá a certeza de que um pais assim possui um povo hospitaleiro. E aqui no Brasil, graças à sua bela natureza retratada em todos os estados, temos tudo para nos tornarmos conhecidos assim.

*Conselheiro da Fundação Panamazônia, membro da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas – da Academia de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas, da Academia Brasileira de ciências Contábeis, da Academia de Letras do Brasil, da Academia de Letras e Culturas da Amazônia – ALCAMA; correspondente da Academia de Letras do Rio de Janeiro, idem do Instituto Geográfico e Histórico do Espírito Santo e outras.