Inaugurada no dia 26 de março de 1990, a Vila Olímpica de Manaus completa nesta quinta-feira (26/03) 30 anos de existência. Ao longo das últimas três décadas, várias histórias de sucesso no esporte brasileiro foram construídas no espaço, que contribuiu para a formação de atletas de sucesso nacional e internacional. O complexo, que se tornou um símbolo do desporto do estado, é administrado pela Fundação Amazonas de Alto Rendimento (Faar), que continua realizando um trabalho de captação e desenvolvimento de atletas desde a base.
Em 1990, a inauguração da Vila Olímpica contou com o 1º Meeting Internacional de Atletismo de Manaus, que recebeu 143 atletas de 21 países, vários deles recordistas e campeões mundiais e olímpicos. Entre os espectadores desse dia, com apenas 13 anos, estava o amazonense Sandro Ricardo Rodrigues Viana, que meses depois conseguiu uma vaga para treinar na escolinha da Vila, tornando-se anos depois uma das maiores referências do esporte amazonense, chegando à conquista do bronze olímpico no revezamento 4x100m, nos Jogos de Pequim, em 2008.
Foi na Vila Olímpica que ele teve a oportunidade de praticar, além do atletismo, basquete, futsal e natação. Além do bronze na Olimpíada de Pequim, ele conquistou também o ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro (2007) e de Guadalajara (2011), na prova de revezamento 4x100m. Hoje, após uma carreira vitoriosa, Sandro Viana destaca o papel fundamental que a estrutura proporcionada pela Vila Olímpica teve na sua trajetória.
“A Vila é uma escola que ensina não só no esporte, mas na vida, e foi assim que eu a enxerguei. E temos algo em comum, fazemos aniversário no mesmo dia, o que nos torna obstinados em fazer história juntos. Sou muito grato a tudo o que aprendi neste espaço, que é meu segundo lar”, ressaltou o atleta.
Outra atleta descoberta na Vila Olímpica foi a mesatenista Amanda Marques. Entre os inúmeros títulos estaduais, nacionais e internacionais, o primeiro contado de Amanda com o esporte começou ainda na escola. Em 2003, ela viu um anúncio sobre as inscrições das Escolinhas de Iniciação Esportiva da Vila e decidiu se matricular. Um ano após praticar tênis de mesa no espaço, garantiu o título brasileiro mirim e começou a investir ainda mais no esporte.
Em 2006, ela conquistou três medalhas de ouro nas Olimpíadas Escolares e ganhou visibilidade. Em seguida, saiu de Manaus para se especializar na modalidade e fez parte da Seleção Brasileira em diversas categorias. O tricampeonato brasileiro individual foi uma das conquistas da atleta, que foi ainda campeã ibero-americana por equipes em 2014 e vice-campeã sul-americana por equipes em 2015.
Apoio – Atleta desde os 5 anos de idade, a amazonense Bianca Maia sempre foi apaixonada por ginástica rítmica e decidiu seguir os passos da mãe, que também era praticante da modalidade. Bianca, que treinou como atleta do alto rendimento por meio do Centro de Treinamento de Alto Rendimento (Ctara), falou da importância que esse apoio teve em sua formação como desportista.
“A Vila foi importante na minha formação porque fiz parte do Ctara e tivemos muito apoio, isso foi fundamental. Eu tinha espaço para treinar, alimentação e acesso a passagens aéreas para competir em uma época crucial, que foi quando eu estava em ascensão. Todo esse suporte me permitiu crescer cada vez mais”, ressaltou a atleta, que aos 17 anos passou a integrar a Seleção Brasileira da modalidade.
Bianca conquistou três ouros nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara (2011), foi tricampeã sul-americana de ginástica rítmica (2011 a 2013) e conquistou um bronze inédito na Copa do Mundo de Minsk, na Rússia (2013). A atleta seguiu com a ginástica até os 21 anos, quando começou a trabalhar como treinadora da modalidade que a consagrou no esporte.
Paratletas – A estrutura da Vila Olímpica de Manaus também tem sido fundamental, ao longo dos anos, para o paradesporto. Um dos mais promissores na atualidade é o atleta de parapowerlifting, Lucas Manoel dos Santos, de 17 anos. Treinando na Vila há cinco anos, ele já conquistou na sua breve jornada o bronze nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru (2019), o bicampeonato Mundial Júnior no México (2017) e no Cazaquistão (2019), além do bicampeonato Brasileiro Júnior em São Paulo (2017 e 2018). A partir deste ano, ele e a equipe começaram a treinar em um espaço próprio na Arena Amadeu Teixeira, concedido pelo Governo do Amazonas, por meio da Faar.
Outro paratleta que alcançou importantes conquistas graças ao apoio recebido foi o lançador de dardo paralímpico na classe F12 (Baixa Visão), Brendow Christian. Ele deu início à prática do atletismo no fim de 2012 e, com pouco tempo de preparação, conquistou o título brasileiro escolar nas provas de lançamento de dardo e arremesso de peso, além do ouro regional Norte/Nordeste, em 2014, no qual conquistou o índice para uma das mais importantes competições da modalidade, o Circuito Brasil Loterias Caixa, em que foi vice-campeão adulto na classe F12.
Brendow foi atleta do Ctara por três anos e teve todos os seus treinamentos na Vila Olímpica de Manaus. “Treinar no espaço foi de grande aprendizado por conta dos profissionais que fizeram parte da minha caminhada e por todos os ensinamentos e amizades feitas durante essa trajetória. Essa oportunidade me permitiu conquistar um espaço para representar o Sesi, em São Paulo”.
Estrutura – Referência na iniciação esportiva e no alto rendimento, a Vila Olímpica tem uma área total de 202.775 metros quadrados, com quadras para as práticas de esportes coletivos e individuais; um centro de ginástica; um ginásio para a prática de tênis de mesa; uma sala para o treinamento de boxe; uma pista de atletismo, com arquibancada para um público de 1.500 pessoas; um kartódromo e um parque aquático, que está sendo reformado após receber uma piscina olímpica, herdada dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Além dos espaços para as práticas esportivas, o complexo conta ainda com três prédios administrativos, onde funcionam a sede da Faar e do Ctara, academia de musculação e alojamentos, utilizados pelos atletas, que recebem também acompanhamento de uma equipe multiprofissional.
O diretor-presidente da Faar, Caio André de Oliveira, falou sobre o trabalho que a atual administração vem desenvolvendo no local. “A Vila é o complexo desportivo mais completo do estado, e o trabalho que vem sendo desenvolvido nesta gestão é voltado para melhorar cada vez mais o espaço e a qualidade dos treinamentos oferecidos. Tenho certeza que daqui serão formados mais atletas de referência para o estado”, destacou.
FOTOS: Mauro Neto/Faar e Acervo Pessoal