Prefeito diz que ministro age por desconhecimento sobre a Zona Franca de Manaus

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, declarou nesta sexta-feira, 6/9, no encerramento do 1º Fórum de Cidades Amazônicas, que respeita o conhecimento econômico do ministro Paulo Guedes e que acredita que ele não tenha agido por má-fé ao declarar que a Zona Franca de Manaus é um modelo “antieconômico e tudo mal feito”.

O ministro da Economia comentou sobre a Zona Franca de Manaus em palestra para empresários e políticos em Fortaleza (CE), na última quinta-feira, 5/9. “Ele [ministro Paulo Guedes] erra em relação à Amazônia, porque simplesmente não conhece a fundo a região na qual eu milito publicamente há 40 anos”, afirmou o prefeito de Manaus. As declarações de Paulo Guedes foram dadas no Dia da Amazônia, momento em que, em Manaus, Virgílio reunia prefeitos e representantes dos municípios que compõem a Amazônia Legal Brasileira, no 1° Fórum de Cidade Amazônicas.

“Sei da formação sólida do ministro e da sua capacidade de interpretar os fatos que geram a vida econômica brasileira. Agora, em relação à Amazônia e à Zona Franca de Manaus, ele se equivoca. Porque ele simplesmente não conhece de perto o que se faz. Ele se louva em teorias superadas, antigas, de tempos que  passaram, que tentavam fazer passar por maquiagem um esforço que era de verdadeira industrialização”, ressaltou o prefeito Arthur Neto, citando como exemplo a empresa Moto Honda, lembrando que a fábrica tem cerca de 90% de agregação de valor nacional e local.

“Repito o meu respeito pelo Guedes, mas o ministro precisa olhar com sensibilidade o que aconteceu no Brasil bem recentemente. O governo brasileiro foi obrigado a retroceder em várias coisas. Foi sábio, por parte do presidente Bolsonaro, de ter retrocedido, porque persistir no erro não é o mais justo, o mais correto”, ponderou.

Para Arthur, não se pode imaginar que a Amazônia não desperte interesse do mundo, porque ela é o contraponto ao aquecimento global. “E não dá para governar o Brasil plenamente sem se perceber que a região mais estratégica, mais futurosa, mais valiosa, que pode render mais frutos sociais e econômicos, não só para os amazônidas, mas para todos os brasileiros, é precisamente a Amazônia. E dentro da Amazônia temos o Amazonas, que é o maior Estado de todos. E dentro do Amazonas, aquele instrumento que é criticado pelo ministro, é responsável pela manutenção dos 96% da floresta original em pé, que é o Polo Industrial da Zona Franca de Manaus”, defendeu.

O prefeito de Manaus disse, ainda, que aceita discutir novas matrizes econômicas para a região, mas que seja por parte das iniciativas dos amazônidas. “Nós conhecemos o que nós precisamos, que é o reforço aos nossos centros de pesquisa, a compreensão de que nossa floresta está em pé aqui e não no Sul do Pará. Por quê tanta devastação no Pará?  Opção errada, opção equivocada, condenada pelo mundo que foi feita à revelia dos bons paraenses. Nós mantivemos a floresta em pé e isso é um grande serviço à humanidade e não dá para negar, para desligar o Polo Industrial de Manaus dessa conquista”, afirmou.

E reafirmando o respeito intelectual e pessoal ao ministro da Economia Paulo Guedes, Arthur Neto disse que “é preciso cair a ficha do Brasil. O Brasil tem que entender que a indústria automobilística é altamente incentivada e altamente poluente desde o presidente Juscelino Kubitschek. O Polo de Manaus é incentivado e não é poluente, pelo contrário, ele impede a poluição, ele não tem chaminés, ele impede o desmatamento. Sem ele, haveria um avanço sobre a floresta”, alertou.