Dia da vacinação: baixa imunização aumenta riscos para retorno de doenças preveníveis

Em queda há quatro anos consecutivos no país, a cobertura vacinal dos brasileiros saiu de 77,13%, em 2018, para 60,61% em 2021, segundo o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). A baixa adesão aos imunizantes tem servido de alerta para impulsionar campanhas voltadas ao tema, como é o caso do Dia Nacional da Vacinação, celebrado em 17 de outubro. A preocupação é que a falta de cuidado da população com a prevenção contribua para o retorno de doenças já erradicadas no país.

“É uma situação séria, que merece toda nossa atenção”, afirma o infectologista e consultor médico do Grupo Sabin, Marcelo Cordeiro. Segundo ele, a principal hipótese para a queda na vacinação está ligada à falta de compreensão de parte da população a respeito dos benefícios das vacinas para a proteção da saúde.

“No caso de algumas enfermidades, o fato de a população, e até profissionais de saúde, nunca terem visto as doenças em razão da raridade ocasionada pela adesão às vacinas no passado – como é o caso do sarampo e poliomielite -, faz com que parte da população não se lembre do quão grave é um cenário de pessoas não imunizadas e não valorize a importância das vacinas”, comenta o especialista.

Em sua Biblioteca Virtual, o Ministério da Saúde (MS) conta que os imunizantes surgiram há mais de 200 anos, quando cientistas descobriram que o corpo humano poderia gerar anticorpos (proteção) para determinadas doenças ao ser exposto aos patógenos (causador), como vírus, bactérias e fungos em estados inofensivos. Com essa revolução da ciência, por exemplo, foi possível criar a vacina contra a poliomielite (paralisia infantil) em 1955, o que permitiu iniciar o processo de erradicação da doença. No Brasil, o último caso registrado é datado de 1989, segundo o MS.

Apesar do avanço no combate à poliomielite, médicos e cientistas estão hoje preocupados com o aparecimento de novos casos, devido ao baixo quadro vacinal dos últimos anos. Segundo o SI-PNI, até 1º de outubro, a cobertura vacinal para a pólio estava em 49,74% em todo o país. No Amazonas, era um pouco maior, 51,62%, mas ainda muito abaixo do ideal (95%).

Disponibilidade

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a aplicação de 19 vacinas para o combate a cerca de 20 doenças em todo o país. Já em farmácias e clínicas da rede privada, como é o caso do Sabin, além dos imunizantes disponíveis na rede pública, a população também pode encontrar vacinas contra doenças não cobertas pelo SUS, como dengue, febre tifoide e gripe tetravalente. O infectologista Marcelo Cordeiro destaca os benefícios.

“A disponibilidade dessas vacinas na rede privada é importante porque amplia a cobertura para alguns grupos de vírus e bactérias não cobertas pelo SUS, além de parte da população poder se vacinar em situações específicas, como antes de viagens, por exemplo, caso a pessoa vá para um lugar que necessite de imunização para uma doença que não tem vacina na rede pública. De modo geral, são inquestionáveis os benefícios das vacinas. Por isso, é importante a maior disponibilidade”, afirma o infectologista.

Dados

Segundo dados do SI-PNI até 1º de outubro, a cobertura vacinal total do Brasil (considerando as vacinas disponíveis no SUS) é de 44,59%, em 2022. Apesar de o ano ainda não ter encerrado, o percentual segue uma tendência de queda, observada também em anos anteriores: 2021 (60,06%), 2020 (67,33%), 2019 (73,44%) e 2018 (77,13%).

Cenário similar é encontrado no Amazonas. Ainda segundo o SI-PNI, a cobertura vacinal total dos amazonenses está em 48,92%, em 2022. No ano passado, esse percentual foi de 60,61%, o que demonstra queda em relação à 2020 (65,23%) e 2019 (79,80%). Em todos os casos, a taxa ideal de cobertura vacinal (95%) não foi atingida.

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