Destituído da vice-presidência da Câmara, Ramos diz que falará ao Brasil nesta terça-feira

O PL do presidente Jair Bolsonaro tanto fez que conseguiu destituir o deputado federal Marcelo Ramos (PSD) da vice-presidência da Câmara dos Deputados. A perda do cargo se deu após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes revogar decisão liminar que havia dado a favor de Ramos em abril. Marcelo Ramos se manifestou nas redes sociais e prometeu falar ao País na tribuna da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (24).

‘SUGESTÃO’ DE COLEGAS

Ainda nas redes sociais, Ramos declarou que colegas sugeriram que ele parasse com as críticas ao presidente, em uma forma de chantagem. “Alguns achavam que me chantageavam ao sugerir meu silêncio nas críticas ao presidente e na defesa do Amazonas para que não me retirassem da vice-presidência da Câmara”, postou o deputado, classificando o gesto de seus colegas como “ilegal, arbitrário e antidemocrático”.

‘VICE-PRESIDÊNCIA NÃO VALE OMISSÃO’

O deputado também afirmou que o cargo de vice-presidente da Câmara não vale sua omissão em relação aos ataques do governo federal à Zona Franca de Manaus (ZFM) “que atingem os empregos dos amazonenses, as escolas dos amazonenses, os hospitais dos amazonenses, a Universidade do Estado do Amazonas e os recursos destinados ao interior do Amazonas”.

RÉGUA PRÓPRIA

Marcelo Ramos postou ainda que não é homem de trocar cargo por silêncio e que não troca seu dever de defender 19 milhões de brasileiros, entre eles 5 milhões de crianças, que passam fome, e 12 milhões de desempregados, por cargo nenhum. “Quem me mediu pela sua régua vai confirmar o que todos já sabem: diferente dos que vendem suas consciências e vendem a democracia por alguns tostões, eu sempre ficarei com meus ideais”, postou o parlamentar. Aguardemos o discurso desta terça-feira (24).

DECISÃO POLÍTICA

Em vídeo, Marcelo Ramos diz que não abordará temas regimentais ou jurídicos porque a decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não é regimental nem jurídica, é uma decisão política. Marcelo também afirma que considera extremamente sensível do ponto de vista democrático quando o presidente da República pede em uma live a destituição do presidente da Câmara e encontra na presidência alguém capaz de cumprir essa ordem. O deputado declarou ainda que não pretende fazer disso uma guerra. Veja o vídeo:

EFEITOS DA DESISTÊNCIA DE DORIA

O anúncio feito pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de que desistiu de lançar sua candidatura à presidência da República tem efeitos nas eleições no Amazonas. Para o senador Plínio Valério (PSDB), por exemplo, a desistência de Dória deixa os membros do partido nos Estados livres para apoiar quem quiserem. Há quem diga também que a desistência do tucano facilita a aproximação de Amazonino Mendes (Cidadania) e Eduardo Braga (MDB), que estaria disposto a abrir mão de sua candidatura trocando o apoio do MDB pela prerrogativa de indicar o vice na chapa do “Negão”.

AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ

Mais governista do que nunca, o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Roberto Cidade (UB), esteve em Maués com o governador Wilson Lima (UB), onde participou da inauguração de mais uma unidade do programa Prato Cheio, além da assinatura de convênios que irão resultar em investimentos da ordem de R$ 22 milhões no município. O curioso é que Cidade foi eleito em dezembro de 2021 por meio de uma insurgência dentro da Aleam que, na época, foi classificada por governistas como golpe para iniciar o processo de cassação de Wilson Lima.

PEC MIOJO

A manobra para a eleição de cidade se deu por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição Estadual que ficou conhecida como “PEC Miojo” por ter sido proposta e aprovada instantaneamente. A PEC permitiu uma mudança na eleição da Mesa Diretora da Casa, que era sempre realizada na última sessão do ano e foi antecipada para a eleição de Cidade. Deputados governistas foram contra a PEC e denunciaram a manobra, enquanto outros foram em debandada para a turma dos insurgentes, esfacelando a base governista no parlamento. Hoje, Cidade é “unha e carne” com o governador.