Defensoria Pública do Amazonas instaura procedimento para investigar condições de atendimento às gestantes em hospital de Parintins

Procedimento para Apuração de Dano Coletivo (PADAC) foi instaurado após inspeção no Hospital Padre Colombo 

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), no Polo Baixo Amazonas, instaurou, na segunda-feira, 17, procedimento administrativo para averiguar as condições que envolvem a prestação do serviço público de saúde às mulheres grávidas e aos bebês nascidos no município de Parintins. O Procedimento para Apuração de Dano Coletivo (PADAC) foi instaurado em razão dos relatos que envolvem casos de violência obstétrica, buscando providenciar melhores condições de atendimento à gestante durante todo o período de trabalho de pré-parto, parto e pós-parto.

A instauração do procedimento foi motivada pelo alto índice de procura da Defensoria Pública para acompanhar casos semelhantes de violência obstétrica em Parintins. Há ainda um alto número de recém-nascidos com problemas congênitos, casos em que a Defensoria tem acompanhado a necessidade de transferência em UTI aérea para Manaus.

Para as defensoras públicas Enale Coutinho e Gabriela Gonçalves, que assinam o PADAC, o grande número de problemas congênitos, pode sugerir uma necessidade de melhorias no pré-natal de modo que o parto se dê na capital, a fim de prevenir agravamento de dano e sofrimento.

Diante dos relatos de violência obstétrica e da necessidade de compreensão da realidade, as defensoras públicas realizaram, também no dia 17, inspeção no Hospital Padre Colombo, que tem ocupado o papel de maternidade referência em Parintins. A visita teve como objetivo principal conhecer as condições estruturais do hospital, que realiza o atendimento e acolhimento das gestantes.

De acordo com a defensora pública Enale Coutinho, a inspeção foi realizada para que a Defensoria Pública pudesse conhecer melhor o ambiente que é referência no atendimento à gestante. “Conhecendo melhor o ambiente, podemos estabelecer um diálogo com a equipe do hospital para compreender as medidas necessárias para prestação de serviço de qualidade”, destacou a defensora.

Na inspeção, foi verificada a necessidade de melhorias no Centro Obstétrico do Hospital, especialmente quanto à estrutura físico-espacial das salas de pré-parto e de parto.

Com a instauração do procedimento de investigação, a Defensoria encaminhou ofício à Direção Clínica do Hospital Padre Colombo, para que informe, no prazo de 15 dias, os protocolos de atendimentos de parturientes, bem como o cumprimento da Lei do Acompanhante (Lei Federal nº 11.108, de 07 de abril de 2005), ou seja, se é franqueado acesso de acompanhante indicado pela gestante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto (normal ou cesariana); e quais medidas podem ser empreendidas para melhoria da estrutura físico-espacial do Centro Obstétrico, em especial, das salas de pré-parto e parto.

Para a defensora pública Gabriela Gonçalves, é importante que a mulher gestante, as equipes profissionais e toda a sociedade tenham em mente que há direitos que precisam ser implementados. “Os direitos precisam ser implementados para que possamos evoluir e entender que violência não é só a atitude diretamente voltada a causar um mal, mas muitas vezes uma prática já ultrapassada e que precisa ser efetivamente evitada”, disse a defensora.

A Defensoria Pública, a partir de um diálogo institucional que se dará por meio do procedimento instaurado, espera superar os relatos de violência institucional no parto, buscando ferramentas que possibilitarão a reciclagem das equipes profissionais envolvidas, além da melhoria na estrutura física, conferindo acolhimento de qualidade à parturiente e aos filhos delas não só em Parintins, mas em todo o Baixo Amazonas.

Foto: Divulgação/DPE-AM