A Defensoria Pública do Estado (DPE-AM) realizou uma visita técnica nesta terça-feira, 26, para verificar a estrutura e operacionalização do Sistema de Transferências de Emergências Reguladas (Sister), da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), utilizadas na remoção de pacientes em estado grave, com Covid-19, do interior para a capital.
O intuito é gerar um diagnóstico de todas as etapas do processo para recomendar ao Governo do Estado melhorias como, por exemplo, a ampliação no número de aeronaves do transporte aeromédico (Unidade de Terapia Intensiva Aérea) e reavaliação de contrato com a prestadora de serviço aéreo, caso seja necessário. A iniciativa pretende sanar a grande demanda atual de pacientes no interior que esperam remoção para tratamento em hospitais da capital, conforme levantamento feito pela Defensoria.
A instituição mantém cinco polos no interior que abrangem 31 comarcas e tem atuado em ações judiciais frequentes nos últimos dois meses para obter, na Justiça, a transferência de pacientes para Manaus. “Identificamos que existe um gargalo de remoções do interior para Manaus e queremos saber a razão disso acontecer e propor uma solução que ajude quem está na ponta esperando ser transferido para Manaus”, disse o subdefensor geral do Estado, Thiago Rosas que coordenou a ação.
O primeiro local visitado foi o hangar da Manaus Aerotáxi, empresa que realiza o transporte de pacientes em UTIs aéreas, conforme contrato com o Estado. Foram verificadas as aeronaves, equipamentos, equipe médica, protocolo de atendimento ao Sister, bem como a quantidade de pacientes transportados, horas e distâncias dos voos, além da estrutura da empresa, locais para higienização, entre outros itens.
Thiago Rosas conferiu as instalações e se reuniu com representes da empresa que relataram as dificuldades existentes na prestação do serviço. Entre as principais estão a geografia e condições climáticas do Estado, além da falta de pistas de pouso e decolagem homologadas em vários municípios que acabam impossibilitando maior celeridade na remoção de pacientes.
Após a visita ao hangar, a Defensoria esteve na sede do Complexo Regulador do Amazonas, na avenida Airão, onde ocorre o gerenciamento do Sister com as transferências de pacientes em estado crítico da rede hospitalar de atenção, no interior, para às urgências e emergências da capital. No complexo, é realizado o monitoramento em tempo real da rede de assistência no interior com análise de cada caso e os encaminhamentos que serão adotados.
“Tivemos a oportunidade de ver em tempo real como funciona o Sister, o tempo médio de transferência de pacientes e a quantidade que aumentou desde o início da pandemia no Amazonas. Depois da análise das informações pretendemos fazer uma recomendação para que o serviço de remoção aérea seja melhorado e ampliado para que os pacientes tenham maior qualidade e rapidez no serviço”, explicou Thiago Rosas.
Interior
De acordo com a defensora Gabriela Gonçalves, que atua no Polo da Defensoria no Baixo Amazonas, em Parintins, no momento em que a Covid-19 avança com forte impacto por quase todos os nossos municípios do interior, o Sister deve ser um serviço que bem atenda à crescente demanda, de modo que a resposta seja tão rápida quanto à necessidade das pessoas adoecidas.
“Como é de conhecimento notório, o interior do Amazonas possui um verdadeiro deserto em UTIs e muita dificuldade de oferecer um suporte até semi-intensivo aos pacientes. Por isso é tão importante a constante comunicação entre as defensoras e defensores públicos do interior, que estão bem próximos das dificuldades de acesso à saúde da população e dominam as particularidades, com representantes da DPE na capital, já que Manaus concentra as sedes da gestão estadual da saúde e também da empresa contratada para prestar o serviço de remoção de pacientes, para que as demandas sigam o fluxo de resolução mais concreto, célere e eficaz possível”, destacou.
Para a defensora pública Natália Saab, que atua no Polo do Madeira da Defensoria, em Humaitá, a eficiência e a transparência do Sister, mais que uma necessidade administrativa, é condição de vida e bem-estar para a população do interior do Amazonas.
“No interior do Estado não há leitos de UTI, todo o tratamento de alta complexidade está concentrado em Manaus. Assim, a transferência, por meio de UTI aérea é o único meio que o paciente tem para se submeter a um tratamento de alta complexidade e lutar por sua vida, especialmente agora em que há um aumento considerável da necessidade de transferência de pacientes do interior para leitos de UTI, em decorrência do surto causado pelo novo coronavírus. Justamente por isso é que as instituições precisam unir forças para tornar o Sister capaz de atender a população do interior com regularidade e rapidez”, explicou a defensora.