Com apoio da SBC-AM, CEMa moderniza arsenal terapêutico para insuficiência cardíaca no Amazonas

O aposentado Raimundo Ismar Almeida, 74, é diabético, faz uso de marcapasso e sofre com insuficiência cardíaca, doença popularmente conhecida como coração grande. Com um salário mínimo de aposentadoria, precisa da ajuda da filha, a pedagoga Any Almeida, para comprar os cinco remédios que compõe o grupo de medicamentos dos quais ele precisa. O tratamento não custa menos de mil reais por mês.

Mas, para o alívio de seu Raimundo e de sua filha, eles não vão precisar mais comprar nenhum desses fármacos. Isso porque o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde, (SES) tem acelerado o processo de modernização do arsenal terapêutico do estado da Central de Medicamentos do Amazonas (Cema) a partir da incorporação de novos medicamentos ou da expansão do protocolo médico de drogas com nova finalidade comprovada. “Foi um grande alívio e alegria para mim e para o meu pai”, disse a pedagoga.

Após encaminhamento de solicitação da Sociedade Brasileira de Cardiologia no Amazonas (SBC-AM) para que se incorporassem à política de distribuição de medicamentos da SES os fármacos Brisoprolol, Rivaroxabana e Dapaglilifozina, a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) e o Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF), com apoio da SBC-AM, elaboraram normas técnicas para estabelecer os protocolos e critérios de inclusão dos pacientes que receberão as medicações. A partir de agora, os médicos cardiologistas ligados ao SUS já podem solicitar estes medicamentos para pacientes cardiopatas no estado.

“Sabemos da necessidade de prevenir, tratar, prolongar e dar qualidade de vida aos pacientes, e isso requer um arsenal terapêutico amplo e de alto custo nas medicações. Infelizmente, os pacientes do SUS não têm condições de arcar com esse custo. Cabe a nós, como Sociedade de Cardiologia, criarmos essa demanda. Desta feita, elaboramos um ofício ressaltando a importância de cada um desses medicamentos, que não estão no rol de fármacos do SUS, e trabalhamos na elaboração da nota técnica em parceria com a Secretaria”, explica a presidente da SBC-AM, a médica cardiologista Kátia Couceiro, contando que tais medicações estão entre os melhores fármacos da atualidade para o combate à insuficiência cardíaca e AVC.

“As evidências mostram que o uso dessas medicações de maneira regular e efetiva, associada a mudança no estilo de vida, podem reduzir substancialmente a mortalidade, garantindo melhor qualidade aos indivíduos, além de diminuir o impacto socioeconômico no estado. É um grande avanço em termos de saúde pública”, diz a presidente da SBC.

Amazonas pioneiro

De acordo com Sueli “Suzi” Chagas, farmacêutica presidente da Comissão de Farmácia e Terapêutica e gerente do Componente de Assistência Terapêutica da SES, o Amazonas é um dos primeiros estados a incorporar as normas técnicas destas medicações, resultado de um trabalho de modernização do arsenal terapêutico do estado, com apoio de sociedades como a SBC-AM, assim como do suporte institucional do Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES).

“São avanços que podem colocar o Amazonas em uma situação privilegiada na prevenção e agravamento de doenças cardíacas não só melhorando a performance de pacientes já fortemente comprometidos, mas colaborando para evitar a piora dos pacientes. Estas são drogas inovadores, capazes de mudar o curso das doenças, e que devem ter um importante impacto na política de saúde do estado”, declarou ela, que calcula o ingresso de cerca de 550 pacientes por mês para cada nova droga incorporada.

Gravidade da doença

De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia no Amazonas (SBC-AM), Kátia Couceiro, é estimado que existam cerca de 4 milhões de pacientes com insuficiência cardíaca no Brasil. “O risco de mortalidade é similar ao de neoplasias comuns (tipo de câncer) em homens e mulheres, ou seja, a sobrevida é menor do que câncer de próstata e câncer de mama”, diz a cardiologista, destacando também que a patologia é a terceira causa de internações hospitalares no grupo acima de 60 anos.