O ano de 2022 foi marcado por avanços do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) nos processos realizados na instituição, na integração com atores tanto do ecossistema de bioeconomia quanto de outros segmentos relevantes da região e, também, no chamamento público que vai permitir ao Centro ter sua identidade jurídica, passo fundamental que deve possibilitar ao CBA ter novas bases para contribuir com o desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia.
Ao longo de 20 anos de atividade, o CBA trabalhou muitas vezes de forma silenciosa, realizando atividades em conjunto com instituições públicas e privadas que promoveram avanços em iniciativas fabris, ações de capacitação de recursos humanos e melhorias de boas práticas, dentre diversas outras ações que demonstram como a bioeconomia e a biotecnologia podem e devem ser aliadas no desenvolvimento socioeconômico regional.
Para que a atividade promovida pelo Centro tenha todo o seu potencial explorado, foi necessário buscar sua independência jurídica, o que culminou no chamamento público promovido em 2022 e que, chegado o fim do ano, resta alcançar apenas sua etapa final: a publicação do decreto que qualificará o consórcio vencedor do processo – formado pela Fundação Universitas de Estudos Amazônicos (FUEA) em conjunto com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT-SP) – como a Organização Social que terá a responsabilidade de desenvolver um papel-chave para a bioeconomia na Amazônia.
“Promover o edital de chamamento público, acompanhar todas as suas fases e superar os desafios até esta etapa final foi gratificante, pois ficou claro que diversas instituições públicas e privadas demonstram que este é o caminho para tornar o CBA ainda mais ativo na região”, afirma o gestor do Centro, Fábio Calderaro. “Resta agora a concretização do processo por meio da assinatura do decreto presidencial e, assim, o novo CBA deve se tornar o projeto tão sonhado pela sociedade. E para que alcance plenamente os objetivos propostos para a instituição, é importante que esta seja uma política de Estado, que muito deve fortalecer a bioeconomia da Amazônia”, complementou.
Atuação conjunta
Mas o CBA fez muito mais do que isso ao longo do ano. Cada vez mais próximo de entes públicos, privados e da sociedade em geral, a instituição intensificou sua atuação como prestadora de serviços qualificados e como um hub de inovação para o desenvolvimento da bioeconomia regional. As atividades desenvolvidas pelo Centro têm facilitado as iniciativas de prospecção comercial de novos negócios em bioeconomia, atraindo o interesse cada vez maior – especialmente de empresas e institutos de tecnologia e inovação – no que a biotecnologia pode contribuir para os avanços socioeconômicos e ambientais.
Exemplos práticos foram as diversas agendas promovidas junto a indústrias (locais, nacional e multinacionais), Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs), startups e diversas outras que reuniram com representantes do CBA na busca por apoio para o desenvolvimento tecnológico de novos produtos e processos com base em matéria-prima amazônica. Da mesma forma, as tratativas ainda visaram a verificar formas de se reduzir o risco tecnológico do desenvolvimento de produtos e processos inovadores, bem como buscou-se apoio para contribuir com aumentos de produtividade, agregação de valor aos produtos e insumos regionais.
“O Centro tem atuado cada vez mais próximo do final da cadeia de inovação, mais integrado ao mercado, atento às demandas apresentadas e transformando-as em produtos e processos biotecnológicos. Temos uma relação concreta com o ecossistema local”, destaca Calderaro.
Projetos em destaque
Essa interlocução tornou-se mais evidente em 2022 devido ao reconhecimento das atividades promovidas pelo corpo técnico do CBA, especialmente em áreas como de alimentos e bebidas, fitoterápicos, cosméticos, farmacêuticos, química, biopláticos, nutracêuticos, agrícolas, têxtil, saúde, diagnóstica e de papeis, dentre outras.
Os projetos em andamento no Centro contemplam, por exemplo, o desenvolvimento de novos produtos e processos que utilizam insumos da biodiversidade amazônica; a capacitação de recursos humanos com vistas ao desenvolvimento de todo potencial de atividades de base sustentável, por meio de apoio técnico às comunidades tradicionais, unidades de manejo, empreendedores agroflorestais; e a transformação de rejeitos (ou subprodutos) orgânicos e inorgânicos em produtos economicamente viáveis (economia circular).
Tais atividades estão inseridos no Programa Nacional de Apoio ao Desenvolvimento da Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Pronametro), do Inmetro, que realiza concessão de bolsas para especialistas, técnicos e estudantes que contribuam para projetos nas áreas de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico. Importante frisar que os projetos desenvolvidos no CBA estão totalmente alinhados com o setor produtivo, o que torna ainda mais eficaz o trabalho do corpo técnico do Centro.
A relevância das atividades desenvolvidas pela equipe do CBA também foi reconhecida com a contemplação em editais Finep e Fapeam, o que permitiu avançar em projetos sustentáveis que devem gerar inovação e contribuir diretamente com a sociedade.
Eventos e agendas
Tais atividades colocaram o CBA em outro patamar, o de instituições ativas no ecossistema regional, que buscam maior integração a fim de contribuir fortemente com a sociedade. E foi esta integração que permitiu ao Centro ser um dos realizados da ExpoAmazônia Bio&TIC, que foi considerada o “Evento do Ano” na premiação Jaraqui Graúdo do ecossistema de inovação do Amazonas.
Realizada pelo CBA em parceria com a Associação do Polo Digital de Manaus (APDM), o Idesam e o governo do estado, por meio da Sedecti, a ExpoAmazônia teve como objetivo discutir, integrar, consolidar e alavancar os polos de Bioeconomia e de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da região como dois vetores econômicos viáveis e sustentáveis para a manutenção da floresta Amazônica e para o desenvolvimento socioeconômico dos povos da Amazônia. O evento movimentou cerca de R$ 2,5 milhões em negócios fechados e mais de R$ 16 milhões em negócios prospectados.
Além de organizar, o CBA também participou ativamente de eventos regionais e nacionais ao longo do ano. “A participação ativa do Centro é importante para apresentarmos suas atividades, iniciativas sustentáveis e debater sobre a temática, cada vez mais presente na sociedade e, assim, fomentar o ecossistema de bioeconomia”, disse o Calderaro.
Podem-se citar o Congresso GreenRio; o Inova Amazônia; a 19ª Semana da Ciência e Tecnologia, promovida no Instituto Federal do Amazonas; a I Workshop Internacional PaCTAS; a mesa-redonda Fortalecendo o Ecossistema de Bioeconomia; e o XII Encuentro Académico de Ingeniería en Agroindustria: evento internacional realizado em novembro pela Universidad de La Cañada, do México; dentre tantos outros.
Ecossistema de inovação
Ainda é importante destacar a interação com diversas instituições a fim de contribuir em áreas como Ciências Agrárias, Ambientais, Biológicas e Sociais Aplicadas, bem como debater sobre iniciativas conjuntas que possam contribuir para o avanço da bioeconomia. Instituições como o Senai Cimatec, da Bahia, e o Instituto de Pesquisas Tecnológias (IPT), de São Paulo, foram parceiras em diversas atividades desenvolvidas ao longo do ano.
Da mesma forma, outras instituições buscaram interação com o CBA, tais como a Agência de Gestão e Inovação Tecnológica do Exército (Agitec), a Agência de Inovação do Instituto Federal de Roraima (Agif), o Instituto de Tecnologia FIT e o Idesam, entre outras. Assim, objetivou-se avançar em tratativas que disseminem a biotecnologia como ferramenta crucial para o desenvolvimento socioeconômico regional.
Muito mais pode ser feito pelo Centro de Biotecnologia da Amazônia, tanto para a bioeconomia local quanto pela sociedade. Neste sentido, o CBA continua à disposição da comunidade para contribuir no desenvolvimento sustentável e para colaborar para que o Brasil possa se posicionar como um dos países de maior relevância no segmento da bioeconomia, explorando todo o potencial da Amazônia diante da atual demanda global por produtos, processos e serviços sustentáveis.