Castello Branco toma posse na presidência da Petrobras e critica monopólios: ‘Inadmissíveis’

O novo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, criticou a existência de monopólios e defendeu menor intromissão do Estado na economia ao tomar posse, nesta quinta-feira (3), em cerimônia no Rio.

“Através de privilégios e monopólios, se transferiu renda do povo brasileiro para pequenos grupos de interesse. Privilégios e monopólios são inadmissíveis numa sociedade livre”, afirmou ele.

“Monopólios restringem a liberdade de escolha e impõem aos cidadãos tributação predatória e sem aprovação do parlamento.”

Para ele, a presença forte do Estado na economia causa pobreza no país: “Quanto maior a intromissão do Estado na economia, mais restrita é a liberdade, menor é o crescimento e maiores as oportunidades para distribuição de favores. É a construção de uma fábrica de pobres”.

Castello Branco enfatizou seu alinhamento com o pensamento liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, e brincou se dizendo integrante do “Chicago’s Olds”.

Castello Branco foi indicado para a presidência da estatal pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de quem é próximo. Economista, ele fez parte da equipe de transição do governo Bolsonaro.

O novo presidente da estatal afirmou que a eleição de Bolsonaro “é um marco histórico e oportunidade única para colocarmos o Brasil no caminho da prosperidade”.

“O populismo asfixiou o empreendedorismo e a renovação. Os investimentos e a produtividade foram reprimidos. Os gastos públicos se tornaram abundantes, como falou ontem o ministro Paulo Guedes. O crescimento econômico foi substituído pelo redistributivismo perverso.”

Na cerimônia desta quinta, Castello Branco recebeu o crachá de presidente da Petrobras das mãos da presidente interina, Solange Guedes.

Posse do presidente da Petrobras Roberto Castello Branco com a presença do Diretor Geral da ANP, Décio Oddone; do Ministro de Estado de Minas e Energia, Bento Albuquerque; do Ministro de Estado da Economia, Paulo Guedes; do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel; do Presidente em Exercício do Conselho de Administração da Petrobras, Jerônimo Antunes e da Presidente Interina e Diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes — Foto: Andre Ribeiro/Agência Petrobras

Privatização

Em entrevista após a cerimônia de posse, Castello Branco se esquivou de responder perguntas sobre privatizações de ativos da Petrobras, mas adiantou que há estudos a respeito.

“Não posso adiantar nada, até porque a Petrobras é uma companhia de capital aberto e seria leviano da minha parte falar qualquer coisa sem estar respaldado. Vamos analisar os ativos para então fazer o que está consistente com o desenvolvimento da empresa”, disse.

O novo presidente da estatal também não quis comentar sobre a equipe diretora que irá escolher para gerir a Petrobras. Nem mesmo o perfil que pretende emplacar na diretoria. Enfatizou querer fazer da companhia “uma campeã” e reiterou ser amante da competição, e não do isolamento no mercado.

Política de preços

Castello Branco afirmou que a atual política de preços da Petrobras será mantida. “A Petrobras seguirá preço de paridade internacional, sem subsídios e sem exploração de poder de monopólio. Nós somos amantes da competição e detestamos a solidão dos mercados, teremos companhias, queremos competir”, afirmou.

Ele disse ainda que sua gestão à frente da companhia terá cinco prioridades: gestão do portfólio, minimização dos custos de capital, busca por redução de custos, meritocracia e segurança do trabalho e meio ambiente.

‘Nova fase’

Em discurso durante a cerimônia, o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque Júnior, afirmou que o governo irá direcionar suas ações para uma nova fase da nossa indústria de óleo e gás. Ele garantiu que a política de preços da Petrobras não sofrerá interferência da equipe econômica, mas defendeu que mudanças devam ser empregadas na companhia.

“Precisamos romper com paradigmas antiquados e proporcionar um novo tempo para o Brasil. Neste sentido, revitalizar setores estratégicos da economia torna-se um grande passo para edificar um futuro promissor”.

Albuquerque adiantou que “medidas estão sendo estudadas para permitir a entrada de novos agentes no mercado de combustíveis e derivados”.

“Falamos em crise, falamos em arrumação da casa, mas agora falamos firme em superação da crise e de novos tempos para esse virtuoso setor”, disse o ministro antes de apresentar o currículo do novo presidente da Petrobras.

Também presente, Décio Oddone, diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), comemorou a retomada do crescimento da companhia nas últimas gestões da companhia. “Voltamos a ter orgulho da Petrobras”, afirmou.

Oddone defendeu a política adotada pela companhia nos últimos anos, como privilegiar os investimentos na exploração no pré-sal e a estabelecer uma política de preços com paridade internacional.

“Temos pela frente um desafio de busca pela transparência e pela competitividade”, enfatizou.

Mais refino no Rio

Durante a cerimônia, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, defendeu que o estado consiga ampliar o refino do petróleo explorado pela Petrobras. Segundo ele, o assunto já tem sido discutido com a ANP.

“Temos espaço, temos condições e isso traria bilhões de reais em ICMS para o estado”, disse.

Participaram da solenidade de posse a presidente interina e diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes, o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Décio Oddone, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o ministro da Economia Paulo Guedes, e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

Quem é o novo presidente da estatal

Castello Branco tem pós-doutorado pela Universidade de Chicago e ocupou cargos de direção no Banco Central e na mineradora Vale. Passou pelo Conselho de Administração da Petrobras e é diretor no Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Crítico à intervenção do Estado na economia, é defensor da privatização não só da Petrobras, mas de outras empresas estatais, de acordo com a BBC. O economista se tornou membro do conselho administrativo da Petrobras em 2015, por indicação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas ficou pouco tempo, saindo em 2016.

Atualmente, Castello Branco é diretor do Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da FGV (Fundação Getúlio Vargas), onde tem doutorado. Seu pós-doutorado foi feito na Universidade de Chicago, nos EUA, entre 1977 e 1978, com apoio de bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). A universidade de Chicago é muito conhecida por ser um dos berços do neoliberalismo.

Castello Branco foi professor da FGV e depois presidente executivo do grupo educacional Ibmec (1981 e 1984). Ele e Paulo Guedes são amigos desde essa época. Depois disso, em 1985, Castello Branco atuou no Banco Central durante o governo de José Sarney. Foi diretor de diversas instituições financeiras nos anos seguintes, até assumir o cargo de economista-chefe da Vale do Rio Doce (atual Vale), em 1999, empresa onde ficou por 15 anos.

Fonte: G1