Casario de 1908 é uma das obras emblemáticas do “Nosso Centro” dentro dos 1.000 dias

Sucupira, louro-puxuri e cedro-doce. Todas são madeiras que estão sendo usadas na obra da Prefeitura de Manaus, que está dando vida a um antigo casario no centro histórico, na zona Sul, dentro do programa “Nosso Centro”, lançado pelo prefeito David Almeida. Esse pacote de obras emblemáticas pretende promover a reabilitação do território de onde teve origem a cidade, marcando os 1.000 dias de gestão.

Outros projetos e programas urbanísticos e arquitetônicos para a cidade também estão incluídos nas ações da prefeitura, por meio do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), como os parques Amazonino Mendes e Encontro das Águas Rosa Almeida. Este último, com ordem de serviço assinada na última terça-feira (26/9).

Datado de 1908 e classificado como uma unidade de interesse de preservação de segundo grau, de acordo com decreto 7.176/2004, o casarão amarelo e emblemático na rua Bernardo Ramos, uma das vias mais antigas da capital, abrigou um depósito da firma Sinfrônio & Cia. Após sua reforma concluída, dará lugar a um museu de memória, afeto e guarda do acervo do poeta, jornalista e escritor Thiago de Mello, com a ideia de reproduzir, inclusive, cenas da sua vivência na casa construída em Barreirinha, sua terra natal na Amazônia.

E entre as madeiras, cortes e cuidados com a serra está o marceneiro Márcio José Braga de Souza, 47 anos, que trabalha na produção de esquadrias, janelas e portas do imóvel, além da recomposição e serviço de recuperação dos pisos da edificação histórica.

“No piso temos uma composição de tábuas de sucupira e de louro-puxuri, que vão formando uma paginação, e abaixo dele há um tipo de contrapiso, que servia como uma espécie de forro, para proteger de ruídos e sons, dando mais conforto ao ambiente. A recomposição só é feita nos trechos onde a madeira está muito danificada, sem possibilidade de recuperação, devido à ação do tempo, de chuvas, umidade e do abandono”, explicou o marceneiro.

O prefeito David Almeida vem destacando sempre que é prioridade da gestão reabilitar o centro histórico de Manaus. “São espaços públicos há muitos anos esquecidos e que voltarão a ser utilizados, como o antigo casario do centro histórico. Queremos promover a conexão das pessoas com a natureza e a cidade, com foco no desenvolvimento do turismo, lazer, esporte e, principalmente, na qualidade de vida da população”.

Todas as peças originais do piso paginado serão concentradas numa sala superior, dando máximo reaproveitamento às tábuas de sucupira e louro. E em todas as peças existentes no casarão amarelo está sendo feito um trabalho de aplicação de cupinicida, paralisando a destruição do material por cupins, seguido de selagem, emassamento e pintura das peças.

Todo esse cuidado é apenas uma das frentes de revitalização do prédio, que faz parte de um conjunto arquitetônico de grande relevância para a cidade, em razão da sua localização na rua Bernardo Ramos. Localiza-se em área de tombamento federal, na vizinhança de outros edifícios históricos como o Casarão de São Vicente, Centro Cultural Óscar Ramos, Museu da Cidade de Manaus, praça Dom Pedro II, Casarão da Inovação Cassina, Palácio Rio Branco, dentre outros.

Projeto

O casario está sendo reformado e restaurado, localizado no número 66, Centro, com térreo e pavimento superior, que terão uma função de elo com a vida de Thiago de Mello. O projeto da Prefeitura vai dar ao espaço sala e salão de exposição, biblioteca, um café, um quarto Thiago de Mello, sala multiuso, área de administração, elevador e banheiros.

A exposição permanente com a obra, vida e história de Thiago de Mello tem parceria com o Instituto Thiago de Mello, tendo à frente a filha do escritor, a produtora Isabella Thiago de Mello.

Nosso Centro

O casarão faz parte do programa “Nosso Centro”, compondo uma trinca das primeiras obras da intervenção, se somando ao Mirante Lúcia Almeida e ao Largo de São Vicente, que prometem ser um caso emblemático de regeneração urbana e reabilitação do Centro da capital. Todas as obras têm aprovação do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Amazonas (processo nº 01490.000103/2022-81).

O programa tem uma lista de 38 intervenções urbanas, ações e projetos arquitetônicos para uma reabilitação completa e integrada no centro histórico da capital, dividida em 5 etapas e com três eixos: “Mais Vida”, “Mais Negócios” e “Mais História”.

Conta com a integração entre setores e secretarias da Prefeitura, com lazer, turismo, cultura, segurança, novos negócios, artesanato, entre outros, o que não existia antes, além da atuação em parceria com órgãos estaduais e federais na construção colaborativa. Ainda vão integrar o conjunto de obras em estudo o Museu do Porto, a Praça 9 de Novembro e a Pinacoteca.

Fonte: Implurb 

Fotos: Clóvis Miranda / Semcom