BRASÍLIA – O ministro da Economia, Paulo Guedes , disse nesta segunda-feira, durante cerimônia de posse dos novos presidentes dos bancos públicos, que as funções das instituições financeiras foram desvirtuadas nos últimos anos. Sobre a Caixa Econômica Federal, chegou a dizer que o banco estatal foi vítima de “saques e assaltos”. Ele prometeu ainda abrir a chamada “caixa preta”, citada diversas vezes pelo presidente Jair Bolsonaro desde a campanha eleitoral.
— A Caixa Econômica Federal foi vítima de saques, fraudes e assaltos de recursos públicos. Como vai ficar óbvio à frente, quando essas caixas pretas começarem a ser examinadas — afirmou Guedes.
Guedes afirmou que os bancos públicos perderam por conta de uma “aliança perversa” e os novos presidente estavam assumindo para “fazer a coisa direito e acabar com a falcatrua”:
– A máquina de crédito do Estado sofreu desvirtuamento. Perderam-se os bancos públicos através de uma aliança perversa de piratas privados, democratas corruptos e algumas criaturas do pântano político. Esses presidentes vão assumir sabendo disso, fazer a coisa funcionar direito, da forma certa. Acho que o time comunga dessa filosofia, que é a filosofia do presidente, de fazer a coisa direito, de acabar com a falcatrua. E estamos aqui para enfrentar isso pelo povo brasileiro – completou o ministro da Economia em seu discurso.
Empossado como chefe da Caixa, Pedro Guimarães disse que seu objetivo envolverá três pilares: devolver o dinheiro aportado pelo Tesouro por meio das privatizações, aumentar a presença do banco em comunidades carentes e deixar o que chamou de legado, baixar os juros do microcrédito no Brasil no longo prazo. Só a Caixa deve devolver cerca de R$ 40 bilhões aos cofres públicos.
— Faremos isso (devolução do dinheiro ao Tesouro) via venda de participações de empresas controladas: seguros, cartões, assets (ativos) e loterias. Já começa agora, pelo menos duas neste ano — confirmou o executivo, que se emocionou em pelo menos três vezes durante o discurso, ao citar os familiares.
O projeto de aproximar as operações do banco de comunidades carentes envolverá uma espécie de caravana em todos os estados durante os próximos 30 fins de semana, informou Guimarães. No sábado, serão ouvidos clientes e, nos domingos, equipes irão a comunidades carentes. Ele informou ainda que quer deixar como legado juros menores, principalmente para tomada de microcrédito.
— Não me conformo com pessoas pegando crédito a 20%, 22% ao mês. Precisamos devolver a cidadania a essas pessoas. Se eu conseguir isso daqui a dez anos, 20 anos, ver que parte do que estou começando hoje, que isso mudou a vida de milhões de pessoas, e isso vai acontecer, isso vai me deixar muito feliz — disse Guimarães.
Assumiram também Rubem Novaes, no Banco do Brasil, e Joaquim Levy, no BNDES.
O presidente do BNDES afirmou em seu discurso que a instituição precisa adequar seu balanço para depender menos de recursos do Tesouro. Levy afirmou ainda que sua gestão vai combater o patrimonialismo.
– A gente tem um papel de continuar combatendo o patrimonialismo e as distorçoes que foram identificadas e que são travas ao crescimento do país, da Justiça e da equidade – disse Levy.
Os executivos têm com missão ajudar o governo no equilíbrio fiscal. Reportagem do GLOBO publicada neste domingo mostrou que a expectativa é que sejam devolvidos ao Tesouro Nacional R$ 83,8 bilhões recebidos pelas instituições por meio de uma operação chamada Instrumento Híbrido de Capital e Dívida (IHCD), que não tem prazo para pagamento do principal da dívida, somente dos juros.
As privatizações também serão prioridade. Na semana passada, Pedro Guimarães detalhou o plano de privatizações que pretende pôr em prática na Caixa. A ideia é abrir o capital das quatro subsidiárias do banco até o primeiro semestre do ano que vem.
Fonte: O Globo