Moro diz que tentativa de transferir Coaf para Economia é fruto de incompreensão

BRASÍLIA — O ministro da Justiça, Sergio Moro , afirmou nesta sexta-feira que o movimento para a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) de volta para o Ministério da Economia é fruto de incompreensão de parte do Congresso sobre trabalho dele. Segundo o ministro, não existe, dentro do governo, articulação para devolver o Coaf à antiga casa.

— O que existe é uma discussão dentro do Congresso, um pouco baseada numa certa incompreensão do que nós pretendemos fazer — disse o ministro, em entrevista coletiva.

Para Moro, a posição do governo foi firmada na edição da medida provisória da reforma administrativa, definida pelo presidente Jair Bolsonaro logo depois da posse. Pela medida provisória, o Coaf, criado no antigo Ministério da Fazenda, passa a integrar o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Deputados e senadores envolvidos no debate querem mandar o Coaf de volta para o Ministério da Economia. Eles argumentam que, no Ministério da Justiça, o Coaf estaria mais exposto à ação política. Poderia ser usado na produção de informações contra adversários políticos do governo. Afirmam também que a reforma, se levada adiante, hipertrofia os poderes do ministro da Justiça.

Moro discorda das críticas. Para ele, a transferência do Coaf de uma área para outra se deu por questões operacionais. Mais próximo das instituições policiais, o Coaf facilitaria o combate à criminalidade, defende o ministro.

— Nós entendemos que é importante o Coaf estar presente aqui na Segurança Pública e na Justiça, porque ele tem informações essenciais em matéria de lavagem de dinheiro e que nos serão extremamente úteis para combater organizações criminosas. Se você não tem o rastro do dinheiro, se você não tem identificação do patrimônio, é muito difícil combater essas grandes organizações criminosas — afirmou.

Moro sustenta ainda que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não tem interesse em receber de volta o Coaf. Com a reforma administrativa, o Ministério da Economia passou a acumular as atribuições dos ministérios do Planejamento, Desenvolvimento e Trabalho.

Fonte: O Globo