Três bumbás apresentaram seus itens no intuito de se consagrar campeão e passar para a categoria Master A
Os bumbás Clamor de um Povo, Tira Prosa e Brilhante entraram na arena do Sambódromo, ontem (28/07), para disputar o título de campeão da categoria Master B e, consequentemente, passar a integrar a categoria Master A, em 2024, na série Ouro do Festival Folclórico do Amazonas.
Itens como Apresentador, Levantador de Toadas, Sinhazinha da Fazenda, Rainha do Folclore, Porta-Estandarte, Cunhã-Poranga, Tribo Indígena Coreografada, Lenda, Batucada/Marujada/Ritmada/Tamurada, Amo do Boi, Evolução do Boi, Auto do Boi, Toada, Alegoria, Pajé e Ritual, competiram entre si para levar os bumbás ao primeiro lugar da categoria.
A categoria Ouro do 65º Festival Folclórico do Amazonas é uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Clamor de Um Povo
Caçula da categoria, o boi-bumbá Clamor de um Povo, criado em 1996, foi o primeiro a se apresentar. Com o tema “Etnias: A Força e a Resistência dos Povos Indígenas” e defendendo as cores amarelo e preto, o bumbá encenou o auto do boi na arena, com Pai Francisco que matou o boi em plena apresentação e o feiticeiro de todas as etnias, o pajé, que ressuscitou o boi.
O presidente da agremiação, Wallace Wando Mato das Chagas, afirmou que os percalços enfrentados para levar o boi à arena valeram a pena. Até porque trata-se de um legado de sua falecida mãe, que criou o bumbá em 1996.
“Sempre foi um desejo e uma vontade da minha saudosa mãe colocar uma brincadeira de grandiosidade para o povo. Não sabíamos que existia um desafio tão grande, mas é gostoso. É complicado, mas vale a pena”, disse.
Brincante do Clamor de um Povo, há mais de cinco anos, Michel Barros diz que perdeu a conta de quantas vezes participou da brincadeira do bumbá. “Todo ano que dá, a gente está aqui”, disse.
Participante de uma das tribos do bumbá aurinegro, Michel também evidencia a colaboração existente entre as escolas de samba e as agremiações folclóricas. “É uma alegria. É o nosso folclore, que a gente ama e a gente está na brincadeira. Fazemos parte da [escola de samba] Vila da Barra e fazemos essa parceria com o boi todo ano. Uma brincadeira ajuda a outra”, declarou.
Tira Prosa
Segundo a se apresentar na primeira noite de disputa dos bois-bumbás de Manaus, o Tira Prosa é o mais antigo bumbá da categoria, criado no ano de 1945, representando o bairro de Santa Luzia.
Defendendo o tema “Yebá Beló”, o bumbá contou a história da divindade que, de acordo com a etnia Dessana, fez-se do nada e criou o universo. O Tira Prosa defende as cores vermelho e amarelo e apresentou o auto do boi por meio de uma toada, que contou a história de Pai Francisco, Catirina e da matança e ressurreição do boi.
Presidente do Tira Prosa, Ronaldo Matos, declarou que todas as dificuldades, enfrentadas para colocar o boi na arena, tornam-se pequenas diante da alegria de ver o bumbá e seus brincantes se apresentando felizes e satisfeitos.
“A dificuldade é grande, mas o prazer é isso que você está ouvindo e vendo: um excelente levantador de toadas, o melhor apresentador do festival, o amo do boi, nem se fala. Mas a gente tem que valorizar o artista, que foi o Joba, que fez essa alegoria jamais vista no festival de Manaus”, afirmou o presidente.
Defendendo o pavilhão do bumbá pelo segundo ano, a porta-estandarte Diana Paula se disse confiante no título. “É muita emoção. É maravilhoso. Neste meu segundo ano, vim com tudo para arrastar esse título para o Tira Prosa”, declarou.
Brilhante
O boi-bumbá Brilhante, criado em 1982, no bairro da Praça 14, encerrou a noite de apresentações dos bumbás da categoria Master B. Defendendo as cores azul e branco e trazendo o tema “Fé”, o Brilhante apresentou o auto do boi – morte e ressurreição do boi – logo nos primeiros minutos de sua performance.
O tema do bumbá é considerado um trunfo por sua presidente, Rosa Lemos. “Com muita fé em Deus e em todos os santos que trazemos no nosso tema deste ano, viemos para vencer. Junto com nosso tema, que é ‘Fé’, estamos trazendo várias surpresas”, afirmou a presidente.
Estreante como Rainha do Folclore do Brilhante, Karen Vinente se disse orgulhosa de representar um item tão importante. “Ser Rainha do Folclore significa representar a diversidade e riqueza do nosso folclore. Eu me sinto muito honrada em representar tudo isso, porque sou cirandeira e sou quadrilheira, já dancei em tribo, já fui cunhã-poranga. Então, represento esse folclore e estou muito feliz em ser Rainha do Folclore do meu boi-bumbá Brilhante”, declarou.
Visitantes
Além dos manauaras apaixonados por boi-bumbá, que foram ao Sambódromo conferir as apresentações dos bois, a festa atraiu também turistas, que tiveram o primeiro contato com a cultura bovina.
José Soares, da Paraíba, e Liane Rodrigues, do Rio de Janeiro, ambos turistas, se conheceram em Manaus e decidiram conferir a apresentação dos bois no Sambódromo juntos.
“Achei muito legal e interessante. Muito diferente, porque a gente não tem o boi lá. A gente tem a quadrilha”, disse José. “Eu amei. Achei uma graça. Muito animado e muito fofo”, declarou Liane.
FOTOS: Marcio James/Secretaria de Cultura e Economia Criativa