Gaitano Antonaccio*
No acompanhamento comportamental das bibliotecas que recebem influência de criadores de obras, estudantes, pesquisadores, cada vez mais exigentes e certos do que precisam conhecer para elaboração de trabalhos e pesquisas científicos, sem dúvida existe uma influência para o bem e para o mal, com a internet e é preciso que todos nós aprendamos a conviver com essas vicissitudes.
A resistência das bibliotecas em se manterem na liderança dos arquivos do conhecimento e da sabedoria, tem sido incansável, e cada vez mais elas precisam se reinventar. E sem dúvida, é preciso reconhecer, todavia, que mudanças são necessárias e as transformações dos meios de comunicação, a velocidade das notícias, a variedade crescente de obras de todos os matizes, a parafernália que se apresenta com a edição de livros sofríveis, sem conteúdo capaz de contribuir para uma sabedoria compatível com as necessidades dos estudantes, pesquisadores e interessados em produzir bons ensaios, romances, contos, teses, depoimentos embasados na verdade dos fatos, cada vez mais exigem muito mais atenção.
Via de regra, as bibliotecas têm procurado manter a tradição, a solenidade e o silêncio como armas de índice de aproveitamento para estudos, pesquisas e/ou compilação de textos, posto que a leitura requer atenção, interpretação e silêncio, para que o interessado possa absorver a linguagem, aprender e apreender o pensamento do autor, mas nada escapa de um mundo que muda a todo instante. Por isso devemos analisar com profundidade, que as bibliotecas não podem navegar tal qual diligências dos tempos remotos, enquanto o comportamento, as mudanças sociais e necessidade de respostas dos jovens viajam de foguete.
É preciso acompanhar as mudanças e animar as tradições das bibliotecas, sem perder a disciplina e a importância da leitura silenciosa em algumas. Mas, como proceder essas mudanças? Sabemos que as discussões acadêmicas, as controvérsias científicas, a cada dia recebem novas informações, afirmações e contestações, e a Ciência tem sido o caminho final de todas as pesquisas, porque somente ela – a Ciência – traz a verdade.
Na medida em que se pensar em manter e criar bibliotecas nas cidades, há que se criarem mecanismos capazes de incentivar a leitura entre as crianças, jovens e adultos, posto que as bibliotecas não existiriam se não houvessem leitores, estudiosos, pesquisadores, pessoas em busca de conhecimentos. Qualquer pessoa que não despertar para o hábito da leitura até os sete, oito ou nove anos, inexoravelmente, não vai ser um leitor voluntário em busca de aprender para construir sonhos e ideais. E a leitura é o único percurso que conduz qualquer ser humano ao conhecimento verdadeiro. Não há sábio que jamais tenha lido muito.
A cultura tem seus ramos diversificados e as bibliotecas há séculos, milênios, cuidam essencialmente de literatura, o que não pode mais persistir. Para continuar atraindo jovens de comportamentos diversos, inclusive os que aceitam a pesquisa isolada, o estudo solitário, faz-se necessário criar ambientes diversificados nas bibliotecas, tais como salas para debates dotadas de computadores para pesquisas na internet, dotadas de disco laser para o estudo de grandes imortais intérpretes da música, como Elvis Presley, Frank Sinatra, compositores famosos e clássicos como Betowen, Chopin, Mozart, a fim de que, por meio de dependências dotadas de ambientes à prova de acústica, os jovens ou pessoas interessadas possam pesquisar fazendo, ao mesmo tempo, cultura e lazer.
Seria importante manter um pequeno restaurante terceirizado, onde se possa permanecer no ambiente bibliotecário, fazendo refeições, lanches, sem interromper os estudos, indo e voltando para casa; promover a projeção de filmes educativos para crianças, onde os primeiros contatos com as bibliotecas sejam os mais agradáveis possíveis. Já existem algumas dotadas desses tipos de lazer, mas sem dúvida, o comportamento predominante e o tradicional, onde se vislumbra um misto de leitura e velório, ausência de liberdade para discussões e muita repressão em torno do silêncio obrigatório, deve começar a sofrer mudanças maiores.
Como grande incentivo, o poder público deveria ampliar algumas bibliotecas carentes de novas linhas de atuação no Brasil, de Norte a Sul, onde nem mesmo livros importantes e atualizados são comprados para atualizar os acervos. É preciso incentivar a visita dos jovens às bibliotecas, conseguindo-se o patrocínio de algumas empresas, oferecendo prêmios (não confundir com pequenas doações ou diplomas), para o aluno que fizer a melhor pesquisa sobre determinado assunto. Esses prêmios deveriam ser representados em bolsas de estudos, doação de computadores, equipamentos necessários ao desempenho de algumas atividades profissionais e outras espécies que incentivassem a busca pela sabedoria.
*Conselheiro da Fundação Panamazônia, membro das Academias: de Letras, Ciências e Artes do Amazonas; de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas; Brasileira de ciências Contábeis; de Ciências Contábeis do Amazonas; de Letras do Brasil, de Letras e Culturas da Amazônia – ALCAMA; correspondente da Academia de Letras do Rio de Janeiro, idem do Instituto Geográfico e Histórico do Espírito Santo e outras.