Os 20 anos de pesquisas sobre a música na Amazônia resultou na obra de Bernardo Mesquita, que será discutida em encontro aberto ao público
O ritmo beiradão, origens e influências de um movimento genuinamente amazonense, é o tema da palestra de Bernardo Mesquita, autor do livro “Das Beiradas ao Beiradão: A música dos trabalhadores migrantes no Amazonas”, no dia 19 de maio, às 16h, no Liceu de Artes e Ofício Claudio Santoro, Bloco C, no Sambódromo. As vagas são limitadas e as inscrições são gratuitas no link https://forms.gle/3WBnNfHH2KDLgYzn8.
Logo de início, para proporcionar uma imersão do público nas festas dos anos 80, que aconteciam nas beiras dos rios, a ambientação será com músicas do ritmo instrumental e cantado. O evento é uma realização do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e apoio do Liceu de Artes e Ofício Claudio Santoro.
No currículo de Bernardo Mesquita, há uma vasta bagagem em conhecimentos musicais. Ele é professor de História da Música Brasileira na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e estuda as práticas musicais da Amazônia sob a luz do marxismo latino-americano. São 20 anos voltados para pesquisas sobre a música na Amazônia, sendo 10 deles dedicados às pesquisas em Manaus.
“Falarei sobre o processo de pesquisa e do conteúdo dos capítulos. A chegada dos imigrantes, desde o século 19, e o seu estabelecimento nas bandas, além da formação do mercado musical nos interiores, a partir da década de 20”, disse o professor.
Bernardo também é idealizador do projeto de entrevistas “Música de Quintal”, que continua vigente, com transmissões via internet. Foi desse contato, com músicos e bandas, além dos anos de pesquisas, que se originou a obra “Das Beiradas ao Beiradão: A música dos trabalhadores migrantes no Amazonas”.
Prefácio
O cantor e compositor amazonense, Hadail Mesquita, um dos precursores da difusão do “beiradão” como gênero musical, assina o prefácio da obra de Mesquita.
Hadail vem de uma geração que traz referências musicais dos anos 80, como Chico Cajú e Teixeira de Manaus. E, desde 2018, defende e dá voz ao beiradão como gênero.
“É inegável que o beiradão é um fenômeno cultural. Não é uma cultura sazonal, é o ano inteiro, são 17 mil quilômetros de rios, com festas o ano inteiro, tocando essa música, que é uma mescla cultural muito grande. Não são só as bandas, os saxes, é também a culinária, a caldeirada de bodó, o jaraqui, o linguajar, o lado religioso, que são os festejos, tudo isso que culmina na música. Uma cultura muito rica”, revela Hadail, que comanda o canal no YouTube, o “Portal Beiradão”, com mais de 10 milhões de visualizações e que concentra as maiores expressões musicais do gênero.
FOTOS: Divulgação/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa