BRASÍLIA – O Palácio do Planalto amanheceu nesta quinta-feira sob o clima de expectativa de uma possível saída do ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, do governo. A aliados, Bebianno não tem demostrado a intenção de deixar o cargo voluntariamente, cedendo à pressão do vereador Carlos Bolsonaro, filho mais próximo do presidente Jair Bolsonaro
Segundo interlocutores do Planalto, a espera agora é por uma atitude do presidente: ou demite o ministro, ou age para conter a crise de governo deflagrada pela família. Até agora, no entanto, ninguém arrisca o desfecho da tensão palaciana, que se tornou pública após Carlos ir às
Durante a madrugada, a demissão de Bebianno e os possíveis desdobramentos do caso foram temas de reunião de aliados do ministro, telefonemas e mensagens de WhatsApp.
Nas conversas que vem mantendo com assessores e aliados, Bebianno afirmou que se manterá em silêncio sobre as declarações de Bolsonaro, respeitando o cargo que ainda mantém como secretário-geral da Presidência.
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Alvo de um ataque público do filho do presidente, Bebianno passou a ter ao seu lado militares, que consideram um “erro” do presidente o modo como deixou a crise se instalar no Palácio do Planalto.
Integrantes do governo analisam que a demissão de Bebianno dará “superpoderes” no Executivo a Carlos, que é apenas vereador no Rio e não ocupa cargo no governo. Reservadamente, Bolsonaro vem sendo criticado por, ao ter replicado as mensagens do filho, ter endossado o ataque ao ministro , um dos seus mais antigos aliados e coordenador de sua campanha.
Na quarta-feira, Carlos chegou a divulgar um áudio do presidente para contestar Bebianno , que, em entrevista ao GLOBO, afirmou ter conversado três vezes com o presidente na terça-feira, por mensagens de WhatsApp. Em entrevista a “GloboNews”, na noite de quarta-feira, ele voltou a reafirmar o contato com o presidente para tratar de questões institucionais e o cancelamento da viagem ao Pará. O Palácio do Planalto não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
A declaração de Bebianno ao GLOBO, contestada por Carlos, foi dada ao negar que sofria um processo de desgaste após ser acusado de envolvimento no caso de candidaturas laranjas , conforme reportagem publicada pela “Folha de S.Paulo” no último domingo.
Segundo o texto, o PSL destinou R$ 400 mil de fundo partidário para Maria de Lourdes Paixão, de 68 anos, candidata a deputada federal de Pernambuco que recebeu apenas 274 votos . Na época, Bebianno era presidente da legenda. Ele comandou o partido entre janeiro e outubro de 2018.
Bebianno afirmou que o deputado federal Luciano Bivar (PE), atual presidente do PSL e cujo grupo comanda a legenda em Pernambuco, é quem deve responder sobre Maria de Lourdes. Bivar a teria indicado para receber os recursos.
Fonte: O Globo