Avanços da bioeconomia na Amazônia pautam mesa redonda

Os caminhos assertivos para o avanço da bioeconomia amazônica, os entraves que impactam o pleno desenvolvimento deste segmento econômico na região e o potencial dos setores que podem se beneficiar dos insumos regionais, como o de cosméticos, pautaram reunião promovida pela Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), ocorrida no auditório da entidade na quarta-feira (22). O debate ocorreu em meio à 2ª reunião do Comitê de Apoio ao Desenvolvimento do Agronegócio no Amazonas (Cadaam), realizada em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam).
O evento foi presidido pelo presidente da Faea, Muni Lourenço, e contou com a participação do gestor do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), Fábio Calderaro, que na ocasião representou a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Autarquia à qual o Centro é vinculado. Também estavam presentes o procurador-chefe da Procuradoria do Meio Ambiente da Procuradoria-Geral do Estado (PMA/PGE-AM), Daniel Viegas, o proprietário da empresa Magama Industrial, Daniel do Amaral, o representante da Secretária de Estado do Meio Ambiente (Sema), Rogério Bessa, o secretário executivo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti-AM), Renato Freitas (de forma online), e o subsecretário de Assuntos Operacionais da Secretaria Municipal do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi), Gustavo Igrejas.
No início da mesa redonda promovida entre os debatedores, Muni Lourenço destacou que muitas empresas se utilizam do nome Amazônia para desenvolver produtos comercializados nacional e internacionalmente, mas boa parte destas empresas estão instaladas em outras regiões, com impacto fortemente reduzido na geração de emprego e renda para a sociedade local. “Até que ponto teríamos como atrair empreendimentos para se instalar no Amazonas, beneficiando nossa sociedade, nossos produtores, gerando riquezas localmente?”, questionou.
O procurador Daniel Viegas declarou que “a bioeconomia é o grande diferencial da atividade industrial que podemos promover”. Segundo ele, a Zona Franca de Manaus (ZFM) tem um modelo de desenvolvimento industrial que deu certo e aqui está instalado devido aos diferenciais competitivos ofertados pelo governo federal, “e sem esse estímulo poderia estar em qualquer outro local. Já a bioeconomia só pode existir aqui”, reforçou.

Polo de bioindústrias

O gestor do CBA iniciou sua fala comentando sobre os diferenciais da Amazônia, região detentora de boa parte da biodiversidade mundial, boa parte da reserva de água doce e do estoque de carbono, ressaltando que apesar de toda essa riqueza ainda não se conseguiu transformar toda vantagem comparativa em vantagem competitiva. “Apesar de termos um modelo que cumpriu todos os objetivos elencados no Decreto 288, de 1967, ainda não conseguimos estruturar nossas cadeias produtivas endógenas”, disse Calderaro. Para ele, o caminho é claro e deve passar pelo estabelecimento de um polo de bioindústrias. “Temos que ter o setor secundário como motor para espraiar o desenvolvimento que se percebe na capital Manaus para o interior. É este setor que necessariamente vai gerar demanda e temos que achar um meio de criar um polo de bioindústrias e, para isso, temos que acertar os estímulos econômicos corretos e dar a segurança jurídica necessária para isso acontecer”, afirmou.
Os demais presentes, inclusive empresários do segmento, também apresentaram algumas sugestões para que a bioeconomia local e empreendimentos criados na região possam se desenvolver e contribuir com avanços na geração de emprego e renda, superando os desafios hoje impostos e contribuindo para estabelecer este segmento econômico com tamanho potencial para a Amazônia.
Ao final, o presidente da Faea sugeriu a criação de um comitê que reúna diversos atores locais para discutir e propor diretrizes que efetivamente possam fazer da bioeconomia amazônica um segmento plenamente estabelecido na região, para que os resultados desta bioeconomia possam ser sentidos pela sociedade tendo em vista toda relevância mundial da Amazônia e seus insumos e produtos.