Os bonecos de pano que ilustram o tema “CULTURA, O TRIUNFO DO POVO” foram produzidos pelas mãos habilidosas de artesãs do bairro Itaúna, Parintins-Am, e marcam a identidade visual do tema 2024 do Boi Caprichoso. O bumbá bicampeão da cidade foi buscar na cultura popular a ilustração que expressa o espetáculo criado pelo Conselho de Arte e que vai surpreender o mundo.
O Boi Caprichoso fez um mergulho na artesania cabocla do povo de Parintins e encontrou o Coletivo das Mulheres de Fibra da Amazônia (COLIMA), que produziu os bonecos estampados na arte identitária do espetáculo azul e branco do próximo ano. Retalhos de pano, linhas, areia, talento e muita criatividade de mulheres da periferia de Parintins foram fundamentais para criar a imagem que ilustra o tema 2024.
Segundo o presidente do Conselho de Arte, Ericky Nakanome, o tema exalta a cultura popular, destacando o Boi Caprichoso como um dos maiores expoentes da cultura popular da Amazônia: “Nós resolvemos fazer com que o tema viesse a ser produzido artisticamente pelas mãos do próprio povo e não teriam melhores pessoas do que a união dos artistas do boi-bumbá Caprichoso com as mulheres artesãs da COLIMA, construindo esse arquétipo que torna a imagem do Boi Caprichoso na busca do seu tricampeonato”, revela Nakanome.
As artesãs tiveram a ajuda dos artistas do boi Caprichoso Kildary Ferreira, Alex Carvalho, Vinicius Silva e Yud Nascimento. Um trabalho que une a força da mulher parintinense à arte do Boi-Bumbá: “Quando a gente recebeu essa proposta do Caprichoso, a gente se sentiu valorizada. Saber que o boi busca também esses parceiros, pessoas que não têm tanta oportunidade no mercado, que não têm um ponto de venda. Então, isso vem valorizar a nossa mão de obra. A gente se sente muito gratificada mesmo. É um sentimento de gratidão de fazer parte dessa história, sendo valorizado o nosso trabalho como artesã”, revela a artesã Marinalva Brito.
Os bonecos confeccionados de pano e arte guiaram o designer, João Marco, na criação imagética do tema para a próxima temporada. O artesanato caboclo da cultura popular moldou a arte que estampa a temática do bumbá. “É a criação de uma identidade e uma responsabilidade gigantesca, porque isso vai nortear toda uma temporada, um espetáculo, e o objetivo é ilustrar o tricampeonato”, explica João Marco.
A finalização da obra foi realizada pelo designer e membro do Conselho de Arte, Paulo Victor, que supervisionou todo o processo de construção das artes, e as roupas foram produzidas por Socorrinha Carvalho.
Mulheres Artesãs
Indígenas, caboclas, ribeirinhas e artistas. Essas são as mulheres que formam o COLIMA em Parintins. O grupo foi criado em 2012 como fruto de um projeto de extensão dos cursos de Jornalismo e Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas (UFAM/Parintins). O trabalho iniciou nas salas da instituição com máquinas de costura e materiais doados ao coletivo.
O COLIMA atua com o objetivo de proporcionar um espaço para o empreendedorismo feminino, além de proporcionar qualificação ao mercado de trabalho e o empoderamento da mulher. Isso levou o Caprichoso a se identificar com a causa feminina e exaltar a arte produzida por essas parintinenses que fazem bonecas indígenas e caboclas: “O Caprichoso sempre valorizou a atuação da mulher na cultura parintinense e essas artesãs personificam bem nossa terra, nosso povo e nossa cultura”, destaca o presidente do Caprichoso, Rossy Amoedo.
Marinalva Brito Teixeira, Valdina de Souza Oliveira e Weranilce de Azevedo Melo são as artesãs que confeccionaram os bonecos de pano. Elas se especializaram em produzir bonecas amazônicas como indígenas, caboclas, ribeirinhas: “São os tipos de mulheres que retratam a nossa realidade de mulheres amazônidas. É uma forma de mostrar a diversidade cultural da nossa região. Elas nos representam e são símbolos de resistência”, conta Marinalva Brito.
Fotos: Pedro Coelho