ARGUMENTOS EM DEFESA DA BR – 319 – (4ª. PARTE)

Gaitano Antonaccoi

A rodovia BR–319 poderá incrementar o turismo regional e internacional, pois seria inconcebível pensar na mesma devidamente recuperada, apenas para transportar cargas e passageiros, sem pensar em explorar as belezas paisagísticas da região mais cobiçada do universo. E o setor turístico agradecerá, sem dúvida, porque ficará sensivelmente mais barato e mais fácil aos brasileiros da Região Amazônica veranear por centenas de capitais brasileiras, proporcionando a criação de novos restaurantes, lojas de departamentos, shoppings, companhias de turismo, agências de viagens, hotéis de selva, impulsionando o artesanato da região que já é rico e ficará muito mais pujante, facilitando o turismo de negócios, promovendo intercâmbio cultural e conquistando outras vantagens.

Atualmente, entre os estados do Amazonas e seus municípios, mais os povos de Rondônia, Roraima, Acre, Tocantins e Amapá, vivem se revezando em viagens de turismo e negócios, mais de 6 milhões de viajantes, e a BR-319 poderá incrementar um importante Turismo Regional na Amazônia, porque essas pessoas têm dificuldades de locomoção, em razão dos altos custos das passagens aéreas e a pequena demanda de voos para servi-los de acordo com as reais necessidades de locomoção. Não se podem privar tantos brasileiros de se integrarem, usando argumentos frágeis como a alegação de impactos ambientais ou prejuízos econômicos, sem fundamentação de casos ocorridos.

Vale lembrar o fato de que, com tantas atividades a serem incrementadas, tantas oportunidades de integração entre habitantes de uma região, que não possuem condições de se deslocarem entre si, pela falta de recuperação de uma rodovia que já existe e lhes pode oferecer mais rapidamente o progresso de outras regiões. Estamos cometendo um crime social, desobedecendo a própria Carta Magna do país, quando expressa no seu artigo 5º:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes……..
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.

A Amazônia, quase sem acesso por meio de rodovias ou ferrovias, encravada entre o rio e a floresta, não permitirá que nenhum brasileiro se locomova em igualdade aos que vivem transitando em rodovias muito bem pavimentadas no Nordeste, no Centro-Oeste, no Sul e no Sudeste do país. O governo brasileiro não recuperando a BR-319 já licenciada, e privando milhões de brasileiros do direito à integração nacional e aos benefícios do mundo moderno, não estará apenas contrariando a Constituição em vigor, estará cometendo o maior erro na História do Brasil, porque a hora é agora, o tempo é o que estamos vivendo e não podemos atender aos interesses estrangeiros, antes de defender e proteger o homem que nasce, vive e sofre para manter a Amazônia e sua soberania.

A condição de isolamento geográfico na Amazônia será eterna se não nos ligarmos por meio de rodovias, uma vez que o transporte aéreo é muito caro, e o fluvial, além de caro, é demorado. Esta adversidade já existe há mais de 350 anos e não podemos mais retardar uma solução tão simplória, como a que se apresenta na atual conjuntura, em que o governo federal é a favor, o PAC já destinou verbas de acordo com o licenciamento já aprovado. Sejamos brasileiros ou seremos alienados por algumas entidades a serviço da cobiça internacional.

Lamentavelmente, no governo do presidente Lula, o nordestino ficou preocupado em fazer a transposição do Rio São Francisco, mas apesar dos milhões de reais gastos, não conseguiu alcançar êxito. Cuidando diretamente dessa transposição sob o comandado da ministra Marina Silva, no Meio Ambiente, o PT desprezou a BR-319, o que provocou a quase destruição total da rodovia, no período dos governos de Lula e Dilma. Pelo menos a transposição do Rio São Francisco, o presidente Bolsonaro consegui fazê-lo no seu primeiro ano de governo, com o Ministro Tarcísio Gomes de Freitas. Embora o presidente Bolsonaro esteja empenhado em recuperar a rodovia BR-319, alguns órgãos impulsionados por milhares do ONG’S estrangeiras continuam alegando IMPACTO AMBIENTAL, como tem acontecido costumeiramente, por meio de radicais a serviço das grandes potências internacionais. Só não percebe quem não ama com entusiasmo o nosso país.

O rio São Francisco nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, corre em direção Sul-Norte até penetrar no Estado da Bahia; depois se volta fazendo um limite entre os estados de Pernambuco e Bahia, separando o Estado de Sergipe do Estado de Alagoas; possui uma cascata desde o seu início, formando numerosas quedas d’água, que dificultam sua navegação em curso, por aproximadamente 3.160 quilômetros. Sua transposição foi defendia com entusiasmo pelo nordestino Lula, mas para recuperar a BR-319 até a FUNAI já se manifestou contra e os povos da Amazônia continuam a amargar esse isolamento histórico e ignóbil, movido pela falta de representação política, patriotismo, e a falta de um líder verdadeiro.

Existe, incontestavelmente, uma falta de identidade com a Região e seus povos, e esse desconhecimento total, não permite saber como vive ou sobrevive o caboclo encravado no seu habitat entre a floresta e o rio, habitando em condições semelhantes aos irracionais, que constituem a nossa fauna, mas que, muito mais úteis ao meio ambiente dos que os racionais urbanos, preserva e mantém um amor telúrico pelo chão em que nascem, e são incapazes de depredar a região.

Os povos da Amazônia precisam se articular na defesa de sua soberania, lutar com fervor, reivindicar como o fazem os indígenas que vivem conquistando benesses com ampliação de suas terras, e devem enfrentar governantes que agasalhados nos gabinetes encapetados, movidos pelas maravilhas eletrônicas, montados nos mais confortáveis automóveis que trafegam nas ruas asfaltadas e macias dos grandes centros, que comem e bebem em ambientes confortáveis e refrigerados, assistindo aos mais diversos programas de televisão, usufruindo enfim, do mais completo lazer, e assim agindo, punem os seus irmãos de pátria. Que nenhum caboclo jamais desista de ter recuperada em perfeita condições de tráfico a sua BR-319, uma conquista que vem lhes sendo negada.

Conselheiro da Fundação Panamazônia, membro das Academias de Letras, Ciências e Artes do Amazonas; de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas; Brasileira de ciências Contábeis; de Letras do Brasil; de Letras e Culturas da Amazônia – ALCAMA; correspondente da Academia de Letras do Rio de Janeiro, idem do Instituto Geográfico e Histórico do Espírito Santos e outras. ”