ARGUMENTOS EM DEFESA DA BR-319 – 3ª. PARTE

Gaitano Antonaccio

Supondo-se que a BR 319 causará algum prejuízo financeiro ou econômico, os benefícios sociais, a valorização e integração do homem do interior justificariam a sua recuperação. No decorrer deste trabalho, apresentaremos inúmeras e incontestáveis vantagens, que por si só justificam essa recuperação.

E não seria de fato e de direito, nenhum prejuízo, porque investir deve ter como foco a Economia e o Homem. E neste caso não se pode contemplar um, sem olhar para o outro. O analista desta ONG citada, que se diz sênior e se chama Leonardo Fleck (nome antagônico com amazonidade), tem o despudor de afirmar que se for necessário facilitar o deslocamento das populações entre Manaus e Porto Velho e outras regiões, não se justifica a recuperação da estrada, pois estes podem pensar num transporte aéreo para a população de baixa renda. Não senhor Fleck! Não são rebanhos bovinos ou caprinos. São seres humanos. Esse alienígena alega, inadvertidamente, que esse procedimento é mais barato que construir estradas. Essa afirmativa no mínimo pode ser interpretada como total ignorância geográfica sobre as dimensões da Amazônia. De Manaus, para se chegar a Envira, Tefé, Coari e outros municípios, dentro do Amazonas, paga-se mais caro por uma passagem, do que viajar para São Paulo, em Boeing 747. E esse fato piorou ainda mais.

Contra essa utopia do dirigente da ONG, que imagina não termos estudiosos na Região, existe o argumento do diretor de Planejamento e Pesquisa do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT), Dr. Miguel de Souza ressaltando que a recuperação (não é construção) da BR – 319 é uma decisão de governo, (e não de uma ONG qualquer), e já existem recursos aportados no PAC, para o custeio da obra. E arremata com a lucidez de um brasileiro patriota:

A estrada tem um foco de integração nacional e regional, e o governo tomará todas as medidas para minimizar os impactos ambientais na região.

Por todos esses motivos, a população amazônica e a maioria dos brasileiros, possuem interesse na recuperação da rodovia e o DNIT tem trabalhado e se preocupado com a questão ambiental e com a sustentabilidade da rodovia, integrandos ao bem-estar do ser humano. Gostaríamos de ver a reação dos que se posicionam contra a recuperação da BR – 319, se lhes fosse doada uma casa residencial confortável, depois colocá-los plantando mandioca em Beruri, no interior e deixá-lo morando lá por 15 anos sem transporte, sem acesso ao progresso, isolado e sem internet, sendo contaminado periodicamente por doenças tropicais infecciosas, sem assistência médico-hospitalar, sem medicamentos, gêneros alimentícios, passando pelas dificuldades de locomoção nas águas, quando chega o período das vazantes ou sofrendo com a perda de suas plantações nos períodos das enchentes cada vez mais dramáticas, e perguntar destes ambientalistas de plantão, se eles gostariam de ver passar nos arredores de sua habitação, uma rodovia em condições de tráfego. Duvido que esse utopista respondesse um NÃO! Por mais insensato que seja. Existem na região, centenas de estudiosos e professores graduados, que explicam de forma inteligente, a importância econômica e social da recuperação dessa rodovia. Além do mais, não se conhece, comprovadamente, nenhum impacto ambiental causado pela construção da BR-319, contra o meio ambiente. Ao contrário, o meio ambiente é que foi abandonado pelo Poder Público, tornando a rodovia intransitável e os povos da região isolados, causando um péssimo impacto social. Perguntamos: quando esse abandono correu onde estavam as ONGS?

A imprensa estrangeira, a serviço de países que pretendem invadir a Amazônia, divulgam que a BR – 319 está sendo construída, quando na verdade, isto é uma mentira intencional, posto que a rodovia necessita apenas de recuperação. É o caso do alienígena Phillip Feamside, que defende o transporte das cargas do país, a ser efetuado por meio de navios, o que é estúpido e surpreendente, pois este senhor do atraso, ignora que a tecnologia tem pressa e que construir navios, além de mexer diretamente com o meio ambiente, no mundo atual não há tempo para retrocessos, como o caso do transporte marítimo para transportar produtos da mais avançada tecnologia de ponta. Quando o produto chegar ao seu destino, certamente já estará em desuso pela produção de novos modelos. Pergunta-se ao senhor Phillips quem investirá em navios cargueiros na Amazônia? Quantos aventureiros historicamente, tentaram e faliram? Será que Phillips já pesquisou a história econômica da Amazônia no período do fastígio da borracha?

O que nos intriga, por exemplo, como no caso da organização defendida pelo senhor Fleck afirmando que a recuperação da rodovia é economicamente inviável, gerando prejuízos estimados em mais de 300 milhões de reais, é que, por outro lado, os professores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) realizaram um estudo sobre essa recuperação, no trecho entre os quilômetros 250 a 655,7 (mais críticos) e apresentaram uma avaliação positiva, sobre o impacto do meio ambiente, atém de uma avaliação do IBAMA que permite a emissão das respectivas licenças ambientais, autorizando o início das obras. O senhor Fleck poderia explicar como será a humanidade daqui há 25 anos, período em que estimou prejuízos de bilhões de dólares para a Amazônia? Ora, se ele foi incapaz de prever ou imaginar, uma pandemia avassaladora na segunda década do século 21, a Covid19, arrasando milhões de seres humanos, como poderia antever tantos prejuízos, para sustentar sua tese de invasor?

Certamente, a rodovia BR-319 deverá corrigir problemas como por exemplo esse caso de só poder transportar cargas com 4 toneladas por eixo de caminhão, num total de 12 toneladas, porque o solo não tem capacidade de aguentar maior peso. A engenharia deverá dar o seu diagnóstico, posto que esse fato não tem nada a ver com o meio ambiente e constitui um ato de incompetência da construtora. Existem estudos de grandes transportadoras que podem servir de base, para verificar transportes de cargas até 25 toneladas ou 90 metros cúbicos, para um dia de viagem entre Manaus/Porto Velho a custo menores e com maior rapidez, como é o caso da Transportadora Bertolini e outras. Até os proprietários de balsas da região concordam com a recuperação da rodovia.

*Conselheiro da Fundação Panamazônia, membro das Academias de Letras, Ciências e Artes do Amazonas; de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas; Brasileira de ciências Contábeis; de Letras do Brasil; da de Letras e Culturas da Amazônia – ALCAMA; correspondente da Academia de Letras do Rio de Janeiro, idem do Instituto Geográfico e Histórico do Espírito Santos e outras.