ARGUMENTOS EM DEFESA DA BR – 319 – (1ª. PARTE)

Gaitano Antonaccio

O progresso é definido nos dicionários, como: movimento ou marcha para adiante; desenvolvimento, prosseguimento de uma ação, melhoramento, aperfeiçoamento; bom êxito, vantagem obtida; aumento progressivo e gradual; acúmulo de aquisições materiais e de conhecimentos objetivos no quadro de uma cultura; fenômeno que tem como condição as modificações da vida social, e que consiste no aumento do significado e do alcance da experiência humana.

Não se conhece em qualquer região da humanidade, o crescimento e o desenvolvimento sem a existência de algum meio de transporte e comunicação, desde as suas fases mais rudimentares, quando os fenícios barganhavam no Mediterrâneo, em suas embarcações; quando os camelos atravessavam os desertos com os beduínos em seus dorsos; quando as cavalarias dos árabes conquistavam terras no Oriente e na Europa; quando os primeiros transatlânticos começaram a singrar os mares abarrotados de mercadorias e gêneros alimentícios. Na conjuntura atual, quando temos os mais modernos aviões de carga, trens balas, carretas superpotentes, ônibus confortáveis atravessando as mais bem construídas rodovias e interligando povos, podemos ter consciência perfeita do progresso da humanidade, por meio dos transportes.

A Região Amazônica, não pode ser olhada sem suas características diferenciadas de quaisquer outras regiões. Temos um manancial de águas que nos isola e nos deixa sem acesso fácil e rápido dentro do próprio Estado. Nossa floresta tropical densa e gigantesca tem sido indomável no conceito dos mais famosos cientistas e pesquisadores, e são muitos os que se equivocaram com seu solo e subsolo. Não podemos deixar alienígenas deitarem suposições de impactos ambientais, onde o ambiente já se configura impactado pelo isolamento, proibindo o homem de se associar ao homem do mundo progressista.

Somente pode fazer projeções de lucro ou prejuízo na construção de rodovias de acesso na Região Amazônica, os que conhecem as diferenças geopolíticas, geográficas e ambientais das cidades desintegradas do interior, onde as doenças tropicais são terminais, aonde não chegam medicamentos, médicos, vacinas, gêneros alimentícios descongelados ou naturais, onde não há energia, água encanada, serviços de esgoto, saneamento e outros benefícios garantidos na Constituição do Brasil, e nas leis do bom senso.

As primeiras estradas construídas no Amazonas, interligando alguns municípios como Itacoatiara, Manacapuru, Silves e outros, além das cidades de Boa Vista, em Roraima e Rondônia, em Porto Velho, promoveram de forma incontestável, um grande crescimento nesses núcleos, os custos tornaram-se consideravelmente menores e foi possível incrementar a compra e venda de produtos regionais, gêneros alimentícios e outros, permitindo ao ser humano, melhor qualidade de vida. Com o advento da Zona Franca de Manaus, em 1967, a aceleração do crescimento e desenvolvimento da Região Amazônica comprovou o cuidado espontâneo e patriótico dos amazônidas com a conservação do meio ambiente e os grandes importadores e exportadores começaram a lutar pela integração nacional, interligando por meio de transporte terrestre, o Norte com o Centro-Oeste, Sul e Sudeste acelerando o recebimento e a remessa de mercadorias e produtos entre tais regiões, com preços mais acessíveis, menor custo e mais rapidez. Muitas estradas foram construídas entre os Estados de Matogrosso, Matogrosso do Sul, Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e outros centros produtores, como foi o caso da abertura da Manaus-Porto Velho, desde 1970.Todos estes estados, com exceção do Amazonas, vêm sendo servidos com rodovias modernas, bem planejadas e o Brasil passou a crescer de forma sustentável, indiscutível e os preços, se tornaram muito mais acessíveis. Ninguém, atento ao que ocorre no Brasil moderno, ignora a importância das grandes rodovias para transportar a produção do país, o que seria um tormento, no caso de uso apenas do transporte marítimo, aéreo ou fluvial.

O estudo aqui exposto, realista e profundo, provará o que acima se alega em favor da recuperação da BR-319 , sempre combatida pelos senhores do atraso. Sem dúvida, a criação de milhares de ONGS – Organizações Não Governamentais no Brasil, malgrado a importância de algumas, entretanto, outras surgiram para controlar o nosso crescimento e desenvolvimento, a serviço de grandes economias mundiais, e vêm atormentando os empresários e o povo brasileiro, seja no campo, emperrando a nossa agricultura, seja nas grandes capitais, onde exercem indiscutível influência de poder e de financiamento para cumprir suas missões contraditórias Essas organizações sempre se conduzem contrárias aos grandes projetos de desenvolvimento, como a criação de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e hidrovias, ignorando que nenhuma região pode crescer sem transporte. Ao contrário, seria de bom alvitre criarem-se ONGS dispostas a corrigir o meio ambiente, aplicando milhões de dólares em projetos de florestamento e reflorestamento, investindo na reconstrução de áreas naturais depredadas, porque foram os dirigentes dos países que as patrocinam, os que minaram e exploraram erradamente a natureza, para auferir lucros a qualquer preço.

A BR -319 não será importante apenas para integrar a Região Norte ao restante do país, será fundamental para transportar a produção de alimentos da região, facilitar o escoamento de produtos fabricados, que a cada dia tornam-se muito mais caros e perdem a competitividade. Essa rodovia servirá também para agregar o homem com maior eficiência e produtividade nas mais diversas capitais por onde passar, pois aumentará de forma incalculável a produção de alimentos e produtos regionais, itens procurados pelos mais importantes países da Europa, da América e da Ásia. O custo social será maior do que o prejuízo econômico, se abandonada.

A sustentabilidade consiste em fiscalização, estratégias e projetos de renovação da natureza, sob o patrocínio, inclusive, destas mesmas ONGS e do governo.

*Conselheiro da Fundação Panamazônia, membro das Academias de Letras, Ciências e Artes do Amazonas; de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas; Brasileira de ciências Contábeis; de Letras do Brasil; da de Letras e Culturas da Amazônia – ALCAMA; correspondente da Academia de Letras do Rio de Janeiro, idem do Instituto Geográfico e Histórico do Espírito Santos e outras.