‘Que a ONU reconheça o Dia da Amazônia’, disse o prefeito de Manaus em abertura do 1º Fórum das Cidades Amazônicas

“A ficha do mundo caiu e a ficha do Brasil precisa cair. A Amazônia é a região mais importante do Brasil e é uma das mais estratégicas do mundo, isso tem que ficar claro. Esse simpósio é um ponto de partida para nós fazermos uma grande campanha de alcance mundial. E gostaria muito que a ONU fizesse do 5 de setembro o Dia Internacional da Amazônia”, foram essas as palavras do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, à imprensa, durante a abertura do 1º Fórum das Cidades Amazônicas, nesta quinta-feira, 5/9, Dia da Amazônia.

 

O evento é promovido pela Prefeitura de Manaus, com a parceria da Fundação Konrad Adenauer e o ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, e acontece até esta sexta-feira, 6, no Pavilhão Princesa Isabel, do Complexo Armazém XV, no Porto de Manaus.

 

Segundo o secretário-executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, o Fórum das Cidades Amazônicas no Dia da Amazônia significa dar e reconhecer a voz das cidades da Amazônia ao mundo. “O que pensam as cidades, qual o modelo das cidades que precisa ser edificado nessa região, que diferenças a cidade amazônica deve ter em relação a outras cidades de outros lugares do Brasil e de outros lugares do mundo. São essas as questões que o ICLEI, como a maior rede de cidades do mundo, traz. Usaremos nossa expertise para criar a possibilidade de alianças, de parceiros, para dar os instrumentos necessários para os prefeitos da região poderem fazer o seu trabalho”, destacou.

 

A coordenadora de Projetos da Fundação Konrad Adenauer no Brasil, Marina Caetano, ressaltou a importância do fórum nos 50 anos da Fundação. “Acho que os governos subnacionais têm uma liderança na questão ambiental e o grande objetivo dessa discussão é sair com propostas concretas, a partir da perspectiva das cidades amazônicas, para resolver os desafios ambientais da região”, afirmou.

 

Dia Internacional da Amazônia

 

No Dia da Amazônia, o prefeito disse a prefeitos e representantes de cidades que integram a Amazônia Legal, representantes de organizações nacionais e internacionais, a exemplo da Embaixada da Noruega e do governo da Alemanha, além do público que se inscreveu para participar do evento, que seu objetivo é prometer uma grande união em prol do desmatamento ilegal zero na Amazônia. Para isso, o fórum terá como resultado a elaboração do “Pacto das Cidades Amazônicas”, como manual de responsabilidade sustentável, às vésperas da 25ª Conferência Mundial do Clima, a COP 25, que acontece em dezembro deste ano, na cidade de Santiago do Chile.

 

“Nós não podemos transigir com a maior riqueza com que conta o Brasil e com o futuro de um mundo que confia muito na nossa possibilidade de fazer isso aqui [Amazônia] crescer e gerar frutos econômicos, renda e emprego de maneira sustentável o tempo inteiro. Quando acabar meu mandato eu pretendo percorrer o mundo inteiro discutindo a Amazônia”, disse Virgílio, que também realizou palestra magna sobre desenvolvimento sustentável.

 

Em conversa direto com o diretor da ONU na América do Sul, Alain Grimard, o prefeito propôs o reconhecimento do dia 5 de setembro como Dia Internacional da Amazônia. “Para os amazônidas, o dia 5 de setembro de cada ano é o Dia da Amazônia. Seria um sonho se, em algum momento, as Nações Unidas adotassem esse dia como o Dia Internacional da Amazônia, seria um gesto sutil, generoso, e, claro, de solidariedade à floresta em pé e à exploração racional de tantas riquezas que podem beneficiar em muito a humanidade inteira”, defendeu Virgílio.

 

“É uma iniciativa muito legal e vou falar disso, obviamente, com o coordenador residente da ONU Brasil, para Nova Iorque sobre essa possibilidade. Em outubro vamos ter a Assembleia Geral Anual da ONU, onde todos os países vão participar e vamos fazer tudo para que essa iniciativa possa ser um sucesso”, garantiu Alain Grimard.

 

Debates

 

Dentre as autoridades presentes, o secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Marcos Penido, disse que o fórum é um  importante instrumento para unir interesses em comum em prol da Amazônia. “Nosso governador João Dória aceitou com muita honra o convite do prefeito Arthur Virgílio Neto. Infelizmente, não pode vir, mas estamos aqui juntos, trazendo o que São Paulo pode contribuir, entender um pouco das necessidades da Amazônia e aprender com a riqueza de quem vive nesse local”, avaliou.

 

O secretário executivo da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), Gilberto Perre, lembrou do acordo firmado por todos os prefeitos do Brasil na COP de Paris. “Os prefeitos têm reafirmado o compromisso que foi assinado no acordo de Paris, de não permitir que a temperatura do mundo aumente mais de um grau e meio. E estarmos aqui, em Manaus, para escrever um manifesto que esperamos possa ser apresentado na COP do Chile. Essa é a prova de que os prefeitos têm consciência de que a Amazônia é fundamental para o mundo e que estão comprometidos com um crescimento sustentável”, declarou.

 

No seu segundo dia, o 1º Fórum das Cidades Amazônicas vai dar continuidade aos painéis sobre economia, desenvolvimento urbano, sustentabilidade da floresta e cooperação regional descentralizada. Também nesta sexta-feira será apresentado pelo prefeito Arthur Virgílio Neto o “Pacto das Cidades Amazônicas”.

 

“Esse é um momento importante para todos nós. O que será discutido nesse fórum é realidade das nossas necessidades e, principalmente, do que já está sendo feito em Manaus, que a torna um exemplo para outras cidades brasileiras”, ressaltou o titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), Antonio Nelson.

 

A atriz Tainá Duarte, que será uma das mediadoras do segundo dia de discussões, afirmou que “é uma honra fazer parte de um fórum como esse, ouvir pessoas e debater sobre o desenvolvimento sustentável. Acho que temos que, além de falar sobre isso, criar soluções para progredir e prosperar sobre o meio-ambiente”, defendeu.