Doença de Chagas: médico esclarece riscos e formas de prevenção

Infectologista explica o que é a doença e suposto surto no Amazonas

A população do Amazonas, em especial os moradores do interior do Estado, têm ficado em estado de alerta com o surto da Doença de Chagas, a qual tem se apresentado principalmente do município de Uarini (a 565 quilômetros a oeste de Manaus), onde a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) confirmou na última segunda-feira (10/06) a ocorrência de seis casos da Doença de Chagas Aguda de Transmissão Oral .

O infectologista do Hapvida Saúde, Leandro Moura, explica que a Doença de Chagas é uma doença infecciosa grave provocada pela infecção do protozoário Trypanosoma cruzi. “Tal parasita é transmitido ao homem principalmente através da picada do inseto infectado chamado de barbeiro, ou, ainda, pela ingestão de alimentos crus contaminados pelo T. Cruzii. Outras formas raras podem ocorrer, como pela transfusão de sangue, transplante de órgãos e transmissão vertical (mãe para o filho)”, afirma Leandro.

 

Sintomas

De acordo com o médico, o período de incubação, ou seja, o tempo que os sintomas começam a aparecer, a partir da infecção, varia de três a 22 dias na forma de transmissão oral. E a doença pode se apresentar de duas formas.

Na fase aguda (4 a 12 semanas após infecção) o doente evolui com um quadro de febre constante, mal-estar, fraqueza, sintomas gastrointestinais, inchaço nos olhos, nódulos pelo corpo, erupções na pele e inflamação no local da picada.

Na forma crônica, ele explica que ocorrem as complicações de doenças do coração e gastrointestinais, as quais se não forem identificados a tempo, aumenta o risco de morbimortalidade. Já em casos raros, Leandro cita que podem se manifestar também com inflamação no coração e meningite.

Prevenção

Leandro Moura ressalta que o diagnóstico precoce e o tratamento imediato previnem as formas crônicas da doença e a ocorrência de óbitos. Além disso, ele elenca algumas medidas importantes que ajudam na prevenção da doença, tais como evitar morar ou conviver em situações precárias de higiene; ter contato com pontos focais onde coabitam o barbeiro, como casas de palafitas, barro e locais próximos de coqueiros; tomar cuidado quando for visitar a zona rural e consumir alimentos sem os devidos preparos, principalmente os alimentos crus; evitar consumir açaí, caldo de cana, se não tiver a certeza que a procedência do alimento seja segura.

A FVS-AM ressalta que, além do açaí, outros alimentos também podem estar envolvidos na transmissão oral do parasita, como frutas, vegetais e respectivas preparações, como suco de cana de açúcar, buriti, bacaba; além de carne crua, sangue de mamíferos silvestres e leite cru.

O infectologista também tranquiliza a população do Estado quanto a propagação da doença. “Não estamos tendo uma epidemia de Doença de Chagas no Amazonas. O que tivemos foi um surto, identificado no interior do estado, onde foi identificado seis casos da doença de Chagas em moradores da localidade de Uarini, cuja infecção se deu por via alimentar”, pondera.