A OMS estima que 30% da população mundial sofra com alguma reação alérgica, índice que deverá chegar a 50% até o fim do século
O sistema imunológico é responsável por proteger o organismo de invasores externos, como vírus e bactérias. Ele funciona como o mecanismo de defesa do corpo contra as incontáveis substâncias estranhas presentes no ar que respiramos, nos alimentos que ingerimos e nos objetos que tocamos. Mas, às vezes, ele reage de forma exagerada a alguma substância inofensiva com a qual temos contato: o alérgeno. Esse processo é a popular alergia.
Nesta quarta-feira (8) é marcado como o Dia Mundial da Alergia. A data, definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem como foco conscientizar e alertar a população acerca dos vários tipos de alergia, desde as alimentares até as respiratórias, bem como a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento de cada tipo de alergia.
De acordo com o alergologista do Hapvida Saúde, David Pizzi, a alergia ocorre quando o sistema imunológico reage a substâncias geralmente inofensivas. “Esses elementos são conhecidos como alérgenos, alguns são bem comuns como ácaros, pólen, pelos de animais e alguns mais específicos, como medicamentos e alimentos. A reação de hipersensibilidade (alergia) varia de pessoa para pessoa, provocando inflamações diferentes em indivíduos predispostos”, afirma o médico.
Segundo a Organização Mundial de Alergias (WAO), as doenças alérgicas afetam de 30% a 40% da população mundial, sendo que as mais comuns são a rinite e a asma, que respondem por cerca de 10% a 20% da população; além de 80% das pessoas com asma apresentam rinite alérgica.
Tipos e sintomas
Respiratórias: Rinite alérgica, causadas por alergia à poeira, ácaros, pólen e animais de estimação. Os sintomas mais comuns são espirros, nariz congestionado, olhos lacrimejantes, vermelhos.
Alimentar: Embora sejam mais específicas e cada paciente têm uma reação diferente ao mesmo tipo de alimento, os alimentos alergênicos mais comuns são: soja, amendoim, nozes e castanhas, leite, trigo, peixes e frutos do mar. Os sintomas, geralmente, são inchaço nos lábios, língua, face ou garganta, urticária, formigamento na boca, diarreia, dor de estômago, náuseas e vômitos.
De pele: Dermatite de contato por alergia a cosméticos ou substâncias químicas. Entre os sintomas mais comuns estão inchaço, edema, coceira, vermelhidão, pele seca, erupção cutânea.
Alergia à leite: Apesar de apresentar sintomas parecidos, a intolerância é diferente da alergia alimentar. Em pacientes com intolerância à lactose, o organismo apresenta dificuldade na digestão e não existe a interferência do sistema imunológico. Já no processo alérgico, ocorre uma reação anormal acionada pelo sistema imune, que pode trazer complicações mais graves caso não tenha um acompanhamento médico.
Alergia e o novo coronavírus
Os sintomas de uma alergia podem ser desconfortantes: espirros, coriza, coceira, olhos vermelhos e lacrimejantes, e, às vezes, tosse. Com a pandemia, o novo coronavírus adiciona uma preocupação a mais para quem sofre com algum tipo de alergia.
Embora as alergias não sejam um fator de risco para contrair a doença, algumas delas podem se tornar um fator complicador para uma pessoa que contraia a Covid-19. A asma atinge entre 10% e 25% da população brasileira, e a rinite, segundo estudo ISSAAC (Internacional Study of Asthma and Allergies), compromete cerca de 26% crianças e 30% dos adolescentes.
“Existem diferenças importantes entre o vírus e as alergias que devem ajudar a aliviar o pânico. Alergias, que são uma reação exagerada do sistema imunológico a partículas estranhas, não devem causar calafrios, dores no corpo ou febres. Esses são os sinais clássicos de uma infecção viral, como a do Covid-19”, ressalta o alergologista do Sistema Hapvida.
Especialistas da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) informam que os portadores de rinite não são grupo de risco para Covid-19. É fundamental que nestes períodos de grande circulação de vírus respiratórios, o paciente deve manter a rinite e a asma sob controle. Muitas vezes há a sobreposição de manifestações – rinite e asma- se a rinite estiver fora de controle, os sintomas de asma serão muito mais frequentes e graves.
Além disso, embora pacientes com coronavírus possam ter congestão nasal, isso não é comum. A Organização Mundial da Saúde (OMS) descobriu que apenas cerca de 5% dos pacientes com coronavírus na China tinham congestão nasal. E, aproximadamente, 14% apresentavam dor de garganta.