Na véspera da cerimônia de posse em que assumirá o comando do Palácio do Planalto, o presidente eleito Jair Bolsonaro passou a manhã desta segunda-feira (31) reunido com a família na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência, em Brasília. Ao circular pela área externa do Torto, Renato Bolsonaro contou a jornalistas que o irmão ficou concentrado nesta manhã fazendo ajustes no discurso de posse.
Renato deixou as dependências da granja por volta das 10h40 para conversar com um grupo de dezenas de apoiadores do presidente eleito que se aglomerava na entrada da residência oficial. Ao se aproximar dos simpatizantes de Bolsonaro, foi tratado como celebridade, posando para selfies e gravando vídeos.
O irmão de Bolsonaro também deu uma entrevista aos repórteres que acompanham as movimentações do presidente eleito na residência oficial. Aos jornalistas, Renato relatou que “toda a família está reunida” à espera da solenidade de posse, inclusive, a mãe deles, que tem 91 anos. “Toda a minha família está lá na residência oficial. [O clima está] normal, tranquilo”, declarou Renato.
“[Bolsonaro] está com toda a família, está preparando o discurso dele agora. Então, está normal, uma coisa simples. Igual à casa de vocês, não tem mistério”, complementou o irmão de Bolsonaro.
Questionado por repórteres sobre se a família Bolsonaro pretende passar a noite de Réveillon na Granja do Torto, Renato disse que não tinha ideia.
“Não sei de nada. Estou na onda, onde me levar, eu vou. Mas está tranquilo, toda a minha família está aí, minha mãe de 91 anos. Preferimos ficar aqui para ficar perto dele. É difícil reunir a família como um todo e realmente vieram todos, não faltou nenhum”, contou.
Segundo a assessoria do governo de transição, a previsão é de que Bolsonaro passe o Ano Novo com parentes e amigos na residência oficial.
Renato Bolsonaro, segundo o jornal “O Globo”, ficou conhecido por ter um cargo de assessor especial na Assembleia Legislativa de São Paulo com salário de R$ 17 mil mesmo sem aparecer para trabalhar na casa legislativa. O irmão do presidente eleito acabou sendo exonerado do cargo após o caso ser revelado pela imprensa.
Concentração de simpatizantes
Apadrinhado de Jair Bolsonaro, o deputado federal eleito Hélio Bolsonaro (PSL-RJ) visitou o presidente eleito na Granja do Torto. Ao ingressar na residência oficial, ele foi parado por apoiadores para posar para fotos e gravar vídeos.
Após 10 dias no Rio de Janeiro, Bolsonaro chegou a Brasília para a cerimônia de posse no último sábado (29). Desde então, ele está hospedado na Granja do Torto com familiares.
Grupos de apoiadores de Bolsonaro têm se concentrado em frente à residência oficial com bandeiras do Brasil e faixas com mensagens de apoio, como “Ele, sim” e “Missão cumprida”.
A Esplanada dos Ministérios está fechada nesta segunda-feira em razão do esquema de segurança da posse. O bloqueio segue até essa terça, dia da posse de Bolsonaro.
Os visitantes não entram mais nem a pé no perímetro central da capital federal, que vai da catedral até a Praça dos Três Poderes.
Os milhares de turistas que viajaram até Brasília para acompanhar a posse de Bolsonaro – muitos deles em caravanas – estão ajudando a economia da cidade com um fim de ano com movimento fora do comum nos hotéis. São esperadas cerca de 250 mil pessoas na festa, que começa às 14h30 em frente à catedral.
A decisão sobre o carro que Bolsonoaro irá usar para desfilar da catedral até o Congresso Nacional ainda não foi tomada. Pode ser o Rolls-Royce, que só sai da garagem em dias de festa, ou um automóvel blindado. Snipers vão ficar posicionados no terraço de prédios públicos para assegurar a segurança.
No plenário da Câmara dos Deputados, o presidente eleito assina o termo de posse , faz o juramento e discursa.
Depois, em frente ao Congresso, Jair Bolsonaro passa as tropas em revista e segue para o Palácio do Planalto. Sobe a rampa, e, no parlatório, recebe a faixa do presidente Michel Temer, que sai de cena.
O presidente discursa novamente, para o público presente na Praça dos Três Poderes. Dentro do Planalto, recebe os cumprimentos das autoridades estrangeiras, dá posse aos 22 ministros e, junto com eles e com o vice-presidente general Hamilton Mourão tira a foto oficial.
O último compromisso é um coquetel no Palácio do Itamaraty, que começa às 19h. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, 11 chefes de Estado e governo, três vice-presidentes, 11 chanceleres, 18 enviados especiais e três diretores de organismos internacionais confirmaram presença na solenidade.
O Itamaraty não divulgou os nomes das autoridades que virão à posse, mas embaixadas confirmaram alguns. Estarão na cerimônia, por exemplo, os presidentes de Peru, Uruguai, Bolívia, Paraguai e o primeiro-ministro de Israel.
Esquema de segurança
Quem quiser acompanhar a posse na Esplanada será revistado quatro vezes, inclusive, por detectores de metais.
Mais de 3,2 mil policiais militares, civis, federais e homens das Forças Armadas vão cuidar do esquema de segurança.
O espaço aéreo também estará protegido. Só vão sobrevoar o local aeronaves que fazem parte da segurança. Outras poderão ser abatidas.
Governo de transição
A véspera da posse de Jair Bolsonaro teve pouca movimentção no gabinete de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.
Na manhã desta segunda-feira, operários retiraram parte das grades que ficavam na portaria principal do gabinete, local no qual futuros ministros e o próprio Bolsonaro concederam entrevistas nos dois últimos meses.
Os futuros ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), general Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Damares Alves (Direitos Humanos) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) foram os poucos integrantes do novo governo que despacharam no CCBB nesta segunda.
Pontes afirmou a jornalistas que foi recolher seus pertences. “Juntando as coisas para mudar de endereço”, explicou.
Os trabalhos no CCBB tiveram início em 5 de novembro, após a vitória de Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial, em 28 de outubro.
A criação de uma equipe de transição é prevista em lei e serve para que o futuro governo tenha acesso aos dados oficiais da administração federal e prepare suas primeiras medidas.
Em quase dois meses, Bolsonaro manteve o hábito de trabalhar de dois a três dias de cada semana no CCBB, onde se reuniu com futuros ministro, técnicos, diplomatas, parlamentares e governadores eleitos.
Os futuros ministros e o vice-presidente eleito general Hamilton Mourão também utilizaram a estrutura do CCBB. Entre os ministros mais assíduos no local estiveram o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Sérgio Moro (Justiça), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Onyx, que coordenou o trabalho da transição.
Fonte: G1