A Prefeitura de Manaus, por meio do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), com o apoio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), lançou o catálogo da exposição Meu Povo: 1ª Mostra de Arte Indígena de Manaus, em formato de livro. Um registro histórico-fotográfico, além de apresentação dos artistas e suas obras, que fizeram parte da mostra. A iniciativa aconteceu nesta quarta-feira, 15/12, no Palácio Rio Branco, na avenida 7 de Setembro, Centro.
A exposição indígena ficou aberta à visitação pública até 29/10, fechando a programação comemorativa do aniversário de 352 anos da cidade de Manaus. Nos 40 dias de exposição, conheceram a mostra, 261 pessoas de vários países, Estados brasileiros e a maioria moradores de Manaus.
O prefeito de Manaus, David Almeida, apresentou o catálogo e lembrou que a realização da mostra de arte indígena é a afirmação do compromisso da Prefeitura de Manaus com os artistas de nossa cidade.
“É fundamento do projeto e de nossa gestão, dinamizar as ações culturais, abrir espaço para novos atores e manifestações, especialmente àqueles identificados com a nossa ancestralidade”, disse.
O gestor disse estar honrado como cidadão manauara pela realização desse importante evento artístico, que tem como protagonistas os artistas indígenas da capital amazonense, além de estar contribuindo para dar voz e possibilitar a inserção desses artistas, pelo trabalho e criatividade, no processo cultural da cidade.
Para o presidente do Concultura, Tenório Telles, a publicação do catálogo é um marco na produção artística local. “Além de destacar o trabalho dos artistas indígenas de Manaus é um gesto de reconhecimento da arte e da memória ancestral desses criadores”.
Ele lembra que esta é uma ação que faz parte do projeto do prefeito David Almeida, de gerar oportunidades aos profissionais das artes.
O diretor de Cultura da Manauscult, Jonathas Ribeiro, representando o presidente Alonso Oliveira, lembrou que em 19 de abril deste ano, o prefeito de Manaus, David Almeida, fez um pedido de desculpa oficial aos povos indígenas presentes e aos seus ancestrais durante o evento de inauguração do Memorial Aldeia da Memória Indígena, até então só reconhecida como praça Dom Pedro II.
“Pela Mostra Indígena, o Concultura e a Manauscult materializam esse pedido de desculpas, revivendo a história. E além desse, muitos outros virão”, afirmou.
A coordenadora do Pólo Manaus, da Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento (Padaf), Ana Paula Angiole, agradeceu a parceria com a Prefeitura de Manaus, por meio da Manauscult e Concultura.
“Esse catálogo parece uma coisa singela, mas é ultra-importante, e tão memorável para todos que se envolveram, além da oportunidade que a Padaf teve de contribuir para o fortalecimento e integração dos povos”, declarou.
Catálogo
O curador e antropólogo João Paulo Barreto Tukano, agradeceu ao presidente do Concultura, Tenório Telles, por ter ouvido o pedido, dando voz e vez aos povos indígenas e aos jornalistas que publicaram essa história, além dos artistas indígenas que em cada trabalho realizado na mostra, representaram seu povo. “A vocês, parentes e artistas, sintam-se imortalizados”, enfatizou.
A artista plástica Monik Ventilari, que dividiu a curadoria da mostra com o antropólogo João Paulo Tukano, ressalta a importância da exposição para o movimento indígena e o mercado das artes visuais.
“É o registro da luta pelo protagonismo dos povos indígenas no campo das artes e da cultura, com apresentação de novos artistas e novas linguagens. E contribuindo para a fonte de pesquisa e divulgação dos artistas”.
Os textos e fotos do catálogo mostram os artistas indígenas pioneiros, Chermie Ferreira Kokama, Paulo Olivença, Tuniel Mura, Tchanpan Maricaua, Kawena Maricaua, Otília Waraó e os membros do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi, Ivan Barreto, Cledson Tukano, Carla Dessana e Cezar Sarmento.
A mostra foi composta de esculturas orgânicas, objetos entalhados e quadros em vários estilos, que variam do grafite urbano, passando pelo impressionismo, primitivismo, apresentando uma diversidade que revela a riqueza das muitas culturas indígenas, que constituem a cultura manauense.
A contracapa do catálogo resume a riqueza cultural desse projeto. As obras apresentadas na exposição Meu Povo: 1ª Mostra de Arte Indígena de Manaus, traz a ancestralidade, a sabedoria, a cultura e o fazer de vários povos amazônicos: Dessana, Tukano, Warao, Kokama, onde artistas novos e experientes, seja em tela ou objetos, carregam noções e feituras conhecidos pelos povos secularmente e pela história da arte ocidental, utilizados recentemente. Uma iniciativa pioneira de descortinar a presença indígena. Uma oportunidade de quebrar preconceitos, romper as barreiras e abrir novos caminhos de convivência nas diferenças.