RIO — Um grupo de 22 deputados de partidos opositores da Venezuela que está na cidade de Santa Elena, a 15 quilômetros da fronteira com o Brasil, denunciou nesta sexta-feira “uma brutal repressão militar a comunidades indígenas que estão colaborando para conseguir a abertura do canal humanitário”. Segundo disse ao GLOBO a deputada Olivia Lozano, entre 12 e 22 indígenas foram feridos e uma mulher identificada como Zoraida Rodriguez morreu em um violento incidente perto de Santa Elena.
— Estamos denunciado o governo Maduro por este ataque. Os indígenas estavam tentando impedir a passagem de blindados militares e foram brutalmente reprimidos — assegurou a deputada da Assembleia Nacional (AN) presidida por Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino.
Os indígenas envolvidos no choque com militares, informaram os deputados, pertencem à comunidade de San Francisco Kumaracapay. Os confrontos foram registrados na comunidade localizada em San Francisco de Yuruaní, no município de Gran Sabana (Bolívar), uma das últimas cidades antes de chegar à fronteira.
— Estamos reunidos com autoridades políticas da região, prefeitos e chefes de comunidades indígenas. Estão todos decididos a lutar para que a ajuda humanitária que está no Brasil entre em nosso território — afirmou Olivia.
O vereador indígena do município da Grande Sabana, na Venezuela, Jorge Pérez, confirmou a morte de Zoraida ao jornal local “El Correo del Caroní”.
Os feridos estão sendo atendidos no hospital de Santa Elena. Nas redes sociais, principalmente WhatsApp, circulam fotos e vídeos sobre o violento incidente. De acordo com a deputada opositora, na madrugada deste sábado congressistas, indígenas e autoridades locais irão até a fronteira para pressionar as forças militares e tentar conseguir o ingresso a da ajuda humanitária ao país.
Os responsáveis pelo ataque a indígenas, segundo dirigentes da oposição, são agentes da Guarda Nacional Bolivariana e da Força Armada Nacional Bolivariana. Com a ordem de bloqueio por tempo indeterminado, a fronteira da Venezuela com o Brasil não foi reaberta na manhã desta sexta-feira, como acontece diariamente por volta das 7h, informou o G1. O fechamento ocorre na cidade brasileira de Paracaima onde seria um dos pontos de coleta dos carregamentos de comida, remédio e itens de higiene básica enviados à população venezuelana, e foi ordenado na noite de quinta-feira, pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Durante a manhã desta sexta-feira, venezuelanos não puderam atravessar a fronteira a pé e nem de carro. No entanto, segundo o G1, grupos conseguiram passar usando uma rota alternativa, as chamadas trincheiras. São pelo menos duas alternativas para quem quer entrar no Brasil, uma delas muito próxima ao posto oficial de controle dos dois países.
Estava previsto que uma comitiva coordenada pelo Itamaraty passaria o sábado no local, e que caminhões venezuelanos entrariam no Brasil para pegar os alimentos e medicamentos.
Fonte: O Globo