SÃO PAULO – No prosseguimento da investigação sobre o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), a polícia prendeu nesta sexta-feira oito funcionários da Vale : dois executivos, dois gerentes e quatro integrantes da equipe técnica. Segundo o Ministério Público (MP), o objetivo das prisões, que devem durar 30 dias, é apurar a responsabilidade criminal pelo desastre que causou a morte de ao menos 166 pessoas em 25 de janeiro.
A polícia também foi autorizada a cumprir 14 mandados de busca e apreensão em três estados. Policiais foram até a sede da Vale, no Rio de Janeiro, para procurar documentos e computadores que possam auxiliar na investigação.
Outros mandados de busca estão sendo cumpridos em endereços de Minas Gerais, Rio de e São Paulo ligados a quatro funcionários da empresa alemã Tüv-Süd. responsável por emitir dois laudos no segundo semestre do ano passado que atestaram a estabilidade da barragem.
Um dos presos nesta sexta-feira é o gerente-executivo da Vale Alexandre Campanha, segundo a TV Globo. O engenheiro Makoto Namba, da empresa alemã TÜV SÜD, disse em depoimento à Polícia Federal que Campanha o pressionou para assinar rápido o laudo que atestou a segurança da barragem no segundo semestre do ano passado .
Namba foi preso em 29 de janeiro em outra operação do MP relacionada à tragédia e solto nove dias depois por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) . Em depoimento, o engenheiro relatou que Campanha teria lhe dito, durante uma reunião sobre o laudo: “A TÜV SÜD vai assinar ou não a declaração de estabilidade?”.
Namba disse, então, que assinaria o documento se a mineradora se comprometesse com as melhorias que os técnicos apontaram como necessárias. Ainda de acordo com o depoimento, o engenheiro “sentiu a frase proferida pelo mesmo (Campanha) e descrita neste termo como uma maneira de pressionar o declarante e a TÜV SÜD a assinar a declaração de condição de estabilidade sob o risco de perderem o contrato”.
Os outros funcionários da Vale presos são Artur Bastos Ribeiro, Cristina Heloíza da Silva Malheiros, Felipe Figueiredo Rocha, Hélio Márcio Lopes da Cerqueira, Joaquim Pedro de Toledo, Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo e Renzo Albieri Guimarães Carvalho. Todas as prisões são por um prazo de 30 dias, segundo o MP.
Nesta investigação, o MP apura a responsabilidade por homicídio qualificado, crimes ambientais e falsidade ideológica.
Em nota, a Vale informou que está colaborando plenamente com as autoridades e permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas.
Fonte: O Globo