Informatização na área da saúde trará eficiência e mais recursos do SUS para o Amazonas

Governo do Estado avalia uso de fibra ótica e comunicação via satélite para informatizar setor

A falta de informatização ou uso de sistemas que não que se comunicam adequadamente com o Sistema Único de Saúde (SUS) levam à ineficiência e à perda de receitas federais, além de abrir portas para a corrupção. ‘’Esse é um dos grandes problemas que a saúde enfrenta. Precisamos integrar os Estados ao SUS’’, declarou o Ministro da Saúde, Luiz Herinque Mandetta, na abertura da 1ª Assembleia Geral do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que acontece em Brasília, a partir desta quarta-feira (13/02).

A Secretaria de Estado da Saúde (Susam) já está em tratativas com a Processamento de Dados do Amazonas (Prodam), desde o início da atual gestão, para integrar a rede de saúde da capital e do interior a partir do desenvolvimento e implantação de um sistema que atenda as demandas do estado, afirmou o vice-governador e secretário de Saúde, defensor público Carlos Almeida, que participa do Conass.

‘’Estamos cuidando desse projeto de informatização com a Prodam, além de estarmos estudando modelos que tenham tido sucesso no país para implantarmos no estado’’. O secretário explica que, em Manaus, a proposta é utilizar a rede de fibra ótica já existente, do Programa MetroMao, gerenciado pela Telebras. E para integrar as unidades de saúde da capital com as do interior, a solução analisada é a comunicação via satélite.

Com o gerenciamento informatizado da rede, informa Carlos Almeida, o estado combate um outro problema: a baixa captação de recursos do SUS. O Amazonas realiza procedimentos cobertos pelo Sistema Único de Saúde, mas sem o credenciamento e a adequada comunicação dessa produção com o Ministério da Saúde, o estado não é reembolsado. Dificuldade semelhante relacionada à informatização foi compartilhada pelo secretário de Saúde do Pará, Alberto Beltrame.

‘’Estamos trabalhando para fazer o Hospital Delphina Aziz funcionar em 100% de sua capacidade. Estamos analisando modelos de gestão para a unidade, vamos pleitear do Ministério (da Saúde) o credenciamento dos novos leitos que serão abertos – que no Delfina passará de 300, e sem a informatização adequada, não conseguiremos ampliar a receita SUS. Hoje estamos precisando de qualquer nova fonte de recursos’’, defendeu o secretário de Saúde.

Realidade nacional – Dívidas com fornecedores, pagamento de pessoal, déficit financeiro, falta de sistemas de gestão informatizados são problemas enfrentados por todos estados brasileiros, relataram os secretários da Saúde na reunião do Conass. ‘’Essa é uma realidade que estamos identificando e não é exclusividade de um ou outro’’, afirma o ministro Mandetta, que aproveitou o encontro para antecipar temas que serão enfrentados pelo Ministério nesse ano.

‘’A atenção básica, por exemplo, precisa ser rediscutida. A saúde indígena também deve ser debatida, ela deve integrar o SUS’’, pontuou o ministro da Saúde, que acrescentou: “nada que possamos pensar em termos de soluções poderá ser feito sem outro grande Conselho, que é o parlamento brasileiro. E as comissões ligadas à saúde, na Câmara e no Senado, são importantíssimas nesse processo’’, frisou.

Outros temas – No primeiro dia do evento, a diretoria do Conass apresentou projetos do programa de apoio às secretarias estaduais de saúde e o de fortalecimento da gestão estadual do SUS, além da situação do abastecimento dos medicamentos de compra centralizada. Outros temas também ganharam destaque nos debates: prontuário eletrônico, medicamentos (abastecimento e judicialização), saúde indígena e teto financeiro pago pelo SUS aos estados.

Apoio aos estados – O Conass foi criado em 1982 como uma sociedade sem fins lucrativos, que se pauta pelos princípios do direito público. Surgiu a partir do desejo dos gestores estaduais de saúde, liderados à época pelo médico Adib Jatene, então secretário de Saúde de São Paulo, de atender o lema ‘’Saúde para todos no ano 2000’’. O Conass participa diretamente da discussão de políticas públicas de saúde desde o nascimento do SUS, com a Constituição de 1988, até sua regulamentação, em 1990.