Empresários reuniram-se para efetuar compras coletivas a fim de adquirir insumos básicos
Foi apresentada, na noite desta quarta-feira (18), a nova diretoria da Cooperativa da Construção Civil do Estado do Amazonas (Coopercon-AM), que tem o empresário Romero Reis como presidente. A entidade, que reúne construtoras e incorporadoras, atua no levantamento de preços no Brasil e no exterior, intermediando contratos de compras em bloco com o intuito de reduzir os custos operacionais das obras.
O sistema, em vigor no país desde o surgimento da primeira cooperativa no estado do Ceará em 1997, acumula negócios bem sucedidos. A redução dos custos, em alguns casos, chega ao patamar de 20%.
Uma das cooperativas mais atuantes no país é a do estado de Alagoas, revelando que o tamanho da unidade da federação e o quantitativo da população não estão relacionados com o desempenho. A Coopercon Alagoas, de 2007 a julho de 2021, adquiriu mais de 12 milhões de sacos de cimento, 10 milhões de quilos de aço e 6 milhões de sacos de argamassa.
O sistema de cooperativismo na construção civil é adotado pelos estados do Amazonas, Alagoas, Ceará, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Sergipe, Pará, Minas Gerais e pelo Distrito Federal. As compras conjuntas feitas por intermédio das entidades promoveram economia que tem sido aplicada no conceito de construir mais, melhor e com menos.
O presidente da Coopercon Brasil, Marcos Lago, que esteve em Manaus para apresentar os resultados do setor como forma de ampliar o número de cooperados, está otimista com o futuro do sistema. “Hoje, nós temos cerca de 520 construtoras de médio e grande porte e incorporadoras em todo o país que participam de cooperativas. A flexibilidade tem atraído novos cooperados. Não importa o produto. O cooperado leva a demanda até a cooperativa, que rastreia os preços mais vantajosos, forma e prazos de entrega”, explicou Marcos Lago.
União para combater altos custos
A cooperativa está focada, neste momento, em buscar melhores propostas para a aquisição de um item essencial, o aço. O produto, conforme dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), acumulou alta de 79% de janeiro de 2020 a março de 2021.
A entidade no Amazonas fechou a compra de um segundo lote de 20 mil toneladas de aço importado, com custo abaixo do praticado no estado, que deverá chegar no mês de setembro.
O presidente da Coopercon Amazonas prospecta que a atuação da entidade será imprescindível para a continuidade dos negócios. “As empresas perceberam que houve aumentos de insumos muito acima da normalidade. Imagina o que significa para uma empresa fechar suas vendas com uma planilha de custo e depois ter de incorporar estes reajustes sem poder repassar para o consumidor? A maneira mais lógica de resolver os problemas individuais, neste caso, é de forma coletiva. A cooperativa vai fortalecer as empresas e proporcionar ganhos para o consumidor”, avaliou Romero Reis.
Com uma meta de inflação, projetada pelo Governo Federal para 2021, de 3,75% e com o aumento dos preços muito acima das projeções, representantes de diversos setores da economia do Amazonas acreditam que o modelo do cooperativismo pode trazer ganhos tanto para o meio empresarial quanto para o consumidor final.
“A união permite a formação de um volume maior de compras. Automaticamente, os preços diminuem. Neste momento em que a economia passa por uma fase difícil, ainda em recuperação, encontrar produtos com preços competitivos para manter os clientes é essencial”, destacou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus, Ralph Assayag.
Os representantes do setor imobiliário aprovaram a intensificação dos trabalhos da Coopercon AM. “Nosso estado tem uma logística diferenciada, que é muito cara. Temos de buscar todos os caminhos para reduzir os preços a fim de ter um produto final mais barato”, pontuou Frank do Carmo Souza, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Amazonas (Sinducon-AM).
As compras coletivas, segundo o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Estado do Amazonas (Ademi-AM), Albano Máximo, serão fundamentais para a retomada dos lançamentos de empreendimentos e crescimento do setor. “O último trimestre de vendas de 2020, apesar da pandemia, foi um dos melhores da série histórica desde que a Ademi iniciou o monitoramento dos lançamentos e vendas de imóveis em Manaus. Estamos confiantes de que ao reduzir os custos operacionais, as construtoras consigam colocar novos produtos no mercado, elevando os ganhos do setor, em 2022, em pelos menos 10% em relação ao ano de 2021”, salientou Albano Máximo.