Gaitano Antonaccio
No livro de minha lavra intitulado Entidades e Monumentos do Amazonas fiz uma síntese sobre a criação do INPA, que aproveito para incluir parcialmente neste artigo, a fim de alertar os brasileiros sobre a importância deste órgão. Vejamos o que consegui escrever na obra, elaborada em 1997 e editada nas oficinas da Imprensa Oficial do Amazonas:
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) é o mais importante organismo do Brasil, para o estudo científico, pesquisas e revelação das potencialidades dos recursos naturais do solo e do subsolo da Amazônia, dos seus problemas sanitários, inclusive, visando à proteção dos elementos da natureza e do homem da Amazônia.
O INPA foi criado pelo Decreto n. º 31.672, de 29 de outubro de 1952, no governo do presidente Getúlio Dornelles Vargas e referendado pelos ministros: Francisco Negrão de Lima, Cyro do Espírito Santo Cardoso, João Neves da Fontoura, Horácio Lafer, Álvaro de Souza Lima, João Cleofas, E. Simões Filho, Segadas Viana e Nero Moura. O decreto do presidente Vargas dizia, textualmente, no seu preâmbulo, que o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia tinha por meta:
O estudo científico do meio físico e das condições de vida da região amazônica, tendo em vista o bem-estar humano e os reclamos da cultura, da economia e da segurança nacional.
Tendo sido criado na década de 50, o órgão surgiu quando o mundo acabava de sair da Segunda Guerra Mundial, inteiramente conturbado, com muitas regiões contaminadas, destruídas, e a humanidade, confusa sobre o seu futuro, deparava-se com vários atritos. Os cientistas de todo o mundo iniciaram um processo de discussões sobre as questões ambientais, com a Amazônia sempre figurando como protagonista maior das indagações. O presidente Vargas, verdadeiro estadista daquele tempo, percebeu a necessidade de se criar um órgão capaz de combater a ganância e a cobiça de internacionalizar a Amazônia, declarando:
As águas do Amazonas são continentais. Antes de chegarem ao oceano, arrastam no seu leito, degelos dos Andes, águas quentes na planície central e correntes encachoeiradas das serranias do Norte. É, portanto, um rio tipicamente americano, pela extensão de sua bacia hidrográfica e pela ordem das nascentes e caudalários, provindos de várias nações vizinhas.
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Em seguida o órgão aprovou seu regimento interno, pelo Decreto n. º33.133, de 1º de março de 1954, ficando subordinado ao Conselho Nacional de Pesquisas.
Grande colaborador do Instituto desde 1957, o cientista Dr. Djalma da Cunha Batista, depois de outros nomes notáveis no cenário científico nacional, foi nomeado presidente em 1959, tornando-se um dos mais abnegados diretores do órgão em toda a sua existência. A diretoria da Associação Comercial do Amazonas2, em sua reunião ordinária do dia 1º de março de 1961, na gestão do Dr. Djalma elaborou um documento que tem valor histórico, e entre outras palavras, vale salientar:
Sentimos que o INPA, empenhado ao revelar as potencialidades da região, no plano de seu conteúdo em riquezas do solo e subsolo e em estudar seus problemas sanitários, visando à proteção e à eugenia do homem amazônico, está realizando tarefa do mais alto sentido, capaz de situar esse órgão entre seus congêneres de maior projeção nos meios científicos internacionais. Cumprimos, por isso, o dever de aqui deixar expresso os nossos aplausos ao ilustre diretor e orientador, Dr. Djalma Batista, e aos seus competentes e dedicados colaboradores, certos de que a Nação saberá reconhecer o mérito de seu incomparável trabalho, em benefício da Amazônia e do País. Manaus, 1º de março de 1961.
Na sua estrutura inicial, o INPA possuía apenas três divisões, a saber: Pesquisas de Recursos Naturais, Pesquisas Biológicas e um Centro de Pesquisas Florestais.
Adquirindo uma importância ímpar na sua estrutura, o INPA passou a administrar o Museu Goeldi, sediado em Belém, no Pará, em decorrência de um acordo assinado no dia 6 de abril de 1955. Naquela época, o museu, na sua estrutura, tinha como finalidade o estudo da História Natural e Antropológica da Região Amazônica e entre outros setores, existiam as divisões de Zoologia, Botânica, Geologia, Antropologia, Biblioteca e Administração, como as mais importantes.
Apesar de lutar constantemente com dificuldades de recursos, o INPA conseguiu ter consolidada a sua estrutura física na década de 1970, graças ao apoio financeiro de entidades como a SUDAM, SUFRAMA, sendo elevado à categoria de Centro de Excelência para o desenvolvimento de estudos e pesquisas da região amazônica, e foi escolhido para continuar cumprindo sua honrosa missão, a partir da década de 90, com essa nova configuração científica. Vale salientar que na sua trajetória o INPA vem contando com a dedicação e esforço de grandes amazonenses que publicaram teses e estudos sobre a fruticultura e piscicultura da região, onde muito se destacou a cientista Martha de Aguiar Falcão, a quem o INPA muito deve.
Membro da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas; da Academia de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas, da Academia Brasileira de ciências Contábeis, da Academia de Letras do Brasil, da Academia de Letras e Culturas da Amazônia – ALCAMA; Da Fundação Panamazônia; do Grupo de Estudos Estratégicos do INPA; correspondente da Academia de Letras do Rio de Janeiro, idem do Instituto Geográfico e Histórico do Espírito Santo e outras.