RIO — O Comandante do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Coronel Edgard Estevo, informou neste sábado que foram registradas 299 pessoas desaparecidas em Brumadinho (MG). Onze corpos já foram retirados da área do desastre. De acordo com o comandante, o trabalho de buscas deve se prolongar por semanas. Agora à tarde, voltou a chover forte em Brumadinho, o que atrapalha os esforços de resgate.
nicialmente, havia quatro pontos de buscas onde os bombeiros acreditavam que poderia haver sobreviventes. Em um deles, um ônibus soterrado, todos os ocupantes foram encontrados mortos. Ainda não há atualizações sobre o número de vítimas encontradas no veículo. Restam ainda três desses pontos de resgate com possíveis sobreviventes: uma locomotiva, parte de um prédio que desabou e a região de uma comunidade em Parque das Cachoeiras.
De acordo com o último boletim divulgado pela Defesa Civil, dos 345 desaparecidos, 46 foram encontrados e encaminhados para unidades de saúde. Foram cadastradas 86 famílias para salvamento. Até o início da tarde deste sábado, duas famílias foram contatadas e resgatadas. As demais, permanecem aguardando, devido à ausência de energia elétrica, sinal de telefonia e internet, que dificultam a localização exata das vítimas.
O coordenador da Defesa Civil de MG, Evandro Borges, informou que no momento as doações não são prioridade, mas que as pessoas que quiserem fazê-las podem procurar a Polícia Militar. As doações devem se concentrar em alimentos não-perecíveis, água e produtos de limpeza.
A informação de que uma outra barreira teria se rompido foi relatada por moradores da região hoje pela manhã, mas não foi confirmada pelas autoridades. A Vale informou que monitora a estabilidade da Barragem 6 a cada uma hora e realiza drenagem com o uso de bombas, para reduzir a quantidade de água.
Cristiane Moreira, 42 anos, é corretora de imóveis. Junto com o marido, bombeiro, se engajou como voluntária na tragédia de Mariana, três anos atrás. Foram 23 dias de trabalho pesado. Ontem, meia hora depois do deslizamento em Brumadinho, saiu de casa rumo ao Corrego do Feijão.
De macacão e suor no rosto, ia e voltava para a área soterrada por lama, em busca de corpos ou sobreviventes.
Na sexta-feira o dia foi produtivo. Cristiane ajudou retirar da área de risco uma família com quatro crianças. Ao lado da ponte que partiu ao meio, resgatou um casal e a filha de 10 anos.
– Eles perderam tudo – lamenta, enquanto apressa o passo para subir em outra caminhonete e sumir pelas estradas de terra do Povoado Corrego do Feijão, que empresta seu nome à mina.
Forças Armadas participam das buscas
O Comando Militar do Leste (CML) informou que militares as Forças Armadas atuam em Brumadinho com um helicóptero para reconhecimento aéreo; toldos e barracas de campanha para apoio aos trabalhos de identificação de corpos; e equipamentos móveis de telecomunicação — como telefones por satélite e rastreadores via satélite.
O CML destacou ainda que estão de prontidão, para emprego imediato caso necessário, 930 militares operacionais, incluindo tropas de Polícia do Exército com cães farejadores; 38 militares da área de saúde (médicos, enfermeiros e assistentes); dez ambulâncias; 132 viaturas diversas, incluindo caminhões, ônibus e cisternas; 140 barracas e toldos; 95 camas de campanha e 360 colchões. Também estão disponíveis outros dois helicópteros.
Neste sábado, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) reconheceu “estado de calamidade pública em Brumadinho”. A medida tomada pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
Um posto de operações para órgãos federais foi instalado no município para dar apoio ao resgate de vítimas.
Fonte: O Globo