CARACAS – Muitos se perguntam nesta quinta-feira onde está o presidente da Assembleia Nacional (AN) da Venezuela, Juan Guaidó, que na última quarta-feira se declarou “presidente encarregado” do país diante de uma multidão em Caracas.
Já reconhecido por 17 países e pela Organização de Estados Americanos (OEA), Guaidó está, segundo disseram ao GLOBO fontes de sua equipe, “articulando seu governo e tomando decisões importantes, entre elas a nomeação de embaixadores em três países cruciais para sua estratégia: Brasil, Estados Unidos e Colômbia”.
Depois de ter designado um representante na OEA, o “presidente encarregado” da Venezuela está negociando com sua aliança de partidos os nomes para representar o governo opositor em Brasília, Washington e Bogotá. Não se trata, segundo as fontes, de uma decisão simples, ja que deve ser discutida com todos os partidos que integram a aliança que sustenta a presidência de Guaidá.
— Por que Brasil, EUA e Colômbia? Porque são os países onde mais precisamos estar atuando em parceria com seus governos na questão fundamental de abrir um canal humanitário para os venezuelanos — disse uma das fontes.
Os três países já ofereceram ajuda humanitaria a Guaidó e sua equipe e a escolha dos três embaixadores é importante para iniciar a implementação de um aspecto central da estratégia opositora. Em sua cruzada por conseguir respaldo dentro das Forças Armadas, a ativação de um canal humanitário ajudará a sensibilizar os militares, pensam os assessores do presidente interino.
No caso de Brasil e Colômbia, existe uma ampla fronteira compartilhada com a Venezuela, onde se poderia ser aplicado o canal de ajuda humanitária.
Não está claro, ainda, onde trabalhariam fisicamente os embaixadores paralelos, tendo em vista que Brasil e Colômbia não romperam relações com a Venezuela de Maduro e mantêm sua representação diplomática em Brasília e Bogotá. A situação está sendo analisada por Guaidó e seus assessores.
No Itamaraty, há incerteza sobre a segurança dos diplomatas brasileiros em Caracas. Entende-se que a presidência interina de Guaidó não tem como oferecer segurança aos funcionários brasileiros, que podem ficar expostos a eventuais ataques de grupos paramilitares.
Há o entendimento de que o tratamento que receberão dependerá do que for oferecido aos diplomatas representantes do governo de Maduro, e vice-versa. A possibilidade de que representantes do chavista em Brasília desertem também é cogitada.
Fonte: O Globo