Repressão no interior e na periferia já causou 16 mortes nos protestos contra Maduro

CARACAS — Os protestos contra o presidente Nicolás Maduro na Venezuela já deixaram 16 mortos entre terça e a noite desta quarta-feira, denunciou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). A maioria das vítimas foi atingida por armas de fogo na capital Caracas e nos estados de Táchira, Barinas, Portuguesa, Amazonas e em Bolívar, este na fronteira com o Brasil. As mortes foram registradas principalmente em bairros pobres da capital, que antes eram redutos do chavismo, e no interior do país, em reação violenta das forças de segurança que não foi registrada durante as grandes manifestações opositoras da tarde de quarta.

Segundo a ONG Observatório do Conflito Social, cujo boletim mais recente cita 13 mortos, a maioria das vítimas foi baleada. O portal venezuelano Efecto Cocuyo reportou que houve violência em protestos em Palo Verde, Petare, Catia e San Martín, todos favelas e bairros pobres de Caracas, na noite desta quarta-feira. A situação mais crítica ocorreu no fechamento do elevado de Palo Verde, depois que, segundo policiais, grupos armados deixaram os bairros das redondezas e abriram fogo. O tiroteio se estendeu até 22h30 (20h30 de Brasília), segundo o portal. Duas granadas foram lançadas no bairro José Félix Ribas — apenas uma explodiu.

Além dos enfrentamentos, a mídia venezuelana destaca que houve saques ao comércio. Um supermercado de La Venga e lojas de Las Adjuntas e da avenida San Martín foram alvo. Para reprimir os protestos, foram às ruas agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), das Forças de Ações Especiais (Faes), da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) e da Guarda Nacional Bolivariana — principal base interna de apoio de Maduro, os militares haviam sido convocados pela oposição a não reagirem com violência contra os manifestantes.

Os episódios em que foram registrados mortes ocorreram antes e depois das grandes marchas contra Maduro convocadas pela oposição, que não reconhece o novo mandato do presidente, para o qual ele tomou posse no dia 10. Durante as marchas de quarta-feira, que não foram reprimidas, o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, declarou-se presidente interino e foi assim reconhecido por 13 países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos. Já Maduro prometeu resistir no poder e rompeu relações diplomáticas com os Estados Unidos.

Fonte: O Globo