Sobe para 67 o número de mortos em explosão no México

CIDADE DO MÉXICO – Subiu para 67 o número de mortos na explosão de um oleoduto da estatal petrolífera Petroleos Mexicanos (Pemex), no México. Entre os feridos, há agora 76 pessoas. As informações foram dadas pelo governador do estado de Hidalgo, onde aconteceu o acidente, Omar Fayad.

— O balanço que temos é de 66 pessoas mortas e 76 feridas — afirmou Fayad, em entrevista coletiva no Palácio Nacional, na Cidade do México.

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O incêndio e a explosão na tubulação de combustível ocorreram na noite de sexta-feira, quando centenas de pessoas roubavam a gasolina que vazava do duto. O oleoduto fica na cidade de Tlahuelipan, ao norte da Cidade do México, capital do país. O combustível criou uma espécie de barreira de fogo onde estava concentrada grande parte das pessoas, e autoridades acreditam que podem encontrar mais corpos carbonizados.

Como o acidente aconteceu

Cerca de 200 pessoas, de acordo com autoridades locais, aproveitavam um vazamento de gasolina na Pemex para roubar o combustível usando baldes e vasilhas.

O prefeito do município, Juan Pedro Cruz, disse aos jornalistas locais que, assim que o vazamento teve início, por volta das 17h, na hora local (23h de Brasília), militares do Exército chegaram e isolaram a área, mas não conseguiram controlar as cerca de 200 pessoas que invadiram o local e pegaram o combustível.

— A atitude do Exército foi correta. Não é fácil atuar ante uma multidão para fazer prevalecer a ordem — afirmou o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador. — Não vamos combater fogo com fogo. Acreditamos que as pessoas são boas e honestas, e se elas chegam a esses extremos é porque foram abandonadas.

De acordo com o ministro da Defesa do México, Luis Sandoval, cerca de 25 militares tentaram convencer moradores a abandonar o roubo de combustível, mas se viram incapazes de conter a multidão estimada entre 600 e 800 pessoas.

— Tudo isso teria sido evitado se o Exército, quando chegou, tivesse expulsado todas as pessoas — lamentou Fernando García, morador da cidade, de 47 anos.

O acidente ocorre no momento em que o governo de López Obrador executa uma estratégia nacional contra o roubo de combustível sobretudo de oleodutos, delito que tem gerado perdas anuais de US$ 3 bilhões ao país, segundo dados oficiais. O plano, que envolve fechamento de dutos, é a primeira grande ofensiva contra o crime do presidente desde que assumiu o cargo, em 1º de dezembro.

Para compensar o fechamento de dutos, o governo começou a fazer distribuição em navios-tanque, um sistema que causou escassez de combustível em vários dos 32 estados mexicanos. Fila quilométricas foram registradas em diversas regiões, embora na capital a distribuição tenha sido regularizada.

— Muitas pessoas vieram com seus garrafões por causa da escassez de gasolina — afirmou Martín Trejo, morador de Tlahuelipan, de 55 anos, que atribui a tragédia à estratégia do governo, que inclui o fechamento de importantes oleodutos.

Buscas por parentes

Imagens de TV mostraram pessoas fugindo apavoradas após a explosão. Algumas saíam de meio da fumaça praticamente nuas, com queimaduras visíveis. De acordo com o governador do estado de Hidalgo, pelo menos 76 pessoas ficaram feridas na explosão, muitas delas em estado crítico.

“A explosão em Tlahuelilpan, Hidalgo, resultou da manipulação de uma retirada clandestina de combustível no oleoduto Tuxpan-Tula. Este acidente não afeta o fornecimento de gasolina na Cidade do México”, informou a petroleira estatal Petróleos Mexicanos (Pemex), que informou que outro incêndio decorrente de um roubo de combustível aconteceu no estado de Querétaro, sem vítimas.

Parentes de vítimas se reuniram no local da explosão após as chamas terem sido controladas. O pedreiro David Lozada, de 35 anos, procurava seu irmão Jesús Manuel, que teria se juntado ao grupo que coletava combustível do oleoduto.

— Procuramos por ele no momento da explosão, mas não conseguimos nos aproximar — afirmou Lozada. — O calor das chamas ainda era muito intenso, e os soldados não nos deixaram passar. Os amigos dele confirmaram que ele estava no local da explosão.

Fonte: O Globo