Cesare Battisti deve ser deportado diretamente para Itália

RASÍLIA – O terrorista italiano Cesare Battisti , preso no fim de tarde de ontem em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia , deve ser deportado diretamente para a Itália, sem passar pelo Brasil.

Autoridades brasileiras envolvidas nas buscas acreditam que ele deve ser deportado diretamente para a Itália já que as chances de ter entrado legalmente no país são muito pequenas. Outra opção é que se abra um novo processo de extradição feito diretamente entre Roma a La Paz, sem a participação do Brasil. A maneira como a extradição de Battisti será feita, porém, ainda está sendo negociada entre Brasil, Bolívia e Itália.

Battisti usava uma barba falsa no momento em que foi detido e um documento expedido no Brasil com seu nome verdadeiro. Ele não ofereceu resistência, segundo informações. O presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro,  comemoraram a prisão nas redes sociais. O presidente acusou o PT de ser “um dos governos mais corruptos que já existiram no mundo”.

As informação sobre a prisão de Battisti foram dadas pelo jornal italiano Corriere de la Sera. Já o perfil oficial da polícia italiana no Twitter postou, no início da manhã deste domingo, fotos de Battist em posse das autoridades policiais na Bolívia.

“Equipe de policiais italianos com a polícia boliviana identificou e capturou Cesare Battisti. A atividade dos policiais antiterroristas italianos e do Serviço Internacional de Cooperação Policial é fundamental” – diz a postagem.

O italiano é considerado foragido desde 14 de dezembro quando sua extradição foi autorizada pelo então presidente Michel Temer. Procurada, a defesa do italiano não respondeu aos contatos do GLOBO.

O Ministério da Justiça responsável pelas negociações relativas a deportação de Battisti em relação ao Brasil juntamente com o Ministério das Relações Exteriores afirmou que ambos “estão tomando todas as providências necessárias, em cooperação com o Governo da Bolívia e com o Governo da Itália, para cumprir a extradição de Battisti e entregá-lo às autoridades italianas”.

Vinda para o Brasil

O ministro da Justiça Sergio Moro e o Ministério das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , querem que Cesare Battisti seja trazido para o Brasil para que, então, seja entregue à Itália. Autoridades envolvidas na negociação afirmaram que a Bolívia ainda não decidiu sobre o assunto.

Segundo o procurador regional da República que atuou até 2017 na área de cooperação internacional da Procuradoria-Geral da República (PGR) Vladimir Aras, o procedimento normal seria o envio de Battisti ao Brasil.

— Quando uma pessoa entra em outro país ilegalmente, o usual é que ela seja devolvida ao país de onde veio. Nesse caso, Battisti retornaria ao Brasil. A decisão cabe à Bolívia, que pode ter outro entendimento.

No Twitter, o Ministério das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que o Ministério da Justiça e o Itamaraty estão tomando todas as providências necessárias, em cooperação com os governos da Bolívia e da Itália, para cumprir a extradição de Battisti.

A ação que culminou na prisão de Battisti não teve participação direta da Polícia Federal do Brasil. No entanto, a PF teve papel na investigação de seu paradeiro. Tanto investigadores brasileiros quanto da italianos apuraram informações consistentes de que a Bolívia foi o destino escolhido por Battisti e municiaram os policiais do país de dados para encontrá-lo. A operação de captura do italiano se deu devido a um processo de cooperação internacional, segundo a PF do Brasil. Ano passado, policiais chegaram a fazer mais de 30 diligências em busca de Battisti.

Condenado à prisão perpétua

Battisti foi condenado à prisão perpétua em 1987 por ter participado, no fim dos anos 1970, de quatro homicídios atribuídos ao grupo italiano de esquerda “Proletários Armados pelo Comunismo”, considerado praticante de atos terroristas pelo governo da Itália. Integrante do grupo, Battisti chegou a ficar dois anos preso na Itália, mas fugiu da cadeia em 1981.

Os advogados do ativista italiano alegam que o julgamento teve motivações políticas, reclamam que não puderam fazer a defesa, já que ele foi julgado à revelia, e contestam o rigor da pena.

Fonte: O Globo