*Gaitano Antonaccio
O notável filósofo libanês Gibran Kahlil Gibran escreveu na famosa obra O Profeta, sobre os nossos filhos: “Quando você levanta a mão para bater no seu filho, com o braço ainda no ar, pense se não seria mais educativo se você descesse esse braço de forma a acariciá-lo em vez de machucá-lo!”
Não menos feliz foi a Madre Tereza de Calcutá, quando ao receber o Prêmio Nobel da Paz, alguém lhe perguntou: “O que podemos fazer, a fim de promover a paz mundial?” A Madre respondeu: “Voltem para seus lares e amem suas famílias!”
Nada dignifica mais o ser humano do que pertencer a uma família, mantendo a convivência entre pais e filhos, netos e bisnetos. A família unida é uma pequena pátria unificada, como alertou Rui Barbosa em suas orações. É nela que se estabelece a justificativa do amor, onde a educação inicia os seus primeiros passos e a dignidade engrandece o caráter de seus membros. Felizes os que somam a esse amor, a essa dignidade, o caráter e as virtudes, que forjam a personalidade de cada membro, o princípio da ética e da moral. Não conheço nenhuma instituição mais poderosa, para sobreviver às dificuldades da humanidade, do que a família organizada, solidária, compreensiva, unida e trabalhando em torno da paz, da harmonia e da felicidade de seus membros. Mas agora vem a pergunta: Quem não tem um lar, se não conhece uma família? Essa, antes de mais nada deve ser uma doutrina a ser perseguida pelas nações que primam pela paz, pela liberdade, pelo bem-estar de seu povo, sem deixar de lutar contra a destruição da família, da ética, moral e bons costumes. Que se preservem as famílias, se quisermos um mundo melhor.
O mundo entrou na Segunda Guerra Mundial a partir de 1939, havia naquele tempo uma incerteza generalizada e até 1944, quando esse holocausto se extinguiu, a humanidade já padecera de uma lição de horror, e muito terrorismo, sem mídia para divulgá-lo, posto que muitos não tivessem consciência de que a guerra havia aniquilado milhões de judeus e cidadãos da Europa. Desde então o mundo nunca mais foi o mesmo, e as pessoas nunca mais sentiram em seus corações o mesmo amor, a mesma solidariedade e a violência gerou na humanidade, as suas raízes mais profundas. As marcas de uma guerra são eternas e jamais um povo atingido esquece, passando de geração para geração.
O terror ignóbil de hoje, representa atos isolados da globalização do horror das guerras. Se atentarmos para o noticiário dos veículos de comunicação, perceberemos quantos países vivem constantemente, em guerras internas e externas. Quantas mães choram seus filhos, quantos filhos na idade da juventude estão ignorando o valor do amor, o prazer do convívio com os entes queridos entrincheirados diante de carros bombas, de assassinos perversos, que se servem da guerra, para matar, decapitar, sequestrar, estuprar e praticar outros horrores do tempo da barbárie.
Se houvesse mais harmonia na família, paz e amor nos lares de todos os viventes da humanidade, o mundo não estaria tão catastrófico, com mortandade nas escolas, nas ruas, nas casas de diversões, nas igrejas ou quaisquer lugares onde há concentração. Além de todo esse retrocesso, atingida desde o início de 2020 pela mais terrível pandemia da história, a humanidade jamais esquecerá o drama que vem sofrendo, e que se torna mais grave e difícil de ser suportado porque a peste chamada de Covid 19, encontrou o mundo sem uma estrutura familiar capaz de enfrentá-la com amor e união. O distanciamento que havia entre pais e filhos foi decisivo para aumentar o castigo que veio tão rápido que muitas famílias não tiveram tempo de reestruturar suas bases antes de muitos de seus membros serem exterminados sem despedidas, sem velório.
A vitória sobre os sacrifícios e empecilhos que tornam mais árdua a batalha, é mais digna e meritória. Ultrapassar barreiras, transpor obstáculos, saber desviar o rumo dos abismos que a vida nos lança à frente das caminhadas, e agir com dedicação, esforço e vontade inabalável de chegar à meta almejada. Devemos sonhar e perseguir a realização dos sonhos. Devemos ter ideais, mas nunca desistir de realizá-los. E essas estratégias necessitam de amor e união familiar.
Hoje, ao me sentir um profissional vitorioso, intelectual com vários livros publicados, tendo construído uma família com base no amor e sob a proteção de Deus, há mais de 50 anos, conseguindo formar meus três filhos em cursos universitários, mantendo-nos unidos e cultivando o amor que já começa a estender aos netos, sei que devo tudo a Deus, em primeiro plano e à minha família, que fortalece a cada um de nós com harmonia e compreensão. Na obra Doze Casamentos Felizes, o romancista português Camilo Castelo Branco, definiu a família no seu mais essencial fundamento, quando diz:
“A família, meu amigo, é a base fundamental da sociedade, e é refúgio das virtudes acossadas pelas paixões dos que vagabundeiam de escolho em escolho; é a arca santa que alveja no dorso empolado das tormentas do coração da mulher.”
Em socorro do pensamento de Camilo, outro gigante do romancismo mundial, Victor Hugo, diz no seu livro Miscelânea de Literatura e Filosofia, sobre as teorias de destruição contra a família:
“Toda doutrina social que visa a destruir a família é má e, de mais a mais, inapelável… Quando decompuserdes uma sociedade, o que encontrareis como resíduo final não será o indivíduo e sim a família.”
Eis que estamos numa conjuntura histórica importantíssima, a fim de restaurar todos os verdadeiros fundamentos que fazem da família esse núcleo capaz de transformar a humanidade numa arena gigantesca de seres humanos uníssonos e dispostos a entoar o hino mundial da paz….
Conselheiro da Fundação Panamazônia, membro da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas – da Academia de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas, da Academia Brasileira de Ciências Contábeis, da Academia de Letras do Brasil, da Academia de Letras e Culturas da Amazônia – ALCAMA; correspondente da Academia de Letras do Rio de Janeiro, idem do Instituto Geográfico e Histórico do Espírito Santo e outras