Um dos assuntos que mais movimentou o trade turístico do Amazonas foi a privatização do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, vendido em leilão por R$ 420 milhões junto com mais quatro: Tabatinga, Tefé, Porto Velho (RO), Rio Branco, Cruzeiro do Sul (AC) e Boa Vista (RR).
Creio que nem devemos discutir se o preço foi justo. O importante é tentar prever o que isso pode significar para o turismo e a economia da região Norte do Brasil. Mas, de pronto, pode-se dizer que as expectativas são promissoras.
A começar pelo fato de que nenhuma empresa, seja francesa, brasileira, coreana ou outra nacionalidade, costuma praticar o desperdício normalmente encontrado a balde nas estatais. No mundo capitalista, dinheiro investido tem que dar retorno. E R$ 420 milhões não é qualquer dinheiro.
Se precisa ganhar dinheiro, a Vinci Airports vai ter que oferecer um produto de qualidade. É claro que ela entrou no negócio de olho no grande volume de carga que sai diariamente do Polo Industrial de Manaus. Uma receita considerável mesmo no mundo da pandemia.
Mas a receita do passageiro que em bons tempos lotava os aviões e provocava um fluxo de pousos e decolagens bem maior do que é hoje, não pode ser desprezada. E para aumentar esse fluxo, só existe uma fórmula: oferecer um bom produto para atrair a demanda.
Manaus tem algumas desvantagens no turismo, devido a ser praticamente uma ilha no meio da Floresta Amazônia. Mas o turismo aéreo se beneficia disso. Entrar e sair da capital do Amazonas exige, na maioria dos casos, um avião envolvido.
Para aumentar esse fluxo, algumas ações podem ser colocadas em prática quase imediatamente. Uma delas envolve o poder público. Como fez Minas Gerais, que para tirar o tráfego do aeroporto da Pampulha, subsidiou consideravelmente o ICMS do combustível de aviação para quem abastecesse em Confins. Enorme economia para as áreas que mudaram de mala e cuia para o novo e distante aeroporto.
Aqui, já se fala em transformar Manaus em um grande hub (central de convergência de voos). Mas isso só funciona se a cidade tiver atrativos de grande porte. As companhias aéreas só vão parar seus voos na cidade se houver demanda para isso.
Caso contrário, há o risco de Manaus virar uma nova Brasília. A maioria dos voos domésticos faz conexão na capital federal. Mas só sai do aeroporto quem está em seu destino final. Não existe histórico de fluxo turístico considerável para Brasília, apesar de seu aeroporto ser um dos mais movimentados do País.
Paulo Roberto Pereira chegou a Manaus em 1996, vindo do Rio de Janeiro, e logo ingressou nos setores de turismo e esportes, Trazia na bagagem a cobertura presencial de quatro Copas do Mundo, mas foi através da extinta Emantur que se apaixonou pelo turismo e se tornou presidente da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, onde está até hoje. Seu trabalho no esporte, ainda no Rio, o levou a dezenas de destinos por todo o Mundo. Conhece todas as capitais da América do Sul, do Brasil e várias cidades da Europa e Estados Unidos. Para ele, viajar é mais que diversão. É a melhor forma de adquirir cultura e conhecimento.,