Profissionais da saúde exaustos pedem apoio da população.
A solução para os problemas que levam os profissionais de saúde ao esgotamento parece tão distante quanto o fim da pandemia.
O esgotamento de médicos, enfermeiros, técnicos e outras categorias é mais uma triste faceta da pandemia no Brasil, sem contar a falta de remédios, oxigênio e leitos. Todos esses problemas deixaram os profissionais da saúde exaustos e eles pedem apoio da população.
Em janeiro deste ano, o Amazonas chocou o mundo com a tragédia no sistema de saúde do estado. Pessoas morrendo asfixiada por falta de oxigênio mostrou o quanto o Brasil tem um sistema precário de atendimento hospitalar.
Atualmente, o país todo passa pelo caos que o Amazonas viveu. Mesmo assim, o descaso e a negação das pessoas impressionam.
Hospitais por todo o país estão sem anestésicos para a intubação de pacientes. Diante da crise, profissionais primordiais ao atendimento de pacientes pedem demissão. Após um ano do começo da pandemia, profissionais de saúde que combatem a Covid-19 estão no limite.
Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), a proporção era de 01 médico intensivista para 10 pacientes. Com a pandemia, esse número mais que duplicou, agora são 25 pacientes para cada profissional.
Em tempos de pandemia, onde todos sofrem com as mesmas consequências: medo, terror, problemas mentais, aparentemente era pro coletivo ser mais forte, mas parece que o egoísmo está falando mais alto.
– Segundo o Ministério da Saúde, 83,5% dos pacientes intubados, morrem por falta de profissionais e de leitos de UTI.
O colapso é geral: falta de profissionais, de recursos humanos, de equipamentos, de espaço, de insumo.
Só no Rio de Janeiro existem 567 vagas de médicos abertas e faltam cerca de 1.200 enfermeiros, técnicos e auxiliares. Em São Paulo, Belo Horizonte, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraná, Mato Grosso do Sul não é diferente.
“Por trás de cada ficha, tem um filho, um pai, uma mãe”, relata um médico do SUS do Amazonas que vivenciou os momentos de desespero dentro dos hospitais e ainda não se recuperou do trauma ao ter que escolher quem viveria e quem morreria dentro dos hospitais.
“Uma responsabilidade que não deveria ser dada a nenhuma pessoa de bom senso”, afirma o profissional que não quer se identificar. “Vou ter de carregar esse sentimento para o resto da vida e em silencio”, completa.
Para a Psicóloga Cândida Alves, nessa pandemia não tem nada positivo, só morte. “As pessoas banalizaram a morte. Elas chegaram aos seus limites de isolamento e negam o coletivo. O egoísmo humano prevaleceu ao bom senso”, ressaltou ela.
Aglomerações na rua
Para esses profissionais da saúde, exaustos e que pedem apoio da população ver as aglomerações ao saírem de seus plantões é algo que fere os sentimentos, relata a enfermeira Cintia Dutra. “Estou no meu limite, tenho medo. Quando vejo pessoas chorando com parentes indo pra intubação forço minha mente pra não colocar a culpa neles, quero pensar que é uma fatalidade com aquela família”, desabafa Cintia.
“Nós estamos no limite e parece que as pessoas não estão nem aí”.
Para os especialistas, enquanto 70 % da população não estiver vacinada, a solução ainda é o distanciamento social, uso de máscara e de álcool em gel. Sem essas precauções o sistema de saúde ainda ficará sobrecarregado e todos correm o risco de novas cepas mais poderosas surgirem e, para piorar o quadro, as vacinas atuais poderão não surtir efeitos.