LIMA – Em reunião nesta sexta-feira, o Grupo de Lima, formado por 14 países latino-americanos e o Canadá, divulgou uma declaração conjunta em que insta Nicolás Maduro a não assumir o novo mandato para o qual foi eleito em maio, em eleições boicotadas pela maior parte da oposição venezuelana. A posse dele está marcada para o próximo dia 10.
A declaração afirma que as eleições foram “ilegítimas” e alertam que o novo mandato de Maduro não será reconhecido. O grupo pede que Maduro transfira o poder para a Assembleia Nacional, eleita em 2015 e controlada pela oposição, até que sejam realizadas novas eleições.
A reunião é a primeira com a participação de Ernesto Araújo, novo chanceler brasileiro. Ele foi acompanhado do novo assessor internacional do Planalto, Filipe Martins, que era assessor internacional do PSL.
Dos que formam o Grupo de Lima, o México, que desde dezembro tem o seu primeiro governo de esquerda em décadas, foi o único a não assinar o comunicado.
O subsecretário para a América Latina do presidente Andrés Manuel López Obrado, Maximiliano Reyes Zúñiga, havia antecipado no Twitter que seu país não romperia relações diplomáticas com a Venezuela: “Autodeterminação dos povos, solução pacífica de controvérsias, não-intervenção, cooperação internacional e respeito, proteção e promoção dos direitos humanos em nossa América Latina e Caribe”, escreveu ele, ao justificar a decisão.
Grupo de Lima 04-01 Uma fonte do governo do México disse à Reuters que o país continuará sendo parte do grupo, mas que prefere manter abertos os canais diplomáticos para ajudar a encontrar uma solução para a crise política na Venezuela.
“Esta declaração tem uma mensagem política contundente: a principal mensagem é, sem dúvida, o não reconhecimento da legitimidade do novo período do regime venezuelano”, disse o chanceler peruano, Néstor Popolizio, ao ler trechos de destaque da declaração do grupo, que se reuniu com a inédita participação dos Estados Unidos.
Apesar de os Estados Unidos não integrarem o Grupo de Lima, o Departamento de Estado anunciou na noite de quinta-feira que Pompeo participaria da reunião por teleconferência a partir de Washington, após viajar ao Brasil para a posse de Jair Bolsonaro e à Colômbia, para encontro com o presidente Iván Duque.
Na visita ao Brasil, Pompeo já havia acertado com o chanceler Néstor Popolizio “incrementar a pressão” sobre o governo de Nicolás Maduro com o objetivo de restaurar a “democracia e a prosperidade” na Venezuela. Bem como o Brasil, cujo novo governo prometeu atuar de forma dura (e integrada com os EUA) contra Venezuela, Cuba e Nicarágua, o secretário de Estado americano exaltou o compromisso da Colômbia contra Maduro.
O Grupo de Lima, criado em 2017 para pressionar pela democratização da Venezuela, é integrado por Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Guiana e Santa Lúcia.
Fonte: O Globo