O cantor Genival Lacerda, um ícone da música nordestina e brasileira, faleceu nesta quinta-feira (7), após complicações causadas pela covid-19.
Aos 89 anos, ele deu entrada no Hospital Unimed I, no Recife, no começo de dezembro de 2020, precisando de oxigênio. No dia 4 de janeiro, Genival Lacerda apresentou uma piora no quadro de saúde. Na última quarta-feira (6), a família começou uma campanha de doação de sangue para o cantor. Em 2019, o paraibano já havia sido internado no Hospital de Ávila, na Zona Norte do Recife, após sofrer um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVC).
Genival Lacerda Cavalcante nasceu em 5 de abril de 1931. Iniciou sua carreira aos 18 anos de idade. Como muita gente de sua época, ainda na era de ouro do rádio, começou num programa de calouros de Campina Grande, sua terra natal. Com ajuda de amigos que colecionou e diretores da Rádio Borborema, conseguiu compor o casting oficial dessa emissora a partir de 1953.
Ele veio morar no Recife quando participou do aniversário Rádio Tamandaré, em 1955. A sua apresentação impressionou tanto que o fez ser contratado pela emissora, que era do mesmo grupo do Diario de Pernambuco tinha uma programação voltada para entretenimento. Foi quando qanhou o título de “dono do rojão.” Foi através da influência da capital pernambucana que ele expandiu sua popularidade por toda a região Nordeste.
“É um cantor que não fica parado junto ao microfone, quando está cantando. Tem jogo de corpo, gesticulação e muita malícia, o que agrada inteiramente aos que assistem”. Essa foi a descrição que o Diario de Pernambuco, em 24 de abril de 1955, usou para explicar quem era um paraibano chamado Genival Lacerda pela primeira vez. Características que seguiram com músico até o final da vida, mesmo quando idoso, na casa dos 80.
Somavam-se as roupas coloridas, chapeuzinho e a mão na barriga enquanto cantava e dançava, mania que incorporou ainda na Paraíba. A irreverência e o talento ficam na memória do público. Para a música, o “Rei da Munganga” deixou um legado para o forró, baião, xote e rojão. Lacerda lançou cerca 30 discos lançados, colecionou parcerias com nomes de expressão na cultura nordestina, como Dominguinhos e Marinês.
Em 1956, gravou o seu primeiro compacto, Coco de 56, através da Fábrica Mocambo. Na década de 1960, seguindo os passos de tantos nordestinos, foi morar no Rio de Janeiro, onde ganhou menção honra num concurso de música popular do Correio da Manhã e e passou a cantar na Rádio Mauá. Gravou LPs nas gravadoras Caravelle, Continental, Polydor, entre outras. Sua popularidade só cresceu com passagens por estúdios de TV, rádio e salões de concertos. O título de “dono do rojão” evoluiu para “Senador do rojão”. Todo ano ele juntava músicos e partia para uma jornada de shows em todo o Nordeste, tendo Pernambuco como “quartel-general”.
O sucesso nacional foi consagrado mais tarde, em 1975, com Severina Xique-Xique, uma faixa do disco Aqui tem catimberê que fez Lacerda vender mais de 160 mil discos. O sucesso ficou marcado por forró malicioso, de duplo sentido, e porque não safado – uma característica que não é restrita à “nova geração” do forró eletrônico/estilizado. Nessa época ficou conhecido como o Rei da Muganga.
Em 1987 gravou com grande sucesso o LP A fubica dela, pela RCA, com arranjos e regência de Sivuca, além da participação desde músico com Dominguinhos no acordeom e Coronel, integrante do Trio Nordestino na zabumba. Em 1999, participou do disco Marinês e sua gente – 50 anos de forró, cantando ao lado de Marinês, e o Forró do beliscão, de Ary Monteiro, João do Vale e Leôncio.
Em 2000, lançou, pela gravadora CID, o CD Genival Lacerda ao vivo, contando com as participações especiais de Dominguinhos e de Oswaldinho do Acordeon. Em 2004, por ocasião da comemoração de seus 50 anos de carreira, Genival foi homenageado juntamente com a cantora Clemilda, durante o IV Fórum de Forró de Aracaju, no Teatro Atheneu.
Fonte: Diário de Pernambuco