Exposição de pinturas amazônicas de ex-interno do CDPM2 está aberta ao público na Defensoria Pública do Estado

Parceria entre DPE-AM e Seap promove exibição de obras de 1º a 9 de outubro no anexo da sede da Defensoria, na Avenida André Araújo, Aleixo 

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) e a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) realizaram nesta quarta-feira (30) o lançamento da exposição de telas com temas amazônicos criadas pelo ex-interno do Centro de Detenção Provisória Masculino 2 (CDPM2), Oriney Bezerra Lira, 34, que assina as obras como ‘Oriney da Amazônia’.

As obras estarão expostas ao público no anexo da sede da DPE-AM, na Avenida André Araújo, 679, Zona Centro-Sul de Manaus, de 1º a 9 de outubro, de 8h às 14h. As visitas serão agendadas por meio de um link disponível em banner na página principal no site da Defensoria – http://exposicao.agendadpeam.com/home/.

Por medida de segurança, o número de visitantes será limitado a dez pessoas por hora. A exposição deve seguir, posteriormente, para outros órgãos públicos, em cronograma ainda a ser definido. As obras expostas não estão à venda. Mas Oriney está aberto a pedidos de encomenda.

Para Oriney, a paixão pela Amazônia e o talento artístico nato representam uma passagem para uma vida nova. Nos dez meses em que esteve preso, o pintor teve seu dom reconhecido ao pintar mais de 50 quadros e paredes do presídio com temas amazônicos e conquistou uma oportunidade de transformação social com a parceria entre a Defensoria Pública e a Seap.

O defensor público geral do Estado, Ricardo Paiva, afirmou, durante o evento, que a exposição das obras faz parte de um projeto social da instituição, que tem como finalidade abrir espaço para que internos, ex-internos e ex-internas do sistema prisional do Amazonas tenham a oportunidade de mostrar seu trabalho. “O dia de hoje estabelece um marco para a Defensoria, quando a instituição abre suas portas para mostrar que todos merecem uma segunda chance e que a ressocialização é possível quando se tem oportunidade”, disse.

Emocionado, Oriney agradeceu a oportunidade e falou sobre a ajuda que recebeu do diretor da unidade prisional, Jean Carlo Silva de Oliveira, que, ao ver um macaco esculpido em um pedaço de isopor reciclado, perguntou do que precisaria para pintar algumas telas, comprou o material e prometeu que fariam uma exposição.

“Quando eu estava fazendo os quadros, veio a pandemia. Pensei: e agora? Mas continuei fazendo. Teve gente que me chamou de louco e hoje estamos vendo se realizar essa exposição porque acreditamos e continuamos acreditando. Há dentro dos presídios muitas pessoas trabalhando para ter uma vida diferente aqui fora. Isso é real. Vamos acreditar, que isso vai tirar muitas pessoas do mundo crime”, disse Oriney.

O defensor público Theo Eduardo Costa, coordenador do Núcleo de Atendimento Prisional (NAP) e um dos idealizadores da exposição, também ressaltou o papel importante do diretor do presídio ao guiar Oriney na trajetória e conseguir identificar dentro das celas as pinturas feitas só com cinco cores que o ex-interno conseguiu transformar em obra de artes e afirmou a missão da Defensoria de atuar em conjunto pela ressocialização de pessoas como o pintor.

“A Defensoria não pode ficar restrita aos autos e tem que atuar como agente de transformação social para que a sociedade possa ver e reconhecer pessoas como o Oriney, para que, quando saiam para a sociedade, possam ter um trabalho digno”, afirmou o defensor.

O diretor do CDPM2, Jean Carlo, agradeceu, em nome da Seap, pelo espaço pra mostrar o quanto é importante ressocializar os internos que se encontram nas unidades prisionais.

“A Seap tem um compromisso muito grande trazer a reaplicação aos encarcerados, de buscar algum talento, algo que possa ser usado em benefício deles. Que o Oriney possa, com isso, ter uma oportunidade e realmente conseguir se manter com seu talento e trazer uma mudança de vida para ele. O grande foco é mostrar que dentro do sistema há pessoas que, se for dada oportunidade, podem fazer a diferença aqui fora na vida delas e das pessoas que as cercam”, concluiu.

Fotos: Clóvis Miranda/DPE-AM