Em roda de conversa pelo Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, defensor falou sobre cidadania e direitos
O defensor público Roger Moreira, da Defensoria Pública Especializada na Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, destacou nesta quarta-feira, 19, a implementação de uma política pública permanente destinada à população de rua no Amazonas. Moreira participou de uma roda de conversa com pessoas em situação de rua, realizada no Centro de Referência para População de Rua – Centro Pop – no Petrópolis, Zona Sul de Manaus, como parte da programação do Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua.
“O que a pandemia nos trouxe foi a oportunidade de sair do improviso e criar uma estrutura permanente destinada à população de rua, para se profissionalizar e se antecipar, deixando de trabalhar de forma apenas emergencial”, afirmou o defensor Roger Moreira.
O defensor também falou sobre a importância da população de rua conhecer seus direitos, se organizar para lutar por políticas públicas e adquirir a mentalidade de que não se trata de favores, e sim de direitos. “É importante tomar conhecimento de que há um canal para exigir seus direitos, que é a Defensoria Pública”, afirmou Roger Moreira.
Durante a roda de conversa, o defensor explicou o papel da Defensoria na defesa dos Direitos Humanos e dos vulneráveis, como as pessoas em situação de rua, argumentando sobre a necessidade dessa população ganhar visibilidade. Ele também tirou dúvidas dos participantes sobre direitos e cidadania.
Dúvidas
Por que não há albergue permanente para população de rua em Manaus? Se eu for agredida dentro de um órgão público, tenho direitos? Por que não consegui tirar meu título de eleitor? Esses foram alguns questionamentos feitos pelos participantes da roda de conversa que receberam orientações do defensor público e de colaboradores do Centro Pop e da Prefeitura de Manaus.
Daniel Silva do Nascimento, 40, participou ativamente do debate e questionou a ausência de políticas públicas de habitação mais efetivas. Vivendo em situação de rua desde os 18 anos, quando foi expulso de casa pela família por ser homossexual, Daniel diz que segue buscando uma possibilidade de moradia.
“Se estamos na rua, não é porque queremos. A culpa é principalmente nossa, claro, mas é também do Estado, que não nos dá condições de moradia. Estamos na rua, mas não queremos continuar”, concluiu.
Fotos: Clóvis Miranda/DPE-AM