Prefeito de Manaus lamenta a morte Emerson Maia, artista e grande defensor da Amazônia

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, lamentou profundamente a morte do cantor e compositor Emerson Maia, um grande ícone na história do Festival Folclórico de Parintins. O artista estava internado para tratamento de uma cirrose hepática, no Hospital Universitário Getúlio Vargas, em Manaus, mas acabou falecendo por complicações respiratórias, na madrugada desta sexta-feira, 14/8.

 

Para o prefeito, a morte de Emerson é uma grande perda para o Amazonas, não só por sua arte, mas principalmente por seu ativismo em defesa da Amazônia. O prefeito lembrou que um dos seus maiores sucessos, “Lamento de Raça”, foi um alerta antecipado sobre um problema ambiental vigente nos dias de hoje, trazendo trechos de mensagens como: “a Amazônia está queimando”.

 

“Émerson Maia, ícone da nossa música popular, que é a toada, passou para o plano superior. Foi um dos grandes criadores de toadas para a tradicional Ópera na Floresta, que é o Festival de Parintins. Há 25 anos ele alertou para as queimadas e derrubadas na Amazônia em o ‘Lamento da Raça’. Nem sei se Emerson, que morreu por causa da Covid-19, sabia do efeito das suas palavras. Enorme contribuição à defesa dos rios, da floresta, da flora e da fauna e principalmente a cultura do nosso estado. Saudades do poeta e cantor”, disse o prefeito de Manaus.

 

Arthur Virgílio Neto enfatizou ainda que a obra de Emerson Maia reafirma uma luta de décadas na região de combate as queimadas e a destruição da floresta. Um dos maiores defensores da Amazônia no país e crítico ferrenho do que ele chama de “desastrosa” política ambiental do governo Bolsonaro, Arthur destacou que essa perda chama mais uma vez a atenção para a necessidade urgente de ações enérgicas em defesa da região.

 

“Ver a Covid-19 levar a vida de uma pessoa que através de sua arte sempre lutou em defesa da Amazônia e seus povos, retrata bem esse descaso que vivemos hoje. Os habitantes do nosso interior, juntamente com os índios, morrem por não contar com uma verdadeira assistência. As queimadas, o desmatamento e o garimpo avançam sobre a floresta, e o presidente Bolsonaro afirma que isso é uma mentira, contradizendo estudos científicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe. Nunca imaginei que veria um presidente incentivar a destruição da região mais estratégica do mundo, destruindo vergonhosamente a nossa biodiversidade e imagem do Brasil perante o mundo”, desabafou Arthur Virgílio.

 

Além de compositor de todas clássicas do Festival de Parintins como “Lamento de Raça”, “Rio Amazonas” e “Pura Harmonia”, Emerson Maia também foi levantador e amo do Boi-Bumbá Garantido e faleceu aos 66 anos

 

SOS Amazônia

 

O prefeito de Manaus teve uma grande influência na criação da campanha SOS Amazônia durante o período mais crítico da pandemia do novo Coronavírus, em Manaus.

 

Utilizando de toda a sua experiência como diplomata ele remeteu cartas, juntamente com material em vídeo, às embaixadas de países ricos do G-20, solicitando que enviassem algum tipo de ajuda para o Amazonas enfrentar os efeitos da pandemia, que naquele momento colocavam a saúde do Estado em colapso.

 

O apelo foi estendido a ambientalista sueca Greta Thunberg, que juntamente com representantes de diferentes países que compõem o movimento Friday for Future também foram protagonistas da campanha “SOS Amazônia”, para chamar a atenção do mundo à região e aos povos tradicionais que padecem de assistência, ainda mais nesse período.

 

Greta usou toda sua influência para dar voz ao apelo do prefeito de Manaus e chegou a gravar um vídeo, juntamente com outros ativistas do movimento Friday For Future, enfatizando o pedido de ajuda junto aos líderes globais e a milhares de pessoas mundo a fora. O vídeo relatou a situação da pandemia no Amazonas e trouxe como mensagem principal, “Salvem a Amazônia”.

 

Após o apelo, a França destinou recursos na ordem de €$ 500 mil, aproximadamente R$ 3 milhões, para serem investidos no fortalecimento de ações de enfrentamento à pandemia nas áreas de assistência social e saúde.

 

Outros países também aderiram à campanha “SOS Amazônia” e colaboraram com o enfrentamento da Covid-19 na região. Foram eles: Bélgica, Taiwan, Alemanha e Estado Unidos.