A prática do ciclismo na capital amazonense voltará aos tempos áureos com a inauguração do Velódromo de Manaus, previsto para ser entregue pelo prefeito Arthur Virgílio Neto no próximo mês de setembro. As obras já alcançam 70% de execução e, além da pista de ciclismo, contemplam também a criação de uma quadra de tênis, bicicletário e prédios administrativos, onde devem funcionar as sedes das federações estaduais de ciclismo e tênis.
“Literalmente, mas também com tom metafórico, sempre lutei pelo esporte. Além do jiu-jitsu, sempre tive o costume rotineiro de usar a bicicleta. E, ao longo dos últimos sete anos, junto com minha equipe, sempre busquei formas de incentivar o esporte, seja no seu alto nível, com atletas profissionais, ou na base, proporcionando aos bairros periféricos da capital espaços para a prática esportiva. O velódromo vem para coroar todo esse trabalho”, destacou o prefeito Arthur Neto.
O novo espaço dedicado aos ciclistas está localizado no conjunto Aruanã, bairro Compensa, zona Oeste, e coloca Manaus no rol das poucas cidades brasileiras aptas a receber competições na modalidade. A área da pista é de 1.859 metros quadrados e tem inclinação de 1% na pista de aceleração e de 18% a 36% na de corrida, sendo 18% nas retas e 36% nas curvas.
Segundo o diretor técnico da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), Marco Antonio Barbosa, o novo velódromo vem para fortalecer a prática do esporte na região, sobretudo com a possibilidade de criação de escolas para a modalidade. “A pista poderá atender tanto as competições locais, de nível municipal, como regionais. Mas, sem dúvida, o principal ganho será no fortalecimento de ações educativas e recreativas, priorizando o desenvolvimento da base, que será o futuro do ciclismo, com jovens de 12 a 18 anos, como uma eventual copa de bairros de ciclismo de pista”, explicou.
No local, os esportistas também vão usufruir de bicicletário, vestiários masculino e feminino, e seus torcedores vão dispor de duas arquibancadas, sendo uma para cada modalidade, além de banheiros. A acessibilidade para pessoas que utilizam cadeiras de rodas estará garantida com a construção de rampas de acesso.
“O prefeito Arthur Virgílio tem feito obras que são usuais à população e legados que ultrapassam a gestão. Nessa etapa do velódromo, estão sendo construídas as muretas de contenção da pista de ciclismo e também da quadra de tênis, já com os prédios administrativos consolidados”, disse o diretor-presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), Cláudio Guenka, completando que o projeto agrega, ainda, paisagismo, recapeamento das ruas paralelas e ciclofaixas com acesso para avenida Brasil, uma das principais vias da zona Oeste de Manaus.
“Depois de muito tempo, um gestor olhou com carinho para o segmento de ciclismo na nossa cidade. O velódromo está aí para ressaltar a importância desse esporte na formação das pessoas, na formação dos jovens da categoria de base, na formação de caráter das pessoas que já praticam o ciclismo de forma habitual. É um legado importantíssimo para a cidade, porque vamos fazer aqui escolinhas de ciclismo, apresentar uma modalidade nova para a cidade. Sem falar que a federação vai ter uma sede própria, isso é inédito também”, reforçou o presidente da Federação de Ciclismo Amazonense (Feciclam), Juliano Macanoni.
Ele também disse que com a construção de uma quadra de tênis comunitária integrada à pista de ciclismo existe a intenção de que a federação de tênis tenha sede no espaço.
Resgate histórico
O primeiro velódromo de Manaus foi construído em 1899, na praça Visconde do Rio Branco, bairro Cachoeirinha, por comerciantes locais que haviam conhecido o primeiro do país, em São Paulo, cuja estrutura oficial foi inaugurada em 1905. Posteriormente, foi lançado o velódromo Álvaro Maia, na mesma estrutura do primeiro, em 1944, sob outra gestão, que seguiu com atividades até 1950, quando o esporte perdeu força na capital.
Na época, início do século 20, Manaus passava pelo seu principal momento econômico e de urbanidade e necessitava de momentos de divertimento, como destacou o presidente do Clube Administrativo Esporte e Cultura, Rildo Heros. “Nesse momento da construção do velódromo, Manaus era considerada a “Paris dos Trópicos”. A cidade, no final do século 19 para 20, fervilhava de novidades, vivia o auge do ciclo da borracha. Existia uma febre de transformações na cidade, havia uma revolução de hábitos e costumes”, relembrou.
As corridas ciclistas na cidade eram realizadas na rua, no que se entendia como Circular Amazonas, que seguia os trilhos do bondinho que existia no período áureo da borracha. Pode-se dizer que essa atividade deu início à ideia de se construir um local apropriado para a prática do esporte, como informavam os jornais da época.
Após 70 anos, a construção do Velódromo de Manaus reacende a história do ciclismo na capital do Amazonas, como defendeu Gil Machado, que trabalha há 30 anos com o ciclismo amazonense, principalmente esporte de competição. “Eu vislumbro muito a escola de ciclismo, novos talentos. Então, só vejo com bons olhos e gratidão. A partir da inauguração, passaremos a ter uma referência de local onde se poderá aprender ciclismo de competição ou ciclismo de pista ou ciclismo de estrada. Será um grande ‘up’ para a região Norte”, comentou.